Escolhas, verdadeiras e falsas
Construir a alternativa é necessidade de todos os que sofrem com a exploração e as injustiças
Na situação em que o País vive, é preciso aumentar os salários, as reformas e as pensões, reduzir e fixar preços, tributar de forma justa o capital, reforçar os serviços públicos, responder a problemas inadiáveis como a saúde, a habitação ou a educação.
O que faz o Governo? Toma medidas limitadas e transitórias para apoiar «os mais vulneráveis», mantém as normas gravosas da legislação laboral, trava o aumento dos salários, protege os lucros dos grupos económicos, assiste à degradação dos serviços públicos, promove a liberalização dos mercados, mantém a submissão às imposições e constrangimentos da União Europeia.
Na situação em que o País vive, é preciso combater o regabofe do poder dos grupos monopolistas, investir nos transportes, na habitação, numa rede pública de creches e de lares, retomar o controlo público dos sectores estratégicos, apoiar as micro, pequenas e médias empresas, promover a produção nacional.
O que faz o Governo? Acelera privatizações e PPP, desvia recursos económicos para o grande capital, não apoia as micro, pequenas e médias empresas, aprofunda a dependência do País.
A distância entre o que é preciso fazer e a acção do Governo é enorme. Mas apesar das ilusões que semeiam, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal não têm opções diferentes nem confrontam os interesses dos grupos económicos que bloqueiam e rapinam o país. Pelo contrário, se fossem governo aprofundariam a política de direita.
Sem resposta aos problemas, o Governo de maioria absoluta do PS, as forças reaccionárias e o grande capital empenham-se numa gigantesca operação ideológica para tentar convencer quem cá vive e trabalha que não há alternativa, nem outra forma de viver
● que o que funciona mal é sempre público, ou responsabilidade do que resta de público, e que tudo o que é privado é bom, eficiente e moderno;
● que todos os problemas começaram com a guerra no dia 24 de Fevereiro do ano passado: da inflação à falta de professores e médicos, passando pelos salários baixos, a seca ou os preços das casas. Ninguém tem culpa de nada – muito menos a política de direita e a gula dos grupos económicos;
● que devemos ter medo e senti-lo em todas as dimensões da nossa vida, sozinhos e cada um por si;
● que nada importa mais do que ter «contas certas», mercados satisfeitos e elogios do BCE e do FMI, mesmo que o dinheiro falte na saúde, na educação e no prato;
● que baixos é que os salários estão bem, e quanto mais lucros os grupos económicos acumularem, quanto mais ricos ficarem os mais ricos, melhor para todos;
● que os impostos são maus, principalmente os das empresas grandes, que podem fugir se tiverem que os pagar;
● que a corrupção está nos genes, nunca por o poder político se submeter ao poder económico;
● que em Portugal há «socialismo» porque o partido no governo tem um S no nome, apesar de toda a acção política ser expressão do capitalismo.
O que o grande capital procura é, como escreveu o Comité Central do PCP, «empurrar o povo português para falsas escolhas entre a política de direita do PS ou a das forças reaccionárias». Na verdade, o que se impõe é romper com a política de direita, travar os projectos que se preparam para a aprofundar, afirmar que há outro caminho, outra política, outras soluções.
«O PCP é a verdadeira oposição ao Governo do PS e à sua política, a força que faz frente aos projectos reaccionários e antidemocráticos de PSD, CDS, Chega e IL, a força portadora das soluções e das respostas necessárias ao país, a política patriótica e de esquerda», como igualmente refere o Comité Central.
Construir essa alternativa é uma necessidade de todos os que sofrem a exploração e a injustiça, de todos os que querem um país de liberdade, desenvolvimento e paz, que olham para o 25 de Abril e vêem nele as sementes desse futuro. Essa alternativa exige o reforço da luta dos trabalhadores e do povo, a convergência dos democratas e dos patriotas, o reforço da influência social e política do PCP.