CDS-PP convive mal com a luta dos trabalhadores

Ataque soez e cobarde

«Um ataque in­digno, de­so­nesto e in­sul­tuoso», assim clas­si­ficou o de­pu­tado co­mu­nista Bruno Dias as pa­la­vras do de­pu­tado Hélder Amaral contra a luta dos tra­ba­lha­dores dos trans­portes que pre­en­cheram o es­sen­cial de uma de­cla­ração po­lí­tica que este pro­feriu na pas­sada se­mana em nome do CDS-PP.

Foi uma feroz di­a­tribe anti-greve a que se ouviu da boca da­quele de­pu­tado cen­trista ver­tendo fel sobre as lutas dos tra­ba­lha­dores, no­me­a­da­mente dos trans­portes. Num dis­curso tre­san­dando a pas­sado de má me­mória, de­pois de ou­tros seus de idên­tico ca­libre (sobre a luta dos es­ti­va­dores, por exemplo) aquele de­pu­tado disse que «não é acei­tável que en­quanto um país tra­balha e en­frenta muitas di­fi­cul­dades, um certo país pa­rece querer exercer um di­reito pelo ex­cesso que põe em causa o di­reito e o es­forço dos de­mais». E deu como exemplo as greves na CP, afir­mando que em 2012 estas se con­ta­bi­li­zaram por «295 dias de greve», omi­tindo de­li­be­ra­da­mente as ra­zões da luta e que essas pa­ra­li­sa­ções foram às horas ex­tra­or­di­ná­rias, con­ti­nu­ando os tra­ba­lha­dores a cum­prir o seu ho­rário de oito horas de tra­balho. In­vocou ainda o Metro para re­ferir que perdeu «num só ano mais de 800 mil euros». E levou a fal­si­dade e o des­ca­ra­mento ao ponto de, no final, pe­rante o he­mi­ciclo, acom­pa­nhando a exi­bição de um papel com a ins­crição «295», pro­clamar que «o pro­blema do País não é tão pouco a me­lhor ou pior go­ver­nação mas ter pes­soas que apenas tra­ba­lham 70 dias em 365».

«Acha que a so­lução é comer e calar?», per­gun­tara-lhe antes o de­pu­tado co­mu­nista Bruno Dias, de­pois de lem­brar o «ataque sem pre­ce­dentes» a que os tra­ba­lha­dores estão a ser su­jeitos, com a sua re­mu­ne­ração anual re­du­zida em dois meses de sa­lário, a que se soma o novo roubo equi­va­lente a mais um mês de sa­lário (em sub­sídio de re­feição, des­lo­ca­ções, tra­balho su­ple­mentar e noc­turno).

O par­la­mentar co­mu­nista acusou ainda o Go­verno de, com a sua po­lí­tica, estar «a matar o País à fome, a as­fi­xiar o con­sumo e a pro­cura in­terna de uma forma nunca vista desde a dé­cada de 50», e de o CDS-PP pro­curar «re­solver isto em termos po­lí­ticos» di­zendo «mal dos tra­ba­lha­dores que fazem greve».

O ale­gado bom de­sem­penho das ex­por­ta­ções, a que Hélder Amaral de­di­cara também parte subs­tan­cial da sua in­ter­venção, não passou igual­mente sem a forte crí­tica do PCP, com Bruno Dias a re­frear-lhe o en­tu­si­asmo as­si­na­lando que «nem aí acer­tara» já que é o pró­prio Banco de Por­tugal a chamar a atenção para o «abran­da­mento no­tório re­gis­tado face ao au­mento médio de 5,7% no pe­ríodo de 2011/​2012», de­sa­ce­le­ração em 2013 que «traduz um forte abran­da­mento da ac­ti­vi­dade das eco­no­mias na área do euro que re­pre­sentam cerca de dois terços dos mer­cados de des­tino das ex­por­ta­ções por­tu­guesas».

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Um ponto final nesta política

«A manter-se esta po­lí­tica, isto vai acabar mal, muito mal». O aviso é do Se­cre­tário-geral do PCP, que não vê outra forma de evitar tal des­fecho que não seja a de­missão do Go­verno.

Ser autarca não é cadastro

Os pre­si­dentes de Câ­mara Mu­ni­cipal ou Junta de Fre­guesia com três man­datos con­se­cu­tivos não podem re­can­di­datar-se a um quarto man­dato mas podem can­di­datar-se a um pri­meiro man­dato em outra au­tar­quia.

Asfixia e ingerência

O es­magar da au­to­nomia fi­nan­ceira das au­tar­quias lo­cais e das re­giões au­tó­nomas, com im­po­sição do «cen­tra­lismo como po­lí­tica de Es­tado», assim é en­ca­rado pelo PCP o con­teúdo dos di­plomas do Go­verno sobre fi­nanças lo­cais e fi­nanças re­gi­o­nais.

O desastre completo

Os dados sobre o emprego e o desemprego divulgados pelo INE na passada semana põem a nu a «situação calamitosa» em que se encontra o nosso mercado de trabalho. A essa conclusão chega o PCP, vendo neste quadro o «completo» desastre das políticas actuais. Os...

«Beijo da morte à soberania»

    «Inaceitável e incompatível com os princípios constitucionais», assim é para o PCP a proposta de lei que procede à sétima alteração à lei de enquadramento orçamental. O novo diploma, que inclui a chamada «regra de...