Francisco Costa Gomes, o único marechal do país e antigo Presidente da República, morreu terça-feira passada, com 87 anos, em Lisboa, no Hospital de Santa Maria. O seu funeral realizou-se ontem, da Basílica da Estrela, onde esteve em câmara ardente, para o cemitério do Alto de S. João.
No momento do seu falecimento, o Secretariado do Comité Central do PCP exprimiu «a sua profunda mágoa» e sublinhou que o seu nome ficará «indissoluvelmente ligado à revolução libertadora de 25 de Abril de 1974 e à instauração do regime democrático e como um militar que deu um importante contributo à causa da paz e do desarmamento».
Em declaração sobre a sua morte, Carlos Carvalhas saudou o militar e patriota «a quem o 25 de Abril e o regime democrático, a causa da paz e a cooperação entre os povos muito devem».
A Comissão Executiva Nacional de «Os Verdes» salientou «a perda de um dos mentores da democracia em Portugal».
Uma longa carreira
militar e política
Costa
Gomes nasceu em Chaves em 1914 e iniciou a sua carreira militar em 1931, tendo-se
licenciado, em 1944, em Ciências Matemáticas.
Em 1958, foi nomeado subsecretário de Estado do Exército, cargo
de que foi exonerado devido às suas divergências com a política
colonial fascista.
Em 1972, foi nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, mas, em
Março de 1974 foi exonerado, por ter recusado prestar lealdade ao governo
de Marcelo Caetano.
Após a revolução de Abril, fez parte da Junta de Salvação
Nacional e, até Setembro de 1974, foi chefe do Estado-Maior General das
Forças Armadas, com prerrogativas de primeiro-ministro.
Após a demissão de Spínola, assumiu o cargo de Presidente
da República, cessando funções quando foram realizadas
as primeiras eleições livres por sufrágio directo e universal
para Presidente da República.
Atingiu o marechalato em 1981. Esteve ligado ao Conselho Português para
a Paz e Cooperação (CPPC) e foi membro activo da organização
Generais pela Paz, que incluía também os generais na reserva Nino
Pasti, Antoine Sanguinetti, Georgios Koumanakos, Hermann von Meyenfeldt, Gert
Bastian, Johan Christie e Michael Hardbottle.
Mensagem de Álvaro Cunhal
A Maria Stella Costa Gomes, com profundo respeito e a grata lembrança
de vos ter conhecido, acompanho-a a si e à sua família nesta hora
de dor, prestando homenagem ao marechal Costa Gomes pelo seu ímpar papel
na Revolução de Abril e na instauração e defesa
do regime democrático - Álvaro Cunhal, 1.8.2001
«Avante!» Nº 1444 - 02.Agosto.2001