Vietname, 30 de Abril de 1975
O que decide do rumo da História é a luta e a solidariedade
Há acontecimentos que deixam na História sulcos tão profundos que nem a sua deliberada ocultação pela classe dominante nem a passagem do tempo conseguem apagar. A derrota do imperialismo norte-americano no Vietname, consumada em 30 de Abril de 1975 com a tomada de Saigão pelas forças de libertação vietnamitas e a subsequente unificação do Vietname (Julho de 1976) sob a bandeira do socialismo, é um desses acontecimentos. Assinalar o 50.º aniversário do “Dia da Libertação” do Vietname é render homenagem a um povo que resistiu vitoriosamente a uma das mais cruéis agressões que a história regista.
No Vietname, e também no Laos e no Camboja, os EUA cometeram os crimes mais monstruosos. Do bombardeamento e incêndio de povoações à utilização em massa do napalm, bombas de fósforo e outras armas químicas proibidas, tudo foi usado para tentar sufocar a resistência popular generalizada a uma ditadura fantoche e à ocupação estrangeira. O recurso à arma nuclear chegou a ser considerado.
Depois da expulsão em 1945 do ocupante japonês, da fundação no Norte do país de um Estado socialista e da definitiva derrota do colonialismo francês na histórica batalha de Dien Bien Phu (1954), os EUA, na sua estratégia de “contenção do comunismo” e visando substituir a França na colonização da Indochina, violaram os acordos de Genebra que reconheciam a soberania, unidade e integridade territorial do Vietname e atolaram-se numa guerra de agressão genocida que chegou a envolver mais de meio milhão de militares no terreno. Mas nem essa mobilização de força militar sem precedentes, nem o sistemático bombardeamento de todo o território do Sul e de Hanoi, Haiphong e de outras cidades da então República Democrática do Vietname, conseguiram sufocar a heroica resistência popular organizada e dirigida pelo Partido Comunista do Vietname.
No Vietname, a maior potência imperialista e a mais poderosa e desumana máquina de guerra foi derrotada. E humilhada. A vergonhosa debandada final dos agressores, um autêntico “salve-se quem puder”, está bem documentada nas conhecidas imagens dos helicópteros recolhendo norte-americanos e lacaios vietnamitas fugitivos pelo telhado da Embaixada dos EUA em Saigão. Uma derrota que abalou a própria elite dirigente norte-americana (o chamado “síndroma do Vietname”), mas que sobretudo confirma que, por mais poderoso que seja o inimigo é possível resistir e vencer.
No caso do Vietname, a vitória evidenciou a extraordinária unidade, coragem e criatividade de todo um povo, do Norte socialista e do Sul ocupado, em que os objectivos de libertação nacional e de emancipação social se deram as mãos sob a direcção do PCV e do seu fundador, o Presidente Ho Chi Minh, personalidade histórica cimeira do movimento comunista internacional. Uma vitória que contou com o mais poderoso movimento de solidariedade internacional do pós guerra e que teve nos próprios EUA uma extraordinária dimensão, com a massiva participação da juventude.
Nestes tempos de resistência que vivemos, a vitória do povo vietnamita sobre a mais poderosa potência capitalista do mundo contém uma mensagem de confiança muito forte: o que em definitivo decide do rumo da História é a luta dos trabalhadores e dos povos e a força da solidariedade internacionalista.