Sobretrabalho docente rejeitado com greve

ABUSOS Desde o início desta se­mana, os pro­fes­sores e edu­ca­dores re­cusam-se a par­ti­cipar nas reu­niões de ava­li­ação in­ter­calar e em ou­tras ac­ti­vi­dades que sejam mar­cadas para lá do ho­rário normal.

Os anún­cios do Go­verno não se trans­for­maram em ori­en­ta­ções

No pré-aviso de greve que en­tre­garam dia 7, a Fen­prof e as ou­tras nove or­ga­ni­za­ções sin­di­cais de do­centes sa­li­entam que ele «des­tina-se a ga­rantir que o ho­rário se­manal dos do­centes seja, efe­ti­va­mente, de 35 horas».

ASPL, Fen­prof, FNE, Pró-Ordem, Se­pleu, Si­nape, Sindep, SIPE, Sippeb e SPLIU as­si­nalam que «o Go­verno impôs a eli­mi­nação de tempo de ser­viço que os pro­fes­sores cum­priram», mas «o Mi­nis­tério da Edu­cação nada fez para ga­rantir que os pro­fes­sores apenas tra­ba­lha­riam 35 horas se­ma­nais», como su­cede com a ge­ne­ra­li­dade dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e como es­ta­be­lece o Es­ta­tuto da Car­reira Do­cente.

Re­cordam ainda que, no ano pas­sado, o ME «emitiu uma nota à co­mu­ni­cação so­cial com pro­ce­di­mentos que de­ve­riam ser ado­tados pelas es­colas» e que «eli­mi­na­riam a ge­ne­ra­li­dade dos abusos e ile­ga­li­dades». Só que o Mi­nis­tério «nunca trans­formou aquelas in­for­ma­ções em ori­en­ta­ções ofi­ciais, to­le­rando e tor­nando-se cúm­plice dos mais di­versos atro­pelos aos ho­rá­rios de tra­balho dos pro­fes­sores».

Num co­mu­ni­cado con­junto, emi­tido dia 7, re­alçam que a greve ao so­bre­tra­balho, no ano tran­sacto, «em muitas es­colas, levou as res­pec­tivas di­rec­ções a cor­rigir as ile­ga­li­dades e a acabar com os abusos».

No dia 14, numa con­fe­rência de im­prensa, em Coimbra, e numa nota do seu Se­cre­ta­riado Na­ci­onal, a Fen­prof voltou a ad­mitir que esta greve possa manter-se du­rante todo o ano lec­tivo, como su­cedeu em 2018-2019.

Os pro­blemas foram co­lo­cados pela fe­de­ração, em Julho, no Mi­nis­tério da Edu­cação. Os abusos e ile­ga­li­dades que afec­taram os ho­rá­rios de tra­balho de­ve­riam ser eli­mi­nados em 2019-2020, mas tal não acon­teceu. «Os ho­rá­rios dos pro­fes­sores não só con­ti­nuam pe­jados de ile­ga­li­dades, como os pro­blemas são hoje em maior nú­mero e mais graves», pro­testou a Fen­prof, enu­me­rando di­versos exem­plos.

As­si­na­lando o início da greve, a Fen­prof de­clarou es­perar que o pró­ximo mi­nistro da Edu­cação «tome me­didas que eli­minem os abusos e re­po­nham a le­ga­li­dade nos ho­rá­rios».

«Se tal não acon­tecer, então, a Fen­prof es­tará dis­posta a manter esta greve até final do ano lec­tivo», afirma-se na nota, dei­xando também ex­pressa a ex­pec­ta­tiva de que o novo mi­nistro «não seja o mesmo que du­rante quatro anos foi in­capaz de re­solver os prin­ci­pais pro­blemas da Edu­cação, re­ve­lando fi­de­li­dade ab­so­luta aos di­tames das Fi­nanças e falta dela pe­rante os in­te­resses da Edu­cação e os di­reitos dos seus pro­fis­si­o­nais».

 

Mil pelo con­trato nos co­lé­gios

A Fen­prof en­tregou à con­fe­de­ração pa­tronal CNEF um abaixo-as­si­nado que foi subs­crito por mil pro­fes­sores de es­ta­be­le­ci­mentos de en­sino par­ti­cular e co­o­pe­ra­tivo, en­sino ar­tís­tico es­pe­ci­a­li­zado e en­sino pro­fis­si­onal, re­cla­mando «um con­trato co­lec­tivo de tra­balho que va­lo­rize a pro­fissão e dig­ni­fique a car­reira do­cente».

A en­trega, no dia 1, quando en­traram em vigor as al­te­ra­ções à le­gis­lação la­boral, foi também uma forma de pro­testo contra a nova le­gis­lação, pois esta vem agravar «o ac­tual quadro legal, que per­mitiu à en­ti­dade pa­tronal dos co­lé­gios (CNEF) impor a ca­du­ci­dade do con­trato co­le­tivo de tra­balho que, há muitos anos, havia sido ob­tido na sequência de ne­go­ci­ação».

A CNEF «tem, sis­te­ma­ti­ca­mente, in­vi­a­bi­li­zado a re­a­li­zação de reu­niões» para ne­go­ci­ação de um novo con­trato, acusou a Fen­prof.

 



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