8.ª Assembleia da Organização Regional da Guarda

Inverter o rumo de afundamento

O Centro de In­ter­pre­tação da Serra da Es­trela, em Seia, re­cebeu os cerca de 200 mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do PCP que par­ti­ci­param, do­mingo, na 8.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal da Guarda.

O PCP tem as pro­postas para in­verter o de­clínio da re­gião

Image 16982

A si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do dis­trito da Guarda – mar­cada por re­a­li­dades dra­má­ticas como a de­ser­ti­fi­cação, a emi­gração, o de­fi­nha­mento da agri­cul­tura, o de­sem­prego, etc. – es­teve no centro do de­bate tra­vado na 8.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal da Guarda do PCP, re­a­li­zada em Seia na tarde de do­mingo. Na Re­so­lução Po­lí­tica apro­vada e na in­ter­venção de aber­tura, pro­fe­rida por Pa­trícia Ma­chado, da Co­missão Po­lí­tica, su­bli­nhava-se que a si­tu­ação do dis­trito não só «não está des­li­gada da re­a­li­dade na­ci­onal» como re­sulta de 38 anos de po­lí­tica de di­reita pros­se­guida por PS, PSD e CDS.

Ao con­creto, sa­li­entou ainda a res­pon­sável pela or­ga­ni­zação, as­siste-se a um quadro de «cres­cente de­sem­prego, pre­ca­ri­e­dade e baixos sa­lá­rios no dis­trito». Em Agosto, acres­centou Pa­trícia Ma­chado, «eram mais de 10 mil os de­sem­pre­gados no dis­trito», ou seja, mais sete mil do que em igual pe­ríodo de 2011. Nos úl­timos três anos – os do Go­verno PSD/​CDS e do pacto de agressão –, teve lugar um «pro­cesso con­ti­nuado de des­truição de em­presas», com o nú­mero de in­sol­vên­cias e en­cer­ra­mentos a crescer e sec­tores como o au­to­móvel, o têxtil, o pe­queno co­mércio e a cons­trução civil a de­fi­nhar.

Entre os ex­pe­di­entes uti­li­zados pelo pa­tro­nato para au­mentar a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento dos tra­ba­lha­dores conta-se – na Guarda como um pouco por todo o País – a re­dução sa­la­rial, os sa­lá­rios em atraso, o não pa­ga­mento de horas ex­tra­or­di­ná­rias ou o au­mento do ho­rário de tra­balho. A res­pon­sa­bi­li­dade por tais actos deve ser também as­sa­cada ao Go­verno, não apenas por in­cen­tivar a sua prá­tica, quer pelo exemplo que dá na Ad­mi­nis­tração Pú­blica quer pelas al­te­ra­ções le­gis­la­tivas que pro­move, mas também por fra­gi­lizar a ca­pa­ci­dade fis­ca­li­za­dora da Au­to­ri­dade para as Con­di­ções de Tra­balho.

 Travar a ruína 

Também no sector agrí­cola e flo­restal (de im­por­tância pri­mor­dial para o dis­trito) se faz sentir a des­truição do apa­relho pro­du­tivo. Como su­bli­nhou Pa­trícia Ma­chado, e a Re­so­lução Po­lí­tica de­sen­volve, a adopção da PAC e o in­cen­tivo ao aban­dono da pro­dução con­tri­buíram para a li­qui­dação de cen­tenas de ex­plo­ra­ções agrí­colas e para a de­gra­dação da si­tu­ação dos pe­quenos agri­cul­tores, não dei­xando esta si­tu­ação de agravar as já re­le­vantes di­fi­cul­dades com que se de­batem os sec­tores as­so­ci­a­tivo e co­o­pe­ra­tivo. O leite, a vinha e o olival são al­gumas das pro­du­ções mais afec­tadas.

