Braga - A maior de sempre

Greve atingiu todos os sec­tores

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O im­pacto da greve geral em Braga foi sen­tido por todo o dis­trito. A con­cen­tração con­vo­cada pela União de Sin­di­catos de Braga (USB) da CGTP para a tarde da quinta-feira, no centro da ci­dade de Braga, juntou mais de mil pes­soas. Adão Mendes, co­or­de­nador da União de Sin­di­catos de Braga, afirmou ter sido esta «a maior greve geral de sempre, desde o 25 de Abril, no dis­trito». Ao mesmo tempo, cen­tenas jun­taram-se também em Gui­ma­rães, re­pre­sen­tando a mesma força nesta jor­nada de luta.

Nas in­ter­ven­ções pro­fe­ridas em Braga por vá­rios di­ri­gentes sin­di­cais, frente à mul­tidão que não pa­rava de gritar «a luta con­tinua», foram muitas as ex­pres­sões de so­li­da­ri­e­dade para com os tra­ba­lha­dores que fi­zeram greve, ao mesmo tempo que iam sendo di­vul­gados os nú­meros de adesão no dis­trito.  

Du­rante todo o dia foram feitos grandes pi­quetes de greve em vá­rias em­presas, com cen­tenas de tra­ba­lha­dores en­vol­vidos. Desde cedo co­me­çaram a sentir-se os im­pactos da pa­ra­li­sação de al­guns sec­tores, como o caso dos trans­portes ur­banos, tanto de Braga (os TUB), como de Gui­ma­rães (os TUG), com ade­sões de 100%. Mais de trinta mo­to­ristas dos TUB fi­zeram questão de ficar à porta da em­presa em pi­quete desde as 6h30 da manhã, certos, já na al­tura, da pa­ra­li­sação total.

A re­colha de lixo foi também for­te­mente afec­tada por todo o dis­trito, com taxas de adesão a chegar aos 100% igual­mente em Braga e Gui­ma­rães. Os hos­pi­tais de Braga, Bar­celos, Gui­ma­rães e Fafe fun­ci­o­naram apenas com os ser­viços mí­nimos, houve es­colas fe­chadas em todo o dis­trito e vá­rias es­ta­ções dos CTT es­ti­veram en­cer­radas em Braga, com uma taxa de adesão à greve que atingiu os 95%.

Também na Uni­ver­si­dade do Minho a greve geral se fez sentir, com as can­tinas dos dois pólos (Azurém e Gualtar) en­cer­radas, tal como nas IPSS, com forte ex­pressão, como é o caso da AP­PACDM em Braga (nas va­lên­cias de Fraião, Gualtar e S. Lá­zaro), ou o Ins­ti­tuto da Droga e da To­xi­co­de­pen­dência (CAT-Braga), que es­ti­veram en­cer­radas. Os Tri­bu­nais Ju­di­ciais de Fa­ma­licão e Gui­ma­rães re­gis­taram taxas de 80% de adesão, o de Bar­celos de 75% e o de Braga 90%.

Com vá­rios turnos du­rante o dia, onde es­ti­veram sempre pre­sentes pi­quetes de greve, o com­plexo Grundig, em Braga, al­cançou taxas sig­ni­fi­ca­tivas de adesão, num con­texto de grande pressão por parte das en­ti­dades pa­tro­nais. A Delphi (an­tiga Grundig), atingiu os 50%, a Fehst 93,3% e a Bosch os 50% no turno da tarde, com forte ex­pressão no sector da lo­gís­tica e di­versas sec­ções pa­radas. A em­presa me­ta­lúr­gica JADO Ibéria, também em Braga, atingiu 95%. Em Gui­ma­rães, a em­presa têxtil Al­meida e Fi­lhos (ex-Te­arfil) chegou a atingir os 100% de adesão no úl­timo turno e a em­presa de cal­çado ABShoes (que tem, ao todo, 70 tra­ba­lha­dores) viu a pro­dução pa­rada dada a pa­ra­li­sação de toda a linha de corte. O im­pacto da greve geral no sector pri­vado, como são exemplo estas em­presas, foi mo­tivo de grande va­lo­ri­zação por sig­ni­ficar um avanço na to­mada de cons­ci­ência dos tra­ba­lha­dores de que as me­didas gra­vosas que lhes têm sido im­postas, entre elas o au­mento do ho­rário de tra­balho em meia hora diária, quinze dias por ano, visam o au­mento da ex­plo­ração e não o au­mento da pro­du­ti­vi­dade.

 

A luta con­tinua


Foi num am­bi­ente de grande com­ba­ti­vi­dade que a greve geral tomou ex­pressão, pela pri­meira vez, em con­cen­tra­ções na rua.

Du­rante a con­cen­tração em Braga, na Ave­nida Cen­tral, a pro­pó­sito do au­mento da carga ho­rária, foram lem­bradas as im­por­tantes e di­fí­ceis lutas do pas­sado na de­fesa das oito horas diá­rias, tendo saído re­for­çada a con­vicção de que só con­ti­nu­ando a lutar os tra­ba­lha­dores serão ca­pazes de as de­fender.

Ex­pres­sões de so­li­da­ri­e­dade e de luta numa grande greve geral que marcou mais uma ba­talha dos tra­ba­lha­dores do dis­trito de Braga, ou­trora um im­por­tante pólo in­dus­trial no País mas hoje pro­fun­da­mente afec­tado por po­lí­ticas não só rui­nosas como de­sa­jus­tadas às ne­ces­si­dades das micro, pe­quenas e mé­dias em­presas, que trou­xeram con­sequên­cias de­sas­trosas aos ní­veis da pro­dução, re­du­zindo-os subs­tan­ci­al­mente, e que de­sen­ca­de­aram pro­cessos de des­pe­di­mento co­lec­tivo su­ces­sivos, dando lugar a taxas abis­mais de de­sem­prego e pre­ca­ri­e­dade. Um dis­trito que ga­rantiu, nas em­presas, nos lo­cais de tra­balho, nos pi­quetes de greve e nas ruas, que a luta con­tinua.



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