José Casanova, membro do Comité Central e Director do Jornal «Avante!»

Avante! – papel único e insubstituível

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Na luta que o nosso Par­tido trava todos os dias, pelos seus ob­jec­tivos de cada mo­mento e pelo seu ob­jec­tivo su­premo de cons­trução de uma so­ci­e­dade sem ex­plo­ra­dores nem ex­plo­rados, a im­prensa par­ti­dária – o Avante! e O Mi­li­tante - de­sem­penha um papel de im­por­tância cru­cial.

É através da im­prensa par­ti­dária que o Par­tido faz chegar aos tra­ba­lha­dores e ao povo as suas opi­niões, as suas aná­lises, as suas pro­postas, as suas pa­la­vras de ordem – assim dando com­bate à brutal ofen­siva de de­sin­for­mação or­ga­ni­zada le­vada a cabo pelos media do­mi­nantes, os quais, porque são pro­pri­e­dade do grande ca­pital, fazem do PCP o alvo pre­fe­ren­cial e pri­o­ri­tário dessa ofen­siva.

É através da im­prensa par­ti­dária que os tra­ba­lha­dores e o povo são in­for­mados sobre o que se passa no País e no mundo, re­pondo a ver­dade onde os media do­mi­nantes es­pa­lham a men­tira e a ma­ni­pu­lação, in­for­mando sobre o que os jor­nais não dizem, as rá­dios não falam e as te­le­vi­sões não mos­tram.

E tanto assim é que po­demos dizer, e com­provar, que quem não ler o Avante! não sabe parte grande do que se passa no nosso e nos res­tantes países do pla­neta – e só sabe aquilo que o grande ca­pital quer, ou seja, aquilo que serve os in­te­resses dos grandes e po­de­rosos. Isto, não obs­tante esses ór­gãos da de­sin­for­mação or­ga­ni­zada se auto-pro­cla­marem, hi­po­cri­ta­mente, exem­plos per­feitos de «li­ber­dade de in­for­mação», de «isenção», de «im­par­ci­a­li­dade», de «plu­ra­lismo»…

Nos tempos do fas­cismo, o Avante! era «a voz dos que não têm voz» - porque era o único jornal que, re­jei­tando a cen­sura fas­cista e en­fren­tando-a – ou seja, con­quis­tando a li­ber­dade de in­for­mação, as­su­mindo-a - dava voz aos tra­ba­lha­dores e ao povo, às suas lutas, aos seus an­seios e às suas as­pi­ra­ções. Hoje, com a ge­ne­ra­li­dade dos ór­gãos de co­mu­ni­cação con­cen­trados nas mãos dos de­ten­tores do poder eco­nó­mico – e com­por­tando-se como a voz do dono - o Avante! volta a ser «a voz dos que não têm voz», e também nesse as­pecto é o digno con­ti­nu­ador do he­róico Avante! clan­des­tino.

A par de um an­ti­co­mu­nismo que, cada vez mais pri­mário, con­tinua a dis­parar men­tiras, ca­lú­nias, ódio, contra o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo em geral, a ofen­siva contra o PCP ocupa lugar des­ta­cado nas pre­o­cu­pa­ções dos media do­mi­nantes. O si­len­ci­a­mento da ac­ti­vi­dade do Par­tido, a de­tur­pação ou a fal­si­dade sobre a sua ac­ti­vi­dade, as suas pro­postas, os seus ob­jec­tivos, fazem o dia-a-dia dos jor­nais, rá­dios e te­le­vi­sões que com­põem o uni­verso me­diá­tico na­ci­onal.

Res­ponder às exi­gên­cias

É grande o poder da ofen­siva ide­o­ló­gica an­ti­co­mu­nista, quer pela sua cui­dada ela­bo­ração quer, es­pe­ci­al­mente, pela le­gião de ór­gãos de di­fusão de que dispõe. Sa­bemos que todos os dias, de todas as se­manas, de todos os meses, de todos os anos, a de­sin­for­mação or­ga­ni­zada, ao ser­viço dos in­te­resses dos pro­pri­e­tá­rios dos media do­mi­nantes, faz en­trar nas casas de mi­lhões de pessoa, sob as mais di­versas formas e os mais so­fis­ti­cados dis­farces, a opi­nião do grande ca­pital – e quando logra trans­formar essa opi­nião mil vezes pu­bli­cada em «opi­nião pú­blica», atinge o seu ob­jec­tivo prin­cipal. O que sig­ni­fica que um mi­li­tante co­mu­nista que não leia re­gu­lar­mente o Avante! é um mi­li­tante fra­gi­li­zado, quer en­quanto alvo da ofen­siva ide­o­ló­gica do ini­migo de classe, quer en­quanto di­vul­gador e de­fensor das ori­en­ta­ções e aná­lises do Par­tido.