A po­lí­tica do Go­verno de ataque brutal aos ser­viços pú­blicos e às fun­ções so­ciais do Es­tado vem agravar ainda mais a si­tu­ação das po­pu­la­ções: o en­cer­ra­mento de es­colas, ser­viços de saúde, postos de cor­reios e fi­nanças e tri­bu­nais leva a que mi­lhares de pes­soas «fi­quem dis­tantes e por vezes im­pos­si­bi­li­tadas de ter acesso aos di­versos ser­viços pú­blicos, numa re­gião mar­cada por ex­pres­sivos ín­dices de en­ve­lhe­ci­mento, baixa e de­fi­ci­entes res­posta de trans­portes, di­fí­ceis aces­si­bi­li­dades e por­ta­ja­mento das SCUT», de­nun­ciou a di­ri­gente co­mu­nista. Pelas di­fi­cul­dades que pro­voca no dia-a-dia das po­pu­la­ções, esta po­lí­tica pro­move ainda mais de­ser­ti­fi­cação, des­po­vo­a­mento e o cres­ci­mento da emi­gração, acres­centou Pa­trícia Ma­chado.

Re­forçar o Par­tido

Na pre­pa­ração e na re­a­li­zação da 8.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal da Guarda do PCP me­receu des­taque par­ti­cular a dis­cussão das me­didas vi­sando o re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção par­ti­dá­rias. Um re­forço que, como afirmou Pa­trícia Ma­chado, «é es­sen­cial para con­ti­nuar a cum­prir o papel do Par­tido, de estar lá onde estão os pro­blemas, indo ao en­contro dos an­seios e as­pi­ra­ções dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções».

Assim, acres­centou a di­ri­gente co­mu­nista, há que «manter e re­forçar o tra­balho de li­gação às massas, a or­ga­ni­zação nas em­presas e lo­cais de tra­balho, a in­for­mação e a pro­pa­ganda, a for­mação ide­o­ló­gica, o re­cru­ta­mento e a in­te­gração dos novos mi­li­tantes como con­dição es­sen­cial para este re­forço». O de­bate tra­vado antes e du­rante a as­sem­bleia e a Re­so­lução Po­lí­tica apro­vada mu­niram a or­ga­ni­zação de um vasto con­junto de li­nhas de acção vi­sando a con­cre­ti­zação deste re­forço.


Je­ró­nimo de Sousa
A força da al­ter­na­tiva

Na in­ter­venção que en­cerrou a 8.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal da Guarda do PCP, Je­ró­nimo de Sousa acusou PS, PSD e CDS de, uma vez mais, se terem unido para «con­ti­nu­arem a impor a única so­lução que in­te­ressa aos me­ga­bancos, aos grandes grupos eco­nó­micos, aos grandes se­nhores do di­nheiro e da es­pe­cu­lação – a con­ti­nu­ação da po­lí­tica de aus­te­ri­dade e cen­tra­li­zação de ri­queza». O Se­cre­tário-geral do Par­tido co­men­tava, assim, o chumbo pelos três par­tidos da troika in­terna do pro­jecto de re­so­lução apre­sen­tado pelo grupo par­la­mentar do PCP vi­sando a re­ne­go­ci­ação da dí­vida, a pre­pa­ração do País para a saída do euro e o con­trolo pú­blico da banca. Ga­ran­tindo em se­guida que a re­cusa na As­sem­bleia da Re­pú­blica não im­pe­dirá que a pro­posta «faça o seu ca­minho e avance, como está a avançar, com cada vez mais por­tu­gueses a tomar cons­ci­ência da sua ne­ces­si­dade e im­por­tância».

Je­ró­nimo de Sousa acusou em se­guida o PS de pre­tender «dar ares de vi­ragem à es­querda» e «co­locar o con­tador das res­pon­sa­bi­li­dades a zero», quando na ver­dade mantém o seu ali­nha­mento com o es­sen­cial da po­lí­tica do Go­verno: o que pre­tende, ga­rantiu o di­ri­gente do PCP, é «chegar às elei­ções sem dizer o que pensa e fazer o que sempre fez – de­cidir de acordo com os in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e os cen­tros do ca­pital fi­nan­ceiro».

