Proteger o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

No Su­do­este Alen­te­jano e Costa Vi­cen­tina, al­te­ra­ções pro­fundas ao nível do usos dos solos têm posto em causa os va­lores am­bi­en­tais e os re­cursos na­tu­rais que jus­ti­fi­caram a sua clas­si­fi­cação como Parque Na­tural.

Pendem hoje sobre o Parque Na­tural graves ame­aças

As ame­aças a esta área pro­te­gida têm-se feito sentir so­bre­tudo nos úl­timos dez anos e estão re­la­ci­o­nadas com prá­ticas agrí­colas in­ten­siva e super-in­ten­siva, em par­ti­cular es­tufas, es­tu­fins ou tú­neis, que se dis­se­mi­naram li­vre­mente por este ter­ri­tório.

«Em tempos de­sig­nado como uma das “jóias do nosso País» e dos mais pre­ser­vados e na­tu­rais da Eu­ropa, está agora con­fron­tado com graves ame­aças à sua sus­ten­ta­bi­li­dade, sal­va­guarda dos re­curso na­tu­rais e dos ecos­sis­temas», ob­servou o de­pu­tado co­mu­nista João Dias, jus­ti­fi­cando as ra­zões que le­varam a sua ban­cada a levar a de­bate, dia 1, um pro­jecto de lei vi­sando a ac­tu­a­li­zação do di­ag­nós­tico e ca­rac­te­ri­zação do es­tado das áreas pro­te­gidas. O di­ploma, que acabou chum­bado por PS, PSD, CDS e IL (com abs­ten­ções de Chega, da de­pu­tada não ins­crita Cris­tina Ro­dri­gues e de cinco de­pu­tados do PS), além do apu­ra­mento do es­tado de con­ser­vação dos va­lores na­tu­rais, de­ter­mi­nava a ava­li­ação da ca­pa­ci­dade de carga as­so­ciada a ac­ti­vi­dades eco­nó­micas, es­ta­be­le­cendo também um re­gime de ava­li­ação de in­ci­dên­cias am­bi­en­tais de pro­jectos a li­cen­ciar.

Subs­crita por mais de seis mil pes­soas, uma pe­tição sob o tí­tulo «O Parque Na­tural do Su­do­este Alen­te­jano e Costa Vi­cen­tina não aguenta mais agri­cul­tura in­ten­siva!» es­teve igual­mente em apre­ci­ação, tal como ini­ci­a­tivas do PEV e BE (ambas chum­badas). Já o PAN viu uma re­so­lução sua apro­vada, tendo uma outra bai­xado à co­missão sem vo­tação).

Do de­bate re­sultou claro que as pre­o­cu­pa­ções ma­ni­fes­tadas quer pelos pe­ti­ci­o­ná­rios quer por PCP e PEV não ti­veram eco nas ban­cadas do PS, muito menos nas do PSD e CDS, que des­va­lo­ri­zaram as pre­o­cu­pa­ções ma­ni­fes­tadas e os alertas para a pressão exer­cida sobre o Parque Na­tural e a con­se­quente des­truição de re­cursos.

Uma re­a­li­dade pela qual o Go­verno é in­tei­ra­mente res­pon­sável, na me­dida em que foi ele o autor da Re­so­lução n.º 178/​2019 (a úl­tima de uma série de re­so­lu­ções do Con­selho de Mi­nis­tros pu­bli­cadas a partir de 2001), que «ig­nora com­ple­ta­mente a con­ver­gência entre a de­fesa dos va­lores na­tu­rais e o de­sen­vol­vi­mento sus­ten­tável».

E por isso João Dias foi tão crí­tico re­la­ti­va­mente ao con­teúdo da­quele do­cu­mento, re­su­mindo-o a um con­junto de «me­didas ca­suís­ticas, de re­me­deio, tem­po­rá­rias, de au­mento de áreas de es­tufas ou es­tu­fins», de acei­tação das «vi­o­la­ções co­me­tidas à le­gis­lação e de aten­tados am­bi­en­tais e so­ciais que estão à vista de todos».

«Uma re­so­lução onde o Go­verno diz querer pro­duzir uma trans­for­mação pro­funda, mas que na prá­tica é uma mão cheia de nada, com imensas proi­bi­ções apenas para al­guns, mar­cada pelo des­res­peito pelos que ali sempre vi­veram, pelas tra­di­ções, im­pondo a lei do mais forte e po­de­roso», con­denou o par­la­mentar do PCP.



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