gravidade da situação económica e social
Por trás da aparência
A agricultura ou o turismo são áreas que ilustram a dura realidade que está para além da propaganda e das ilusões fabricadas pelo discurso governativo. No Alentejo, com a construção de Alqueva, instalaram-se grandes grupos económicos, como a Sovena e multinacionais do agronegócio, como a Syngenta, responsáveis pelo aumento do olival e pelo surgimento de outras culturas. O grande problema, anotou João Ramos, é que essa riqueza está a ser criada à custa de trabalho não declarado, do tráfico de seres humanos, de escravatura e exploração laboral, com trabalhadores, principalmente imigrantes, a viver em condições sub-humanas e com salários de miséria, como frequentemente é denunciado pela ACT e outras entidades e instituições.
Também no Douro as grandes casas exportadoras têm vindo a afirmar-se na produção e não param de comprar quintas para alargar as suas áreas, lembrou o deputado do PCP, observando, porém, que por trás deste historial de «sucesso» estão trabalhadores subcontratados por intermediários que os disponibilizam à jorna a 20/25 euros por dia, como «mão-de-obra descartável».
No Turismo, por seu lado, que teve em 2013 o seu «melhor ano de sempre», com os proveitos globais a ultrapassar os mil e 900 milhões de euros, o que se assiste é a um aumento dos salários em atraso (como nos hotéis do Grupo VIP), de baixos salários (cujo valor médio rondará os 540 euros), precariedade e despedimentos (como os despedimentos colectivos nos casinos da Póvoa e da Figueira).