Aos que acusam o PCP pela ine­xis­tência de acordos «à es­querda», Je­ró­nimo de Sousa re­cordou que o pro­blema «nunca foi o PCP», pois nunca o PCP «deixou de votar a favor e apoiar ne­nhuma me­dida ou so­lução que sirva os tra­ba­lha­dores, o povo e o País». O pro­blema, con­trapôs, são os anos de po­lí­tica de di­reita do PS, «que hoje per­ma­nece e com a qual não pre­tende romper». A ver­da­deira al­ter­na­tiva, vincou o di­ri­gente co­mu­nista, está numa «po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que re­tome os va­lores de Abril».

Je­ró­nimo de Sousa de­dicou a parte final da sua in­ter­venção ao re­forço do Par­tido, lem­brando que a si­tu­ação «con­tinua a exigir dos co­mu­nistas por­tu­gueses uma grande dis­po­ni­bi­li­dade e uma re­do­brada ca­pa­ci­dade de ini­ci­a­tiva e de in­ter­venção». A con­clusão da acção de con­tactos com os mem­bros do Par­tido, a es­tru­tu­ração da or­ga­ni­zação e o re­cru­ta­mento foram al­guns dos eixos sa­li­en­tados pelo Se­cre­tário-geral, que apelou ainda à con­cre­ti­zação da «ina­diável ta­refa da di­na­mi­zação da cam­panha na­ci­onal de fundos “Mais es­paço, mais Festa. Fu­turo com Abril». 




Mais artigos de: PCP

Afirmar a alternativa

Uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda», afirma o PCP no novo fo­lheto que está em dis­tri­buição por todo o País, in­se­rido na acção na­ci­onal.

Há força para romper com<br>a política de direita

Je­ró­nimo de Sousa par­ti­cipou, nos dias 23, num co­mício na Fi­gueira da Foz, in­se­rido na acção na­ci­onal do Par­tido «A Força do Povo por um Por­tugal com Fu­turo – uma Po­lí­tica Pa­trió­tica e de Es­querda».

Defender o mundo rural

No sábado, Jerónimo de Sousa esteve em Vila Real a participar num almoço inserido na acção nacional do PCP «A Força do Povo por um Portugal com Futuro – uma Política Patriótica e de Esquerda». Como é evidente, as...

Avante com Abril

Sob o lema «Reforçar o PCP, derrotar a política de direita – Avante com Abril», reuniu, no sábado, 25, nos Bombeiros Voluntários de Algueirão Mem Martins, a VIII Assembleia da Organização Concelhia de Sintra do PCP. Mais de uma...

Artes do espectáculo

O sub-sector das artes do espectáculo do Sector Intelectual de Lisboa do PCP realizou, no dia 18, a sua segunda assembleia de organização. Contando com a participação de dezenas de militantes e simpatizantes do Partido que trabalham e intervêm nesta área, a assembleia...

Painel restaurado

O painel mural do Centro de Tra­balho So­eiro Pe­reira Gomes, onde fun­ciona a es­tru­tura cen­tral do Par­tido, foi re­cen­te­mente res­tau­rado. O Avante! foi co­nhecer a au­tora da obra.

Crescer e avançar

O concelho de Santa Maria da Feira, actualmente integrado na Área Metropolitana do Porto, tem uma extensão de 213,45 km2 dividida em 21 freguesias (antes 31), com uma população que em 2011 rondaria os 139 312 habitantes, sendo, assim, o 17.º maior concelho do País nesta...

A Justiça na encruzilhada

«A po­lí­tica de Jus­tiça e o re­gime de­mo­crá­tico» foi o mote de um de­bate pro­mo­vido pelo PCP, no dia 24, in­se­rido nas co­me­mo­ra­ções dos 40 anos do 25 de Abril.

Três questões essenciais

A renegociação da dívida, a preparação do País para a saída do euro e o controlo público da banca deram o mote para uma sessão pública realizada no Porto, no dia 22, inserida na acção nacional do PCP «A Força do Povo, por um...