Jerónimo de Sousa e Francisco Lopes nos piquetes

Apoio activo e solidário


 

Piquetes com forte participação

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Legenda: No Metro, onde a adesão foi total, o líder comunista e Francisco Lopes expressaram aos trabalhadores o apoio do PCP

Jerónimo de Sousa e o candidato presidencial Francisco Lopes estiveram presentes em piquetes de greve onde levaram palavras solidárias e de forte incentivo. Esta foi uma das expressões do envolvimento e do activo apoio do PCP à Greve Geral e aos trabalhadores em luta.

Às primeiras horas, as impressões e dados por si recolhidos junto de alguns piquetes, como a reportagem do Avante! também pôde constatar, desenhavam já o que factos posteriores viriam a confirmar: estava-se perante uma grande Greve Geral.

Nas oficinas dos Serviços Municipalizados de Loures, onde chegou por volta das onze e meia da noite, o Secretário-geral do PCP recebia a informação de que nenhum dos habituais 25 a 30 carros de recolha de lixo saíra das instalações e que dos cerca de cem trabalhadores que deviam ter iniciado o turno apenas nove o tinham feito. Na última greve, chegaram a ser oito as viaturas a furar a greve. Trocando telefonemas, novas informações iam chegando aos delegados e dirigentes sindicais: «em Lisboa só saiu um carro»; «na Amadora não saiu nenhum», ouvia-se.

«Tendo em conta a campanha de chantagem e de desvalorização, de “não vale a pena”, de inutilidade da greve, esta é já uma vitória, uma afirmação corajosa de dignidade dos trabalhadores que não aceitam este princípio do “come e cala”, é o prenúncio de uma grande greve geral», antevia àquela hora o dirigente comunista em declarações aos jornalistas.

Mas não foram apenas razões de ordem geral a concorrer para a fortíssima adesão ali verificada. Aos trabalhadores dos SMAS de Loures não faltam motivos para estar descontentes e indignados. É que a autarquia PS, na sua desastrosa gestão, tem vindo sucessivamente a retirar direitos e benefícios. João Coelho, dirigente do STAL, referiu ao nosso jornal que depois de ter cessado o suplemento de leite, e, posteriormente, ter acabado com o transporte dos trabalhadores, a última medida que a câmara decidiu tomar - «e que se vai sentir já a partir do vencimento de Dezembro», frisou – foi a de eliminar o «subsídio de deslocação».

Ambiente de grande determinação, unidade e confiança no êxito da greve fomos observar igualmente no Metro. Na Central de Circulação e Energia, coração do sistema, no centro da capital, pouco depois da meia-noite, elevava-se a duas centenas o número de trabalhadores presentes no piquete. Também ali pela voz de Jerónimo de Sousa e de Francisco Lopes chegou a mensagem clara de apoio aos que, resistindo às ameaças e à prepotência, não calam o seu grito de indignação e revolta contra as injustiças, por uma nova política.

Dos contactos com os trabalhadores nas últimas semanas, da percepção à sua vontade e estado de espírito, Diamantino Lopes, da Fectrans, não escondeu ao Avante! a sua convicção de que esta poderia «ser a maior greve de sempre no Metro, contando inclusivamente com a adesão técnicos superiores». Disso era testemunho, aliás, a adesão total dos onze trabalhadores que preenchiam aquele turno entre as zero e as oito horas na Central, como de todos os restantes trabalhadores nas oficinas da Pontinha e de Calvanas.

Amável Alves, da Comissão Executiva da CGTP-IN, compartilhando da mesma confiança, com base nos dados e indicadores já na sua posse, adiantou-nos que tudo converge para que no sector dos transportes esta seja «uma grande Greve Geral», com muitas empresas a paralisarem a cem por cento.

 

Legenda1: No piquete de greve à porta do call-center da PT, Jerónimo de Sousa e Francisco Lopes manifestaram a sua solidariedade com os jovens precários em luta

 

Exigir a mudança!

 

Francisco Lopes iniciou a sua jornada nas instalações da Autoeuropa, em Palmela, empresa que decidiu parar as linhas de montagem face à grande adesão dos trabalhadores à greve geral. «Esta é uma "confissão" antecipada, por parte da administração da empresa, do êxito da luta», comentou, num encontro com o piquete de greve, que, entre a chuva e o frio que se fazia sentir, mostrava-se confiante e muito unido.

A duas horas do início «oficial» da greve geral, que se previa, e que acabou por o ser, um «grande êxito», o candidato à Presidência da República salientou ainda que esta «é uma afirmação inequívoca da força de milhões de trabalhadores, em todo o País, numa situação de pressão e de chantagem, custeando, com o seu salário, a paralisação». «Esta greve tem uma expressão com mais significado para o futuro do que muitos poderiam supor», acrescentou.

Antes da meia noite, Francisco Lopes acompanhou a chegada do último barco da Transtejo que atracou em Cacilhas (Almada). «Esta é uma greve geral que, sendo diferente de outras, que tinham apenas um objectivo, consubstancia os objectivos de protesto pelo rumo contra o desastre, as injustiças sociais, o desemprego, o empobrecimento dos trabalhadores, os cortes dos apoios sociais, que está a levar ao afundamento de Portugal. Estamos numa fase em que, desde o fascismo, não havia uma situação destas», frisou.

Nove horas depois, com uma passagem pelos trabalhadores do Metro, Francisco Lopes e Jerónimo de Sousa visitaram dois piquetes de greve instalados à porta da Segurança Social - onde «em 500 trabalhadores apenas entraram ao serviço meia dúzia» - e do call-center da PT, ambos no Areeiro. «A voz que milhões de trabalhadores portugueses fazem soar nesta greve é também a voz que devem colocar no seu voto no dia 23 de Janeiro de 2010. A minha candidatura assume-se como a expressão do descontentamento, da exigência, da mudança e da construção do futuro», disse o candidato do PCP.



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