Impõe-se o reconhecimento do Estado da Palestina

Por iniciativa da bancada comunista, a Assembleia da República discutiu, no dia 11, o reconhecimento do Estado da Palestina pelo Governo português, tendo sido votado o projecto de resolução apresentado pelo PCP, que foi rejeitado com os votos contra de PSD, CH, IL e CDS, e abstenção do PS.

Reconhecimento do Estado da Palestina seria «sinal político de grande importância contra o genocídio»

Na sua intervenção, Paulo Raimundo sublinhou que o Parlamento tem a obrigação de cumprir os preceitos constitucionais e defender os princípios plasmados na Carta da ONU e no direito internacional e que, apesar do reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal, por si só, não resolver a situação dramática vivida na Palestina, constituirá «um sinal político de grande importância contra o genocídio».

Apesar das falácias, é «inevitável»

Paulo Raimundo classificou a decisão do reconhecimento do Estado da Palestina como «inevitável», apesar da sua recusa por parte de sucessivos governos portugueses decorrente, no fundamental, de duas falácias: por um lado, que a decisão de Portugal deve estar dependente da UE (isto quando, lembrou, vários Estados-Membros já decidiram pelo reconhecimento); por outro, que o reconhecimento depende das opções e caminhos que o povo palestiniano tomar, numa «clara confusão entre reconhecimento, ingerência e colonialismo».

Paulo Raimundo saudou a presença da embaixadora da Palestina, Rawan Sulaiman, que assistiu ao debate, pedindo-lhe desculpas por «algumas das coisas que foram [ali] ditas» – numa sessão marcada por deturpações e afirmações contra o direito do povo palestiniano a um Estado da Palestina livre e independente.

«Governo, escuta…»

À hora da discussão, fora do Parlamento, realizou-se um acto público pelo reconhecimento do Estado da Palestina, promovido por CPPC, CGTP-IN, Projecto Ruído e MPPM.

A acção decorreu sob o fervor de diversas palavras-de-ordem – desde as mais habituais, como «Palestina vencerá», a novas expressões, como «Governo, escuta, voltamos a dizer, o Estado da Palestina é para reconhecer».

Ao longo do acto, os participantes seguraram uma gigantesca bandeira palestiniana, não desarmando até terminar a discussão.

UE em foco

No dia 10, a AR debateu as prioridades da presidência dinamarquesada UE e da Cooperação Estruturada Permanente (CEP) de âmbito militar.

Sobre os dois, Paula Santos criticou as opções belicistas a que a União Europeia se associa (como os cinco por cento do PIB para a guerra), bem como a sua cumplicidade com o genocídio na Palestina. Em relação à CEP – mecanismo de cooperação de âmbito militar entre alguns dos Estados-Membros da UE – a deputada do PCP afirmou que as Forças Armadas Portuguesas «não são um batalhão da NATO ou da UE», necessitando de uma modernização que passa longe das imposições da UE.

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Regiões autónomas

A AR aprovou, no dia 11, um projecto de lei do PCP em defesa dos madeirenses e açorianos no acesso ao subsídio social de mobilidade (SSM). A iniciativa contou com os votos contra de PSD e CDS. No projecto, os comunistas defendem um modelo de SSM – reembolso assegurado pelo Estado nas deslocações aéreas entre os...

Viticultores do Douro

O Parlamento rejeitou, no dia 11, um projecto de resolução do PCP que instava a AR a recomendar ao Governo a adopção de uma política que defendesse os viticultores do Douro, alvo de constantes dificuldades – a que se somam o anúncio, em Abril, de que as casas exportadoras iriam deixar de comprar uvas a centenas de...

Respeitar as vítimas

No dia 10, os deputados debateram iniciativas no sentido de tornar públicos os crimes de violação e outros contra a liberdade sexual, em relação às quais o PCP se absteve pois, como esclareceu Paula Santos, a classificação tenderia a desrespeitar a vontade da vítima, que deve ter o direito a não ser exposta. A deputada...

Acesso a partituras

No dia 11, a AR discutiu alterações ao Código do Direito de Autor, incluindo de uma proposta do PCP – rejeitada por PSD e CDS, com abstenção de CH e IL – que defendia (como já fora aprovado na Legislatura anterior, tendo caducado) a garantia de que o ensino especializado de música não fosse abrangido pela cobrança de...

Violência obstétrica

A AR discutiu, no dia 11, propostas referentes à Lei n.º 33/2025, que definiu o conceito de “violência obstétrica”, assegurando direitos no parto e pós-parto. Em particular, destaca-se a intenção do CDS de revogar esta lei – proposta que, entretanto, baixou à comissão, sem votação. Sobre o assunto, Paula Santos...