Assim, a ofen­siva ide­o­ló­gica a que os media do grande ca­pital sub­metem o Par­tido, co­loca ao nosso co­lec­tivo par­ti­dário múl­ti­plas exi­gên­cias. Exi­gên­cias de res­posta que - co­me­çando na ne­ces­sária in­ten­si­fi­cação da ac­ti­vi­dade do Par­tido em todas as suas áreas de in­ter­venção e, de forma par­ti­cular, junto do pro­le­ta­riado - se com­ple­mentam com a acção in­for­ma­tiva e for­ma­tiva da im­prensa par­ti­dária.

Por isso, a di­fusão e lei­tura do Avante! e do Mi­li­tante cons­ti­tuem uma ta­refa par­ti­dária da maior im­por­tância. Uma ta­refa tão im­por­tante como a mais im­por­tante das ta­refas do Par­tido e para a qual, por isso mesmo, de­vemos mo­bi­lizar as nossas forças e es­forços.

Mostra a ex­pe­ri­ência, ca­ma­radas, que o êxito dessa ta­refa só pode ser atin­gido tendo como su­porte es­sen­cial e de­ci­sivo a or­ga­ni­zação do Par­tido, a mi­li­tância re­vo­lu­ci­o­nária – que é, afinal, a ala­vanca pro­pul­sora de toda a ac­ti­vi­dade par­ti­dária.

E mostra essa mesma ex­pe­ri­ência que, ali onde as or­ga­ni­za­ções con­se­guem tomar me­didas e or­ga­nizar a venda mi­li­tante do Avante! – com bancas de rua; com vendas nos mer­cados e nos ter­mi­nais de trans­portes; com ac­ções vi­sando an­ga­riar novos as­si­nantes... – as vendas crescem, au­menta a di­fusão e o Avante! passa a ser lido por mais tra­ba­lha­dores e passa, assim, a cum­prir me­lhor e com maior efi­cácia, a sua ta­refa de órgão cen­tral do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês – con­dição a que está li­gado desde a sua cri­ação nos tempos di­fí­ceis de 1931.

Re­sis­tência he­róica

Da his­tória do Avante! nesses tempos di­fí­ceis, é justo e ne­ces­sário re­cor­darmos aqui, no nosso Con­gresso, o ca­ma­rada José Mo­reira, cujo cen­te­nário passa este ano. José Mo­reira era ope­rário vi­dreiro na Ma­rinha Grande, donde passou, em 1945, a fun­ci­o­nário do Par­tido, fi­cando res­pon­sável pelas ti­po­gra­fias clan­des­tinas, até ser preso, em 1949. Re­giste-se que du­rante esses quase cinco anos ne­nhuma ti­po­grafia foi lo­ca­li­zada pela PIDE. Pren­dendo-o, a po­lícia sa­la­za­rista pensou que ia con­se­guir fi­nal­mente cum­prir o seu sonho de des­man­telar a rede de ti­po­gra­fias do Par­tido. Bas­taria, para isso, que o preso fa­lasse…

Só que José Mo­reira não for­neceu à PIDE uma única mo­rada, não falou: pre­feriu morrer a trair o seu Par­tido.

Com efeito, a PIDE tor­turou-o até à morte e, pro­ce­dendo à ha­bi­tual en­ce­nação do «sui­cídio», atirou o seu corpo da ja­nela do se­gundo andar do edi­fício.

E as ti­po­gra­fias clan­des­tinas con­ti­nu­aram a im­primir o Avante!, o Mi­li­tante e os res­tantes ma­te­riais do Par­tido.

Eram tempos di­fí­ceis, esses, tempos di­fí­ceis que su­pe­rámos com a luta, como hoje, lu­tando, su­pe­ra­remos o tempo di­fícil que vi­vemos. Este tempo que, em vá­rios as­pectos, não é mais fácil do que o tempo da fas­cismo. Este tempo que nos co­loca res­pon­sa­bi­li­dades, exi­gên­cias e ta­refas in­con­tor­ná­veis. Este tempo que pre­cisa de nós, co­mu­nistas, da nossa de­ter­mi­nação, da nossa in­te­li­gência, da nossa ca­pa­ci­dade, do nosso saber, da nossa co­ragem. Este tempo que nos co­loca a res­pon­sa­bi­li­dade de re­sistir, mas de re­sistir à nossa ma­neira co­mu­nista, de re­sistir fa­zendo fu­turo, de re­sistir fa­zendo dos ca­mi­nhos da re­sis­tência ca­mi­nhos do fu­turo e para o fu­turo. Este tempo da co­ragem ne­ces­sária, uma co­ragem da qual, as­su­mindo-nos como co­mu­nistas, somos o motor e a van­guarda.

Por isso e para isso somos co­mu­nistas. Por isso e para isso somos mi­li­tantes deste nosso Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês.



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