Profissionais da mentira

«Já ouvi dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca fa­lámos disto e é um dis­pa­rate». A frase é do agora pri­meiro-mi­nistro, Passos Co­elho, e foi por si es­crita numa das redes so­ciais no dia 1 de Abril, era então ainda – apenas – líder do PSD.

Foi uma de um con­junto de dez «pé­rolas» de teor mais ou menos igual re­cor­dadas no de­bate pelo de­pu­tado co­mu­nista An­tónio Fi­lipe. Men­tiras des­ca­radas pro­fe­ridas com pleno à-von­tade a mos­trar como na boca do pri­meiro-mi­nistro pa­la­vras como «rigor», «res­pon­sa­bi­li­dade» e «ver­dade» – e a elas muito re­correu neste de­bate do OE – são tudo menos para levar a sério. O des­cré­dito, afinal, de quem diz uma coisa antes das elei­ções para logo a se­guir a estas fazer outra.

Eis ou­tros dos mimos es­critos com a as­si­na­tura de Passos Co­elho no fa­ce­book e no twiter, de onde pa­rece andar agora mais ar­re­dado, que An­tónio Fi­lipe levou à câ­mara:

10 de Junho: «Nin­guém nos verá a impor sa­cri­fí­cios aos que mais pre­cisam; os que mais têm terão de ajudar os que têm menos».

12 de Maio: «Es­cusam de vir agitar men­tiras; o PSD quer que as pes­soas sejam tra­tadas como me­recem, seja na aérea pú­blica seja na pri­vada».

10 de Maio: «Para sal­va­guardar a co­esão so­cial pre­firo onerar os es­ca­lões mais altos do IRS e de­so­nerar a classe média e baixa».

5 de Maio: «Por­tugal não pode ter 700 mil de­sem­pre­gados».

2 de Maio: «Se formos go­verno posso ga­rantir que não será ne­ces­sário des­pedir pes­soas nem cortar mais sa­lá­rios para sa­near o sis­tema por­tu­guês».

2 de Abril: «O PSD chumbou o PEC IV porque tem que dizer basta; a aus­te­ri­dade não pode in­cidir sempre no au­mento de im­postos e no corte de ren­di­mentos».

30 de Maio: «A ideia que se foi ge­rando de que o PSD vai au­mentar o IVA não tem fun­da­mento».

24 de Março: «A pior coisa é ter um go­verno fraco; um go­verno mais forte im­porá menos sa­cri­fí­cios aos con­tri­buintes e aos ci­da­dãos».

Uma úl­tima frase: «Como é pos­sível manter um go­verno em que o pri­meiro-mi­nistro mente?».

«É esta sua per­gunta que lhe de­volvo: como é pos­sível manter um go­verno em que pri­meiro-mi­nistro mente?», in­ter­rogou-se An­tónio Fi­lipe, sem obter res­posta.



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