Razões para lutar…

Manuel Rodrigues

De acordo com dados revelados pelo Expresso da passada sexta-feira, o ano passado os CEO das empresas cotadas no índice PSI (antigo PSI20), auferiram em remunerações 36 vezes mais do que os seus trabalhadores, havendo casos em que o salário de 186 trabalhadores não chega para pagar o do seu CEO, como é o caso da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, onde o seu presidente, Pedro Soares dos Santos, teve no ano passado uma remuneração 186 vezes superior à da média dos seus trabalhadores.

Outras situações similares se poderiam apontar como é o caso da CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, dona do Continente, com uma remuneração bruta anual que supera em 82 vezes o salário médio dos seus trabalhadores.

Sabendo nós que, em 2022, os lucros líquidos de 20 dos principais grupos económicos em Portugal foram de cerca de 7,2 mil milhões de euros, ou seja, mais 2,2 mil milhões que em 2021 (mais 43%), fácil é constatar que um tal crescimento nos lucros foi exclusivamente absorvido pelos donos das empresas/grupos económicos e em nada reverteu no reforço da massa salarial dos seus muitos milhares de trabalhadores. Apesar de terem sido eles que produziram a riqueza.

Ou seja, fica mais uma vez evidente aquilo que, parecendo óbvio, não o é pelo simples facto de o grande capital, ao mesmo tempo que arrecada essa riqueza, desenvolver uma ofensiva ideológica com o fim de confundir, fazendo passar as velhas lengalengas do costume: «têm muito porque trabalharam muito, porque foram empreendedores, porque souberam usar o “elevador social”, porque pouparam, porque tiveram sorte, porque sabem gerir as suas empresas, porque… porque…». Ou seja, fica evidente que o grande capital acumula cada vez mais lucros por duas vias convergentes: a exploração dos seus trabalhadores e a especulação de preços que, sob diversos pretextos (epidemia, guerra, etc), não param de subir, como todos os dias se constata. E, cereja em cima do bolo, porque têm um Governo do PS de maioria absoluta a fazer a política de direita (em que convergem PSD, CDS, Chega e IL) totalmente ao seu serviço.

Mas fica também provado que, no combate à exploração e à especulação, os trabalhadores e o povo não prescindem de lutar. Como se tem visto na imensa torrente de lutas que se têm vindo a travar e que se vão projectar em grande força na jornada de luta do 1.º de Maio que aí vem.

Porque será que tanto os incomoda o Partido Comunista Português?...




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