Onde está o Wally?

Margarida Botelho

A SIC Notícias anunciou um novo programa: Linhas Direitas, apresentado como o «primeiro de debate dos partidos de direita na televisão.» Incluirá Miguel Morgado, do PSD, Carlos Guimarães Pinto, da IL, e Cristina Rodrigues, do Chega. A fina flor.

Bernardo Ferrão, director da SIC Notícias e da informação da SIC, justificou em declarações ao Público a nova opção: «a antena da SIC Notícias sempre reflectiu muito o xadrez parlamentar» e como «o debate vai estar muito centrado nos dois terços da Assembleia da República (...) os espectadores merecem que a SIC Notícias lhes dê o pensamento, o debate e o que está em causa nas propostas e nos debates destes partidos». Tanta candura quase comove, não é?

Questionado pelo jornal porque não fez o mesmo quando o “xadrez parlamentar” permitia outra maioria, Ferrão argumenta que «as esquerdas sempre estiveram muito representadas na antena da SIC Notícias», lembrando-se os espaços de opinião próprios de Francisco Louçã, Mariana Mortágua, Catarina Martins, Pedro Nuno Santos ou, acrescentamos nós, Rui Tavares.

E é aqui que este assunto faz lembrar a série de livros “Onde está o Wally?”, em que o leitor tem que encontrar o jovem de óculos e camisola às riscas, perdido no meio de multidões. Onde está alguém do PCP na antena da SIC? E na RTP? Na CNN e no Now lá encontraremos com muito esforço, num cantinho da página mas aguerridos e esclarecedores, Bernardino Soares e João Ferreira. Nos outros, como em quase todos os jornais, nem um para amostra.

Há hoje um pequeno coro de almas chocadas com a falta de esquerda na antena da SIC, que não se ouviu estes anos todos em que não esteve ninguém do PCP. São bem vindos à indignação. Quando falamos de silenciamento e de discriminação do PCP é de opções como estas a que nos estamos a referir. Mas como dissemos sempre, estas opções anti-democráticas não visam só os comunistas. Têm objectivos muito mais amplos, como se vê. E cá estaremos, a dar-lhes combate.

 



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