Pelas crianças da Palestina

Cristina Cardoso

É ur­gente parar a car­ni­fi­cina

É de­vas­ta­dora a si­tu­ação em Gaza e em toda a Pa­les­tina. Is­rael in­ten­si­fica a agressão a um povo que é mas­sa­crado há mais de 18 meses. Os nú­meros falam por si e são prova mais que su­fi­ci­ente para con­cluir que es­tamos pe­rante um dos crimes mais he­di­ondos deste sé­culo: o ge­no­cídio do povo pa­les­ti­niano le­vado a cabo por Is­rael, fi­nan­ciado pelos EUA, apoiado pela UE e aba­fado pelos média.

No úl­timo re­la­tório apre­sen­tado pelo Mi­nis­tério da Saúde da Pa­les­tina, desde Ou­tubro de 2023 até ao pas­sado dia 20 de Abril, 51157 pa­les­ti­ni­anos foram mortos em Gaza, dos quais, quase 16 mil são cri­anças. Desde que, a 18 de Março, Is­rael que­brou o cessar-fogo – que durou 8 se­manas e contou com mais 350 vi­o­la­ções por parte das forças de ocu­pação, ma­tando 3 pa­les­ti­ni­anos por dia –, 1783 pes­soas, in­cluindo pelo menos 600 cri­anças, foram mortas. Na Cis­jor­dânia in­ten­si­fi­caram-se os ata­ques dos co­lonos, as agres­sões mi­li­tares, as pri­sões e já foram mortos 905 pa­les­ti­ni­anos, entre os quais 181 cri­anças. São nú­meros aos quais se somam mi­lhares, sem iden­ti­dade, a quem já não resta fa­mília so­bre­vi­vente para os re­clamar, que mor­reram de do­enças, in­fec­ções e fome, e de­sa­pa­re­cidos nos es­com­bros de uma Gaza di­zi­mada. Uma ver­da­deira ca­tás­trofe cujas con­sequên­cias, sobre aqueles que so­bre­vi­verem, per­du­rarão du­rante anos, par­ti­cu­lar­mente sobre as cri­anças.

Há mais de 50 dias que Is­rael blo­queia a en­trada de ajuda hu­ma­ni­tária em Gaza, le­vando a po­pu­lação de Gaza ao de­ses­pero. Um crime in­fli­gido por Is­rael, que afecta par­ti­cu­lar­mente cri­anças. Es­tima-se que 92% das cri­anças de 6 a 23 meses e mu­lheres grá­vidas e lac­tantes não te­nham as suas ne­ces­si­dades nu­tri­ci­o­nais aten­didas. 290 mil cri­anças me­nores de cinco anos e 150 mil mu­lheres grá­vidas e lac­tantes ne­ces­sitam de as­sis­tência e su­ple­mentos ali­men­tares. Is­rael blo­queia neste mo­mento as or­ga­ni­za­ções hu­ma­ni­tá­rias que têm as­sis­tência pronta para en­trar em Gaza in­cluindo 3 mil ca­miões de ajuda hu­ma­ni­tária da UNRWA.

A in­fância das cri­anças pa­les­ti­ni­anas é rou­bada a cada bomba que cai, a cada drone que lhes paira por cima, a cada prato vazio, a cada dia que não vão à es­cola. Se­gundo a agência OCHA (Ga­bi­nete das Na­ções Unidas para a Co­or­de­nação de As­suntos Hu­ma­ni­tá­rios) mais de 658 mil cri­anças em idade es­colar e 87 mil es­tu­dantes do en­sino su­pe­rior não têm es­paço fí­sico para a apren­di­zagem – 2308 ins­ta­la­ções edu­ca­ci­o­nais, desde cre­ches a uni­ver­si­dades, foram to­tal­mente des­truídas – e 13.289 es­tu­dantes e 651 fun­ci­o­ná­rios da edu­cação foram mortos.

Em De­zembro de 2024, Gaza tinha o maior nú­mero de cri­anças am­pu­tadas per ca­pita no mundo: entre 3 mil e 4 mil cri­anças em Gaza ti­veram um ou mais mem­bros am­pu­tados, tendo sido a mai­oria das am­pu­ta­ções re­a­li­zada em con­di­ções pre­cá­rias e de­su­manas por falta de con­di­ções. Ao so­fri­mento fí­sico a UNICEF es­tima que mais de 1 mi­lhão de cri­anças em Gaza ne­ces­sitem de apoio à saúde mental.

É ur­gente parar a car­ni­fi­cina, pôr fim ao ge­no­cídio. A Hu­ma­ni­dade deve às cri­anças pa­les­ti­ni­anas todo o seu em­penho na firme so­li­da­ri­e­dade com o seu povo. Pelo seu pre­sente e fu­turo e o da Pa­les­tina livre e in­de­pen­dente, no pró­ximo dia 28 de Abril, que as pa­la­vras cri­ança, es­pe­rança e Pa­les­tina en­cham o Rossio, em Lisboa.

 



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