Oportuna, com resultados e apontada ao futuro

Grande greve geral

A ex­plo­ração não pode ser ba­na­li­zada

Para a CGTP-IN, os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses re­a­li­zaram «uma grande greve geral, com ex­pressão se­me­lhante às greves ge­rais mais re­centes». Con­cre­ti­zada «no mo­mento opor­tuno», ela «já deu muitos re­sul­tados».

Para pu­bli­ca­mente ava­liar a jor­nada de 22 de Março, a Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN re­a­lizou uma con­fe­rência de im­prensa, ao início da noite dessa quinta-feira. No dia se­guinte, a cen­tral emitiu uma sau­dação, re­a­fir­mando que «a luta pros­se­guirá, sem tré­guas, pelo au­mento dos sa­lá­rios, a de­fesa dos di­reitos e da ne­go­ci­ação co­lec­tiva, contra o pa­cote da ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento, o tra­balho for­çado e todas as me­didas de re­tro­cesso so­cial e ci­vi­li­za­ci­onal, que o Go­verno e o pa­tro­nato querem impor a quem tra­balha».

Desde logo foi con­vo­cada uma con­cen­tração de ac­ti­vistas sin­di­cais, para ontem, frente à As­sem­bleia da Re­pú­blica, na al­tura em que a Pro­posta de Lei 46/​XII es­taria em dis­cussão na ge­ne­ra­li­dade no ple­nário par­la­mentar. Foi ainda re­for­çado o apelo à mo­bi­li­zação para a ma­ni­fes­tação na­ci­onal de jo­vens tra­ba­lha­dores, no pró­ximo sá­bado, bem como o em­pe­nha­mento nas pró­ximas co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril e do Dia Mun­dial dos Tra­ba­lha­dores.

No en­contro com os jor­na­listas, o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN saudou todos os tra­ba­lha­dores do sector pri­vado, do sector em­pre­sa­rial do Es­tado e da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, que, «com co­ragem, de­ter­mi­nação e fir­meza, sou­beram ul­tra­passar obs­tá­culos que vá­rias vezes lhes foram co­lo­cados e ade­riram em nú­mero muito sig­ni­fi­ca­tivo a esta greve geral».

Ar­ménio Carlos deixou igual­mente «uma pa­lavra de so­li­da­ri­e­dade para tra­ba­lha­dores e tra­ba­lha­doras que, contra a sua von­tade, não ade­riram à greve geral, mas mesmo assim ma­ni­fes­taram apoio a esta luta que também era deles». A cen­tral conta «que no fu­turo se possam as­so­ciar a ou­tras greves, pela de­fesa dos seus di­reitos e in­te­resses».

A sau­dação de dia 23 foi di­ri­gida aos «muitos mi­lhares de di­ri­gentes e ac­ti­vistas sin­di­cais da CGTP-IN», mas também «de ou­tras es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores, in­cluindo as or­ga­ni­za­ções sin­di­cais não fi­li­adas», as­si­na­lando que «todos, em con­junto e numa pers­pec­tiva de re­forço da uni­dade da acção nos lo­cais de tra­balho, ven­ceram as di­fi­cul­dades, em­pe­nharam-se ab­ne­gada e so­li­da­ri­a­mente no es­cla­re­ci­mento, mo­bi­li­zação e or­ga­ni­zação da greve, assim como na cri­ação e par­ti­ci­pação nos pi­quetes de greve e, dessa forma, deram um con­tri­buto de­ci­sivo para uma grande adesão à greve geral».

A poucas horas do início da greve geral, a In­ter­sin­dical in­formou que a pre­pa­ração da luta foi feita em 300 reu­niões de or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores, 1200 reu­niões e ple­ná­rios de tra­ba­lha­dores, quatro mil con­tactos, vi­sitas e ac­ções de dis­tri­buição de do­cu­mentos em lo­cais de tra­balho, re­sul­tando na apro­vação de dois mil pa­re­ceres, as­si­nados e en­tre­gues na AR, a re­jeitar a Pro­posta de Lei 46/​XII. Re­feriu ainda que ade­riram à greve duas de­zenas de sin­di­catos da UGT ou não fi­li­ados, nestes se in­cluindo o Sin­di­cato dos Ma­qui­nistas.

