Nos 78 anos da libertação pela URSS do campo de extermínio de Auschwitz
Assinala-se amanhã, 27 de Janeiro, 78 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz pelo Exército Vermelho, da União Soviética: a data foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU, em 2005, como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Comecemos pela história. A Segunda Guerra Mundial mudara definitivamente o seu curso em 1943, após as vitórias soviéticas nas batalhas de Stalinegrado e Kursk. Da resistência tenaz oposta desde o primeiro dia à agressão nazi-fascista, o Exército Vermelho, os destacamentos guerrilheiros e, em geral, os comunistas e o povo soviéticos passavam à ofensiva, libertando não só o seu território como o de diversos países ocupados pelas hordas nazis.
Foi numa dessas operações militares de grande envergadura que as divisões soviéticas libertaram o campo de extermínio de Auschwitz, na Polónia. Os sentimentos experimentados pelos libertadores estão registados em diversos depoimentos e memórias, nos quais é visível o choque perante o inimaginável e a emoção face ao mais brutal horror: depararam-se com a esfuziante alegria de centenas de prisioneiros sobreviventes e com a passividade de muitos outros, demasiado frágeis, doentes e traumatizados; viram salas cheias de roupa de criança, dentes de ouro e cabelos de mulher; encontraram vestígios de cadáveres e montes de cinzas humanas.
O campo de concentração de Auschwitz foi transformado numa máquina de extermínio sistemático e de trabalho forçado de grandes proporções: ali foram assassinadas mais de um milhão de pessoas – judeus, comunistas, sindicalistas, eslavos, ciganos, portadores de deficiência; homens e mulheres; crianças e idosos.
O horror espalhou-se por uma densa rede de campos de concentração e extermínio (Buchenwald, Dachau, Maidanek, Mauthausen, Ravensbrük, Treblinka e outros), localizados em vários países europeus e, tal como a restante máquina de guerra do nazi-fascismo, «equipados» por alguns dos mais conhecidos grupos industriais, alemães e não só: da Siemens à Bayer, da Krupp à Thyssen, passando pela norte-americana IBM.
A vida deu razão à Internacional Comunista, quando esta definiu o fascismo como a «ditadura terrorista aberta dos elementos mais reaccionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro».
Luta de hoje
A recordação dos hediondos crimes do nazi-fascismo não pode ser apenas um mero dever de memória, por mais importante e significativo que seja, e é. Desde logo porque a ameaça do fascismo e do que ele traz consigo (o racismo, a xenofobia, o nacionalismo, o militarismo, o anticomunismo, o ataque à democracia e às liberdades) aí estão, na ordem do dia, em diversos países do mundo e com as mais diversas expressões.
Na Europa (e não só) crescem partidos de extrema-direita, que difundem conceções e valores retrógrados, recebendo apoios financeiros e generosa cobertura mediática para levar a cabo projectos que atacam direitos, liberdades e a própria democracia, em proveito dos grandes interesses económicos que os promovem e instrumentalizam.
Em alguns casos, forças abertamente nazi-fascistas são utilizadas como «tropa de choque» do imperialismo nas suas operações de ingerência e agressão com vista à salvaguarda da sua hegemonia mundial, hoje seriamente ameaçada: a Ucrânia é disto exemplo maior, embora não único.
O golpe de Estado de Fevereiro de 2014 (preparado e financiado pelos EUA, NATO e UE) colocou no poder forças abertamente fascizantes e neonazis: um poder violento que impôs a guerra contra uma parte da população do país, atacando as populações de língua e cultura russas. O Partido Comunista foi perseguido e ilegalizado, assim como outras forças democráticas.
Combater o fascismo, em todas as suas expressões, é tarefa do nosso tempo. Não esquecendo que ele é, hoje, o que sempre foi: um instrumento a que o capitalismo recorre para, pela força, impor a sua política de domínio e tentar «resolver» as suas próprias contradições, mais visíveis no quadro da sua crise estrutural.