Associativismo desportivo com a corda na garganta reclama acção do Governo

A si­tu­ação do des­porto no nosso País está a tornar-se in­sus­ten­tável, com clubes, as­so­ci­a­ções e co­lec­ti­vi­dades a pas­sarem por tre­mendas di­fi­cul­dades, alerta o PCP, que acusa o Go­verno de ter acor­dado tarde para o pro­blema e con­ti­nuar a não fazer o que lhe cabe fazer.

Clubes e co­lec­ti­vi­dades vivem quadro in­sus­ten­tável

«Com a COVID-19 tudo se agravou: o con­fi­na­mento e a li­mi­tação das ac­ti­vi­dades pro­vo­caram a queda abrupta das men­sa­li­dades dos clubes, a quebra nas re­ceitas dos bares e ou­tras ac­ti­vi­dades não es­ta­tu­tá­rias, a in­ter­rupção de apoios ins­ti­tu­ci­o­nais ou pa­tro­cí­nios», des­creveu a de­pu­tada co­mu­nista Alma Ri­vera ao levar o tema, dia 20, ao ple­nário da As­sem­bleia da Re­pú­blica, numa de­cla­ração po­lí­tica em nome da sua ban­cada.

Um quadro de ver­da­deira as­fixia que se tornou crí­tico e de­ses­pe­rante para um nú­mero sig­ni­fi­ca­tivo de es­tru­turas as­so­ci­a­tivas, na me­dida em que se viram con­fron­tadas com uma acen­tuada perda de re­ceitas, sem que tenha ha­vido qual­quer al­te­ração quanto às des­pesas fixas, como ob­servou a par­la­mentar do PCP.

Há nú­meros que falam por si e que, num re­lance, per­mitem ter a noção exacta da gra­vi­dade da si­tu­ação: «da época pas­sada para a de 20/​21 o nú­mero de atletas ins­critos nas fe­de­ra­ções de fu­tebol, an­debol, bas­que­tebol, pa­ti­nagem e vo­leibol passou para pra­ti­ca­mente um terço – de 252.704 pra­ti­cantes fe­de­rados para 89 792», re­feriu a par­la­mentar co­mu­nista.

E não foi por falta de atem­pados alertas do PCP, de fe­de­ra­ções, con­fe­de­ra­ções e co­mités des­por­tivos, que in­sis­ten­te­mente cha­maram a atenção para a ne­ces­si­dade de serem adop­tadas me­didas mi­ti­ga­doras do pro­blema, apelos a que o Go­verno du­rante de­ma­siado tempo fez ore­lhas moucas.

Pela sua parte, o PCP chegou mesmo a apre­sentar pro­postas con­cretas (ver caixa) que, ti­vessem sido elas apro­vadas e não chum­badas como foram por PS, PSD e CDS, e ha­veria hoje as verbas or­ça­men­tais para o Des­porto e a Ju­ven­tude.

Acordar tarde

Daí a crí­tica se­vera de Alma Ri­vera ao facto de o Go­verno, só após um ano de surto, ter sido capaz de anun­ciar um fundo (de que apenas uma parte é a fundo per­dido), mas do qual ainda «nada se sabe, nada chegou aos clubes ou às fe­de­ra­ções», quando se está a poucos meses de ini­ciar «uma nova época e nin­guém sabe como se or­ga­nizar».

«Pa­rece que o Go­verno não ouviu a des­crição alar­mante que de­zenas de en­ti­dades fi­zeram em au­dição pú­blica», ob­servou a de­pu­tada co­mu­nista, la­men­tando o facto de não ter sido «dada pri­o­ri­dade ao des­porto e ao re­gresso do pú­blico às com­pe­ti­ções em con­di­ções sa­ni­tá­rias ade­quadas, tal como se fez e bem para ou­tros es­pec­tá­culos e eventos».

«O Go­verno con­gra­tula-se com os ex­ce­lentes re­sul­tados de Por­tugal tanto em com­pe­ti­ções eu­ro­peias e mun­diais como nos jogos olím­picos e pa­ra­lím­picos, mas con­tinua a não dar os apoios ne­ces­sá­rios e ar­risca-se a não ter mais me­da­lhas para se juntar à fo­to­grafia se a quebra no nú­mero de atletas im­pedir a for­mação de novos atletas», ad­vertiu Alma Ri­vera, que, tendo lem­brado ainda o lugar que o Des­porto ocupa na vida e na saúde, como di­reito fun­da­mental que é de todos, la­mentou que o Go­verno con­tinue a furtar-se à «de­fi­nição de uma ver­da­deira po­lí­tica des­por­tiva».





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