Mãos ao trabalho por um PCP mais forte

REFORÇO A re­lação entre a in­de­pen­dência fi­nan­ceira e a in­de­pen­dência po­lí­tica e ide­o­ló­gica do PCP é um prin­cípio a sal­va­guardar. Para isso con­tri­buem ini­ci­a­tivas de an­ga­ri­ação de fundos como aquela que cons­ta­támos na Baixa da Ba­nheira.

«Não há obs­tá­culos in­su­pe­rá­veis para um co­lec­tivo em­pe­nhado»

«A ca­pa­ci­dade do PCP em as­se­gurar, no es­sen­cial, os meios fi­nan­ceiros para a sua ac­ti­vi­dade, re­cu­sando ser um de­par­ta­mento do Es­tado ou uma su­cursal po­lí­tica dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, com­porta em si mesmo um ele­vado valor po­lí­tico e ético dis­tin­tivo do PCP, dos seus ob­jec­tivos e da sua in­ter­venção juntos dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês»

A ci­tação que acima re­pro­du­zimos consta da Re­so­lução do Co­mité Cen­tral do PCP sobre o re­forço do Par­tido, apro­vada na reu­nião de 21 de Ja­neiro de 2018, na qual se su­blinha que o for­ta­le­ci­mento está li­gado aos meios pró­prios e à in­de­pen­dência fi­nan­ceira. Con­tudo, o prin­cípio de que um par­tido co­mu­nista não se pode deixar con­di­ci­onar e muito menos de­pender de fundos es­tra­nhos e até an­ta­gó­nicos à sua na­tu­reza de classe e pro­pó­sito es­tra­té­gico, está há muito in­cor­po­rado na vida do PCP. Com di­fe­rentes pa­ta­mares de as­si­mi­lação e con­cre­ti­zação se con­si­de­rarmos as exi­gên­cias que a in­ter­venção re­vo­lu­ci­o­nária re­clama. Mas sem dú­vida um prin­cípio in­vi­o­lável.

De entre as vá­rias formas de o as­se­gurar, tem im­por­tância (e existem pos­si­bi­li­dades de ad­quirir maior re­levo) a ca­pa­ci­dade das or­ga­ni­za­ções do PCP na an­ga­ri­ação de fundos pró­prios. É isso que su­cede na Baixa da Ba­nheira, con­celho da Moita, onde a Or­ga­ni­zação de Fre­guesia leva a cabo uma sin­gular ini­ci­a­tiva.

Três dias antes do Natal, mais de 30 mi­li­tantes, mas também não mi­li­tantes, de­dicam-se a fazer aze­vias e fi­lhozes es­ten­didas. A tra­dição re­monta na Baixa da Ba­nheira ao prin­cípio do sé­culo XX, quando tal era feito num âm­bito co­o­pe­ra­tivo por al­tura das fes­ti­vi­dades na­ta­lí­cias e do En­trudo, re­latou-nos José Abreu. É este mi­li­tante co­mu­nista quem as­sume a li­de­rança da ta­refa e a quem se deve a re­cu­pe­ração deste traço da cul­tura po­pular local como forma de an­ga­riar fundos. Mas nas vá­rias salas em que de­corre a con­fecção en­con­trámos mi­li­tantes de vá­rias idades, in­va­ri­a­vel­mente fe­lizes por con­tri­buírem com o seu tra­balho vo­lun­tário e de­di­cados na parte que lhes com­petia no pro­cesso: fazer as massa, es­tendê-la e moldá-la, re­chear com gila, num caso, fritar, pol­vi­lhar com açúcar e co­locar em caixas nu­me­radas.

De resto, em­bora a con­fecção dos sa­bo­rosos doces se con­centre nos três dias que an­te­cedem o Natal, o tra­balho co­meça muito antes, como tes­te­mu­nhou José Abreu. É pre­ciso com­prar os in­gre­di­entes para fazer cerca de quatro mil fi­lhozes e aze­vias, pre­parar as caixas e abrir as en­co­mendas. É que o passa-a-pa­lavra sobre esta vir­tuosa ini­ci­a­tiva do PCP na Baixa da Ba­nheira foi cri­ando há­bito, sendo hoje im­pos­sível «chegar e com­prar. Quem quer tem de en­co­mendar pre­vi­a­mente».

«Abrimos as listas em me­ados de No­vembro e fe­chamos dias antes de as co­meçar a fazer», des­vendou José Abreu, a quem não to­mámos mais tempo e só pe­dimos que reu­nisse os ca­ma­radas para uma foto que é prova e exemplo de que não há di­fi­cul­dades nem obs­tá­culos in­su­pe­rá­veis para um co­lec­tivo em­pe­nhado em pre­servar os prin­cí­pios, re­forçar as ca­rac­te­rís­ticas, es­tru­tura e in­fluência do PCP. O que é vá­lido no plano fi­nan­ceiro como para os ou­tros do­mí­nios de­ter­mi­nantes para um Par­tido mais forte.




Mais artigos de: PCP

EMEF na CP é só o princípio

O PCP considera que valeu a pena lutar pela reintegração da EMEF na CP, mas sublinha que «é justo e necessário continuar a intervir e a lutar para garantir o futuro do transporte ferroviário nacional, colocando-o ao serviço do povo e do País». Em nota, divulgada dia 30, em que se assinala o regresso da EMEF à CP, que...

PCP defende apoios céleres e obra no Baixo Mondego

A deputada do PCP no Parlamento Europeu (PE) Sandra Pereira visitou, na manhã de sexta-feira, 27, as zonas afectadas pelas cheias em Montemor-o-Velho. Acompanhada por membros da Comissão Concelhia do PCP e da Direcção da Organização Regional de Coimbra do PCP, a eleita expressou a...

Nova benesse para a Fertagus

«O Governo do PS, tendo tido a oportunidade de terminar com esta Parceria Público-Privado, cedeu mais uma vez aos interesses do Grupo Barraqueiro e alargou, sem concurso, a concessão por mais 4 anos e 9 meses», denuncia o PCP em nota de imprensa divulgada dia 27 a propósito da renovação do contrato para a exploração da...

O Militante nas bancas

Com o título de capa «Lutar e organizar!», a edição de Janeiro/Fevereiro da revista do PCP já se encontra à venda. Com a abertura dedicada à «luta em ano de Congresso» e as secções Organização e Partido dedicadas ao reforço e ao registo de diferenças do PCP face aos demais, O Militante traz ainda artigos sobre «A...