Desigualdade obscena nos EUA

Mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas nos EUA, segundo os dados do Departamento de Trabalho norte-americano. O valor assinala um crescimento de cerca de meio milhão de registos desde o passado mês de Março, e traduz a dimensão das consequências da crise capitalista para o povo, sobretudo se considerarmos que nesta contabilidade oficial não entram os empregados a tempo parcial e os trabalhadores que já perderam o direito a prestação social e desistiram de manter a respectiva inscrição no centro de emprego.

Caso estes últimos, catalogados como inactivos, figurassem nas estatísticas então a taxa de desemprego passaria de 9,1 para 11 por cento, nota o conservador Wall Street Journal.

Em 18 áreas metropolitanas das 370 estudadas, a taxa de desocupação forçada ascende mesmo a cifras superiores a 15 por cento, diz igualmente o Departamento do Trabalho, que sublinha também que cerca de 70 por cento dos norte-americanos habitam em cidades.

 

Burguesia enche bolsos

 

Mas enquanto os trabalhadores norte-americanos enfrentam tempos de aflição avolumados pelos draconianos cortes públicos nas administrações federal e local, os directores executivos das 200 maiores empresas do país arrecadaram em 2010 salários médios de quase 11 milhões de dólares, mais 23 por cento que em 2009, revelou o New York Times.

Se forem consideradas as 299 maiores privadas, então o rendimento médio dos gestores de topo ascende a 11,4 milhões de dólares em média por ano, afirma a AFL-CIO, longe, muito longe do somatório do salário médio do trabalhador norte-americano por semana, 752 dólares.

Casos como o do director da Viacom, Philippe Dauman, com 84,5 milhões de dólares de rendimentos em 2010, ou de Leslie Moonves, da CBS, com 56,9 milhões arrecadados no ano passado, ilustram a obscenidade do sistema.

Em nota final, cabe lembrar que a nova directora do Fundo Monetário Internacional, Cristhine Lagarde, vai receber um total de 381 mil euros por ano, «salário» limpo de despesas, já que estas ficam por conta da instituição, que justifica a retribuição com a «exigência da função».

Contas feitas e fora as prebendas, um português que ganhe o salário mínimo nacional precisa de trabalhar 57 anos para arrecadar o que a senhora Lagarde embolsa num ano.



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