gravidade da situação económica e social
Saúde em perigo
A degradação da prestação de cuidados de saúde é bem o espelho das opções e acção do Governo. Carla Cruz traçou um quadro completo das dificuldades e problemas desde os entraves no acesso a tratamentos e a exames complementares de diagnóstico, ao aumento brutal das taxas moderadoras, à redução do número de profissionais de saúde.
Dando exemplos concretos, com os quais confrontou o secretário de Estado da Saúde, a deputada do PCP referiu as muitas carências de assistentes técnicos e assistentes operacionais nos cuidados de saúde primários, como é o caso do ACES Cávado III – Barcelos / Esposende.
Já em relação aos enfermeiros, recordou que o Governo continua a não cumprir as orientações das dotações seguras, como no Hospital Garcia de Orta onde nenhum serviço as cumpre, quando há enfermeiros no desemprego e a emigrar.
Quanto aos médicos, observou, há esse dado preocupante que é a saída de 2141 clínicos do SNS.
Carências
Ao desinvestimento do Governo na saúde dedicou também a deputada comunista Paula Santos a sua intervenção.
Falou do fecho de serviços e valências nas unidades hospitalares (como o desmantelamento do Hospital Pulido Valente), da sobrelotação de serviços hospitalares (nomeadamente no Hospital Amadora-Sintra), da carência de camas de cuidados intensivos para o tratamento de doentes críticos.
Mas falou ainda dos hospitais que se recusam a tratar doentes que não são da sua área de residência, de que é exemplo o Centro Hospitalar Lisboa Central que decidiu no passado dia 5 de Fevereiro «proibir a inscrição para primeiras consultas a doentes que não pertençam à área de influência directa dos hospitais desta instituição».
Sublinhado por Paula Santos foi de novo esse autêntico escândalo que é a falta de fraldas para doentes, levando à sua substituição por toalhas com sacos de lixo, isto no Centro Hospitalar do Algarve, onde também não se realizaram biopsias à próstata durante quatro meses por falta de agulhas, e onde se reduziram cirurgias por falta de anestesistas.
Já no Hospital de São José, em Lisboa, foi a falta de capacidade de internamento que levou ao adiar de cirurgias.
Casos, todos eles, que não são pontuais, infelizmente, como assinalou Paula Santos. E que comprovam que o «não tratamento atempado dos utentes coloca em causa a sua saúde». E por isso, como o PCP tem alertado, esta política está a conduzir à morte prematura de muitos portugueses, que podiam viver mais anos com qualidade de vida».