Tropas dos EUA vão sair do Níger

As tropas norte-americanas estacionadas nas bases militares dos EUA no Níger vão abandonar o país, por decisão do governo de Niamey. A decisão, em defesa da soberania nacional nigerina, é mais uma derrota do imperialismo na África Ocidental. Segue-se à expulsão das tropas francesas do Mali, Burkina Faso e Níger e à retirada destes três países da CEDEAO, acusada de ser instrumentalizada pela França.

Por decisão do governo nigerino as forças norte-americanas vão abandonar bases militares no Níger

Os Estados Unidos da América (EUA) foram informados do fim do acordo militar entre Washington e Niamey e estão a planear a retirada das suas tropas do país oeste-africano, informaram as autoridades do Níger.

O ministro do Interior nigerino, general Mohamed Toumba, reuniu-se com a embaixadora dos EUA em Niamey, Kathleen FitzGibbon, para planear a retirada dos efectivos norte-americanos.

Antes, em meados de Março, um porta-voz do governo do Níger anunciara o termo do acordo de cooperação militar com os EUA, «com efeito imediato», tendo em conta «as aspirações e os interesses do povo», e considerara a presença militar norte-americana como «ilegal» e violando a Constituição do país.

Uma delegação norte-americana, liderada pela secretária de Estado adjunta para os Assuntos Africanos, Molly Phee, esteve então em Niamey e reuniu-se com vários responsáveis nigerinos, incluindo o primeiro-ministro, Lamine Zeine. Uma alta funcionária do Pentágono, Celeste Wallander, e o chefe do AFRICOM (Comando dos EUA para África), general Michael Langley, fizeram parte da delegação, que foi informada do fim da cooperação militar com o Níger.

Os EUA têm destacados neste país africano mais de um milhar de soldados, ao abrigo de um acordo assinado em 2012, e agora denunciado, e utilizam uma importante base de drones que construíram em Agadez.

O Níger já tinha expulsado do país cerca de 1.400 soldados franceses, cerca de 1.000 dos quais estacionados na capital e 400 outros em duas bases avançadas no oeste, em Ouallam e Tabarey-Barey, na fronteira com o Mali e o Burkina Faso.

Estes três países sahelianos – Mali, Burkina Faso e Níger –, governados por militares, anunciaram a próxima criação de uma força de segurança conjunta para combater a violência de grupos terroristas nos seus territórios. Anteriormente, Bamako, Uagadugu e Niamey estabeleceram um pacto de defesa colectiva e anunciaram a saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), acusando essa organização de ser instrumentalizada pela França.

Nos últimos dias, já depois da denúncia do acordo militar com os EUA, as autoridades nigerinas pronunciaram-se pelo aumento das suas relações de cooperação com a Rússia «em matéria de segurança e em temas de interesse comum».

Segundo um comunicado oficial, o general Abdourahamane Tchiani, presidente do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), no poder desde Julho de 2023, manteve uma conversa telefónica com o chefe do Estado russo, Vladimir Putin, sobre a necessidade de reforçar a cooperação em matéria de segurança através de um «projecto estratégico» entre os dois países. Os dois dirigentes falaram sobre as relações bilaterais, marcadas recentemente pelo apoio concedido por Moscovo a Niamey na «sua procura de soberania nacional».

Cancelada missão da União Europeia

A União Europeia (UE) terminou a sua missão de «aconselhamento civil e policial» no Níger. A missão será oficialmente cancelada em Junho, por decisão das autoridades nigerinas. Mas, na prática, «já foi expulsa», confirmou aos jornalistas o alto representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança da UE.

Em Dezembro de 2023, o novo governo do Níger denunciou formalmente o acordo que estabelecia a base jurídica para o destacamento da missão da UE no país.

 



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