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Souselas contra
testes de co-incineração

A população de Souselas voltou a manifestar-se, no passado dia 27, frente à cimenteira da Cimpor, em protesto contra a «falta de transparência» e «prepotência» da Comissão Científica Independente (CCI) no processo de co-incineração.

A manifestação foi promovida pela Comissão de Luta Contra a Co-incineração, que critica o facto de os testes de queima de lixo tóxico terem sido iniciados em segredo, «desmentidos e depois confirmados».

A suspeita de que estariam a ser realizados «testes clandestinos» levou já ao bloqueio da entrada e saída de camiões da cimenteira, no início da semana passada. Uma acção em que estiveram presentes responsáveis da Associação de Defesa do Ambiente de Souselas, da Comissão de Luta contra a Co-incineração e do Sindicato dos Professores da Região centro.

Também a CDU de Coimbra tomou posição, considerando que «esta é uma situação inaceitável» e acusou o Governo de estar a «desrespeitar os compromissos que assumiu, quer na Assembleia da República, quer junto das populações».

Em causa está o facto de se ter arrancado com queima de tóxicos «quando se ia iniciar um estudo epidemiológico em que se pretendia determinar o estado de saúde da população antes da co-incoineração», sublinha a Comissão de Luta.

Segundo a CCI, os mini-testes de co-incineração começaram no início da semana passada, com a queima de uma tonelada de combustível alternativo (resíduos industriais perigosos misturados com serrim) por hora. O caudal do combustível alternativo queimado aumentou progressivamente até sexta-feira, último dia dos mini-testes, com três toneladas e meia por hora.

Os testes definitivos estão previstos a partir de Setembro, devendo o processo de co-incineração começar em Outubro ou Novembro. Decisões tomadas sem que tenham sido feitos ainda os estudos epidemiológicos e apesar dos protestos das populações.

«Avante!» Nº 1444 - 02.Agosto.2001