Escalada na agressão à Síria
Foi chumbado no dia 7 por PS, PSD, CDS-PP e PAN, com a abstenção do BE, o voto apresentado pelo PCP (acompanhado favoravelmente pelo PEV) de condenação pela «guerra de agressão contra a Síria e o seu povo» e as «operações de desestabilização visando sabotar as negociações de paz». Nele se afirmava o apoio da AR aos «esforços para a paz» e reclamava o «respeito pelo direito do povo sírio à soberania, independência e integridade territorial da República Árabe da Síria no cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas».
Exigido era, num segundo ponto, um «sério e imparcial apuramento de responsabilidades pelos crimes e violações dos direitos humanos ocorridos no âmbito da agressão perpetrada contra a República Árabe da Síria».
Já aprovado foi um voto conjunto do PS e PSD apresentado como de «condenação pelo ataque com armas químicas na Síria», que teve o voto favorável de todas as bancadas à excepção do PCP e PEV, que votaram contra.
No debate, aludindo ao ataque da administração norte-americana de Donald Trump na madrugada desse dia com 59 mísseis de cruzeiro contra a base aérea síria de Shayrat, o líder parlamentar do PCP considerou que tal acção «encerra o perigo de uma ainda maior escalada militar, elevando a um outro nível a agressão» de que a Síria é alvo há seis anos.
«Depois de ter organizado, armado, financiado e apoiado os grupos terroristas que levaram a guerra civil à Síria, a administração norte-americana decidiu mostrar mais uma vez que pretende impor o seu domínio mundial pela força das armas e com a ameaça da guerra», sublinhou João Oliveira, vendo nesta operação de gravíssimos contornos a repetição de um filme já visto no Iraque e na Líbia, «utilizando pretextos e campanhas de desinformação».
«Repete-se acusações não comprovadas quanto à utilização da armas químicas, sem sequer permitir a investigação idónea e imparcial que o próprio governo sírio requereu, fazendo lembrar a invocação das armas de destruição massiva aquando da agressão ao Iraque», assinalou o presidente da formação comunista, para quem tudo isto repete ainda o «desrespeito pela ONU, pela sua Carta, pelos seus princípios e regras de funcionamento», já tantas vezes observado, tal como repete a «violação do direito internacional com o bombardeamento de um Estado soberano, a ameaça de destruição do país e o desrespeito pelos mais fundamentais direitos do povo sírio».
Para o PCP – e este é outro ponto nodal para a compreensão do que está em jogo –, o bombardeamento levado a cabo por forças dos EUA na passada sexta-feira «deixa mais claro a quem serve e quem está por trás do uso de armas químicas e da sua utilização como pretexto para a escalada da guerra».
«O uso de armas químicas tem de ser condenado e aquilo que aconteceu deve ser investigado. Diferente é dar por concluído aquilo que não se pode concluir. Ainda estamos à espera que Durão Barroso e Paulo Portas prestem esclarecimentos quanto às armas de destruição massiva sobre as quais diziam haver provas que não há», afirmou João Oliveira, em resposta a Telmo Correia (CDS-PP), cuja intervenção foi um destilar de anticomunismo e de aceitação acrítica da propaganda de guerra, que validou como verosímil.