Fortes adesões na Educação

Dia sem aulas

Cen­tenas de mi­lhares de alunos não ti­veram aulas

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A greve geral teve, dos pro­fes­sores, edu­ca­dores e in­ves­ti­ga­dores, «uma forte adesão» que, «em muitos casos, su­pera os va­lores ve­ri­fi­cados há um ano». A Fen­prof in­formou, ao início da tarde de dia 24, que o nú­mero de es­colas en­cer­radas era «muito ele­vado o que, in­clu­si­va­mente, im­pede que, com rigor, se possa, du­rante o dia de hoje avançar com uma per­cen­tagem». O co­mu­ni­cado in­cluía uma lista com cerca de duas cen­tenas de es­colas en­cer­radas ou sem aulas, a tí­tulo de exemplo (mais in­for­mação seria pu­bli­cada pelos sin­di­catos nos res­pec­tivos sites), e si­tuava entre 60 e 85 por cento os ní­veis de adesão nas es­colas onde fora pos­sível apurar in­for­mação. «Nas prin­ci­pais ci­dades, de Norte a Sul, pra­ti­ca­mente não houve aulas, sendo as es­colas se­cun­dá­rias as que, cla­ra­mente, são mais afec­tadas pela forte adesão de do­centes e tra­ba­lha­dores não do­centes», re­sumia a fe­de­ração.

A Fen­prof afir­mava, por outro lado, que no En­sino Su­pe­rior se re­gis­tava «uma grande adesão» à greve geral e que «pra­ti­ca­mente não há aulas e esta é, se­gu­ra­mente, uma das mai­ores greves de sempre dos pro­fes­sores do En­sino Su­pe­rior e in­ves­ti­ga­dores». «Entre muito exem­plos», re­feriu fortes ade­sões no Ins­ti­tuto Su­pe­rior de En­ge­nharia de Lisboa, nas fa­cul­dades de Ci­ên­cias, Le­tras, Ar­qui­tec­tura, Ci­ên­cias da Edu­cação e Psi­co­logia da Uni­ver­si­dade do Porto, no Ins­ti­tuto Su­pe­rior Téc­nico, na Uni­ver­si­dade do Al­garve, nas fa­cul­dades de Ci­ên­cias e Far­mácia da Uni­ver­si­dade de Lisboa, no pólo de Ci­ên­cias So­ciais e Hu­manas da Beira In­te­rior, na Fa­cul­dade de Ci­ên­cias So­ciais e Hu­manas, no ISCSP da Uni­ver­si­dade da Ma­deira, no pólo de Ci­ên­cias e Tec­no­logia da Uni­ver­si­dade de Évora, na Uni­ver­si­dade de Aveiro e na Uni­ver­si­dade do Minho.

 

Ma­ni­pu­lação

 

«Seria digno de re­gisto no livro de re­cordes que apenas 1,5 por cento dos tra­ba­lha­dores da Edu­cação con­se­guissem en­cerrar muitas cen­tenas de es­colas em todo o País» ou que, «se por­ven­tura ti­vessem es­tado ao ser­viço 98,5 por cento dos tra­ba­lha­dores da Edu­cação, cen­tenas de mi­lhares de alunos não ti­vessem aulas» co­mentou a Fen­prof, a pro­pó­sito das in­for­ma­ções que o Go­verno tornou pú­blicas dia 24.

Numa pri­meira in­for­mação, às 11.30, a di­recção-geral da Ad­mi­nis­tração e do Em­prego Pú­blico de­clarou uma taxa de adesão de 3,6 por cento. Às 18 horas subiu-a para 10,48 por cento, in­di­cando a Edu­cação como o Mi­nis­tério com menor ín­dice (1,5 por cento).

As im­pos­si­bi­li­dades apon­tadas pela Fen­prof vêm de­nun­ciar «uma in­ten­ci­onal falta de rigor, re­ve­la­dora de uma des­pu­do­rada ma­ni­pu­lação dos nú­meros de adesão à greve geral na Edu­cação, sem ter feito o de­vido le­van­ta­mento junto das es­colas, dos agru­pa­mentos e das ins­ti­tui­ções de En­sino Su­pe­rior».


Fora das messes

 

Na sua es­ma­ga­dora mai­oria (cerca de 85 por cento), os sar­gentos dos três ramos das Forças Ar­madas não com­pa­re­ceram no dia 24 nas messes e uti­li­zaram o pe­ríodo do al­moço para re­flec­tirem sobre os seus pro­blemas. Num co­mu­ni­cado que di­vulgou no dia da greve geral, a As­so­ci­ação Na­ci­onal de Sar­gentos con­gra­tulou-se com tal res­posta e re­alçou a adesão a esta ini­ci­a­tiva, de cerca de 90 por cento, re­gis­tada «nas uni­dades ope­ra­ci­o­nais por ex­ce­lência: bases aé­reas, re­gi­mentos, uni­dades na­vais e uni­dades de forças es­pe­ciais». «Desta forma, sem que a missão fosse posta em causa, os sar­gentos por­tu­gueses de todas as uni­dades a nível na­ci­onal de­mons­traram, com ex­trema ele­vação, dis­ci­plina e sen­tido de servir o País, a sua pro­funda in­dig­nação com as me­didas que o Go­verno pre­tende im­ple­mentar, por serem in­justas e des­pro­por­ci­o­nadas, por trans­for­marem as suas vidas e das suas fa­mí­lias num au­tên­tico in­ferno, mas si­mul­ta­ne­a­mente por des­ca­rac­te­ri­zarem as Forças Ar­madas, pondo em risco a ca­pa­ci­dade ope­ra­ci­onal e os ní­veis de cum­pri­mento das mis­sões cons­ti­tu­ci­o­nal­mente atri­buídas, po­ten­ci­ando o pe­rigo de perda de so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­onal» – afirma a ANS.

«Da maior im­por­tância» foi o facto de mi­li­tares de ou­tras ca­te­go­rias terem também ade­rido. A As­so­ci­ação de Praças fez um apelo se­me­lhante, mas não era co­nhe­cida in­for­mação sobre a adesão.

«Sem des­fa­le­ci­mentos e com re­do­brada con­fi­ança», a «de­fesa da ins­ti­tuição mi­litar» iria pros­se­guir no pas­sado sá­bado, no Fun­chal (de manhã) e em Ponta Del­gada (à noite), sa­li­en­tando a ANS que pela pri­meira vez nestes en­con­tros re­gi­o­nais iriam estar os pre­si­dentes das três as­so­ci­a­ções pro­fis­si­o­nais de mi­li­tares.

 

Hoje de novo

 

A ANS e as as­so­ci­a­ções de ofi­ciais (AOFA) e de praças (AP), cum­prindo a de­cisão acla­mada dia 12, no Ter­reiro do Paço, pelos mais de dez mil par­ti­ci­pantes na ma­ni­fes­tação de mi­li­tares, di­vul­garam um cartaz-apelo con­junto, para dois actos que terão lugar hoje: pelas 14 horas, nas ga­le­rias da As­sem­bleia da Re­pú­blica, di­ri­gentes as­so­ci­a­tivos e ou­tros mi­li­tares vão «tes­te­mu­nhar a apro­vação do iníquo Or­ça­mento do Es­tado para 2012»; a partir das 18 horas, tem lugar uma vi­gília no jardim fron­teiro ao Pa­lácio de Belém, com a qual pro­curam «sen­si­bi­lizar» o Pre­si­dente da Re­pú­blica para não pro­mulgar o OE 2012.

 



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