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PS e RTP
O verniz
começa a estalar

Os ataques desferidos por altos dirigentes do Partido Socialista contra a direcção de informação da RTP, foram a semana passada denunciados pelo PCP, em reunião da Comissão Permanente da AR.

Em intervenção na Comissão, o deputado António Filipe lembrou a sucessão de factos, primeiro com Edite Estrela a exigir a privatização da RTP, a que se seguiu Jorge Coelho, «a lançar pressões inadmissíveis sobre o serviço público da televisão, exigindo um tratamento preferencial para o Partido Socialista na cobertura jornalística da campanha eleitoral para as autarquias» e, por último, outra vez Edite Estrela, pondo mesmo em causa a permanência das chefias da RTP.

«Decididamente começa a estalar o verniz aos dirigentes do PS», considerou o deputado comunista, que fez referência a intervenções públicas caluniosas, de Jorge Coelho, contra Câmaras de maioria CDU, e ordens dadas por Edite Estrela para remoção ilegal de propaganda da CDU. «O objectivo declarado destes dirigentes do PS – sublinhou o deputado comunista – é poder controlar a televisão pública e colocá-la ao serviço dos seus objectivos eleitorais».

Uma situação que se torna «ainda mais insólita» com o absoluto silêncio do Secretário de Estado da Comunicação Social.

Na sua intervenção, António Filipe sublinhou que esta situação assume uma «tripla gravidade».

É grave, antes do mais, porque revela a disposição dos dirigentes do PS de recorrer a todos os meios para influenciar, a seu favor, o resultado das próximas eleições autárquicas.

É grave também, porque revela intuitos de «colocar o serviço público de televisão aos serviço dos interesses eleitorais do partido do Governo».

É grave ainda, porque, como sublinhou o deputado comunista, «é por estas e outras atitudes que se revela a incapacidade do Governo PS para resolver os gravíssimos problemas que afectam a RTP».

«A correcção democrática que se exige para a próxima campanha eleitoral e a salvaguarda da independência do serviço público de televisão, que o PS tanto dizia defender, impõem a cessação imediata deste tipo de procedimentos», afirmou, a concluir, António Filipe.

«Avante!» Nº 1444 - 02.Agosto.2001