Resistir e lutar
O PCP reafirmou a sua solidariedade e apoio à luta das populações de Trás-os-Montes e Alto Douro pelas linhas férreas da região, nomeadamente pela restauração e reabertura à circulação da Linha do Tua.
Esta posição foi expressa pelo deputado comunista Agostinho Lopes no decurso de um recente debate em torno de uma petição pugnando pela «Defesa da Linha do Tua» e de dois projectos de resolução com idênticos objectivos do Partido Ecologista «Os Verdes» e do BE. Apontando no sentido da requalificação da linha ferroviária Tua-Mirandela-Bragança, os dois diplomas foram chumbados pelos votos contra dos partidos da maioria governamental e do PS, ambos invocando para o efeito a alegada falta de viabilidade económica daquela ferrovia.
Para o PCP, contudo, o que este episódio revela é o mais absoluto desprezo daqueles partidos pelos transmontanos e durienses. Pior ainda, a sua traição a quem naquela região lhes deu o voto, e a quem prometeram uma coisa para depois fazer outra bem diferente.
Por isso Agostinho Lopes não teve pejo em dizer que PS, PSD e CDS-PP «mentem com quantos dentes têm na boca», dando como mais recente exemplo a postura de Passos Coelho que, na oposição, em Maio de 2011 – em plena campanha eleitoral – disse cobras e lagartos do fecho (então anunciado como temporário) da Linha do Corgo, para em Outubro do mesmo ano, cinco meses depois, vir anunciar o seu encerramento definitivo.
«Resta um grito de raiva, indignação e protesto! E a continuação da luta», sublinhou por isso o parlamentar comunista, saudando nos peticionários aquele que considerou ser um «exemplo de resistência, persistência e intervenção cidadã», na continuação da luta pela linhas férreas de Trás-os-Montes e Alto Douro.
A deputada ecologista Heloísa Apolónia, por seu lado, considerou que a Linha do Tua é um património absolutamente singular «a nível local, nacional e internacional», com uma «brutal potencialidade que só o Governo e a EDP não conseguem ver».
«Esta poderá ser a última oportunidade para salvar a Linha do Tua», advertiu, deixando um aviso às bancadas da maioria governamental e do PS: «Ficarão conhecidos como os coveiros do Vale do Tua e do Alto Douro Vinhateiro, que é património mundial».
No debate, o deputado comunista Bruno Dias, relator do processo da petição a favor da restauração e da reabertura da Linha do Tua, lançou também duras críticas à CP por «sonegar» e «omitir» dados sobre a ferrovia que a comissão parlamentar «repetidamente pediu».
«A CP nunca forneceu os elementos que a comissão reiteradamente pediu ao longo de um ano. Houve omissão de dados por parte da empresa, o que demonstra uma falta de respeito para com o Parlamento», denunciou o deputado do PCP, para quem tal comportamento não pode ficar impune.