«Fi­zemos uma grande greve geral, com um en­vol­vi­mento de tra­ba­lha­dores se­me­lhante às que re­a­li­zámos em 2010 e 2011», disse Ar­ménio Carlos, fri­sando que a luta foi di­ri­gida «contra a po­lí­tica que pre­tende ba­na­lizar o de­sem­prego, os des­pe­di­mentos, a pre­ca­ri­e­dade, a re­lação in­di­vi­dual de tra­balho, os baixos sa­lá­rios, a des­re­gu­lação das re­la­ções la­bo­rais». Foram também va­lo­ri­zadas as con­cen­tra­ções e ma­ni­fes­ta­ções, que ti­veram lugar em todo o País, «com de­zenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores, bem como jo­vens, de­sem­pre­gados, re­for­mados e pen­si­o­nistas, e até muitos micro e pe­quenos em­pre­sá­rios».


Com con­sequên­cias

 

«Pe­rante a maior ofen­siva de­sen­ca­deada pelas forças do grande ca­pital eco­nó­mico e fi­nan­ceiro, desde o 25 de Abril, os tra­ba­lha­dores res­pon­deram com uma gran­diosa jor­nada de luta, que teve ele­vada ex­pressão em todo o País», de­mons­trando assim que «existe dis­po­ni­bi­li­dade para alargar e in­ten­si­ficar as lutas, tendo como ob­jec­tivo cen­tral con­cre­tizar uma efec­tiva mu­dança de po­lí­tica».

Na sau­dação, re­alça-se que «a greve geral já deu muitos re­sul­tados». Re­fere-se que «quer na fase de pre­pa­ração da greve, quer du­rante e logo após a sua re­a­li­zação, vá­rias em­presas pro­ce­deram a au­mentos sa­la­riais, atri­buição de pré­mios e ou­tras me­lho­rias das con­di­ções de tra­balho». Se nuns casos houve «o in­tuito de des­mo­bi­lizar» a luta, nou­tras si­tu­a­ções «a adesão dos tra­ba­lha­dores à greve deu mais força à luta e obrigou o pa­tro­nato a ceder».

Esta greve geral foi «con­cre­ti­zada no mo­mento opor­tuno, face à dis­cussão das al­te­ra­ções ao Có­digo do Tra­balho» na AR.

Teve lugar «num quadro muito com­plexo, ca­rac­te­ri­zado por uma brutal de­gra­dação das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e das suas fa­mí­lias», por «uma forte cam­panha ide­o­ló­gica das forças do ca­pital», e por «uma ampla acção con­cer­tada do Go­verno, pa­tro­nato e ou­tras forças ao seu ser­viço». Mesmo assim, «a greve geral mos­trou que os tra­ba­lha­dores e as tra­ba­lha­doras não se re­signam, re­jeitam a po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal e pros­se­guirão o com­bate contra a “aus­te­ri­dade”, o re­tro­cesso so­cial, a re­cessão, a des­va­lo­ri­zação so­cial do tra­balho e o ataque às fun­ções so­ciais do Es­tado».

De­pois de lem­brar que «com a luta», os tra­ba­lha­dores der­ro­taram a pro­posta de lei para impor meia hora por dia de tra­balho gra­tuito e também «im­pe­diram a apli­cação de muitas me­didas, in­ten­tadas pelo pa­tro­nato, para a des­re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios e para pôr em causa ou­tros di­reitos», a CGTP-IN afirma que «pros­se­guindo e in­ten­si­fi­cando a luta, der­ro­ta­remos as pre­ten­sões do pa­tro­nato e do Go­verno ao seu ser­viço».

Para que também o Go­verno ouça a men­sagem de 22 de Março e dela tire con­sequên­cias, a cen­tral de­cidiu pedir uma reu­nião com o pri­meiro-mi­nistro. Ar­ménio Carlos ex­plicou que a In­ter­sin­dical pre­tende exigir de Passos Co­elho «a re­ti­rada das pro­postas de re­visão da le­gis­lação la­boral, na Ad­mi­nis­tração Pú­blica e no sector pri­vado», e «po­lí­ticas eco­nó­micas que pro­movam o em­prego e com­batam a pre­ca­ri­e­dade e o de­sem­prego». Vai igual­mente in­sistir no au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões, par­ti­cu­lar­mente o au­mento do sa­lário mí­nimo na­ci­onal, para 515 euros, uma me­dida que de­verá ser acom­pa­nhada de re­dução dos custos de energia e com­bus­tí­veis e de me­didas para acesso das em­presas a fi­nan­ci­a­mento junto da banca.



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