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Afeganistão
Baixas americanas
na «Operação anaconda»

Pelo menos 10 soldados norte-americanos morreram e 40 ficaram feridos, entre sábado e terça-feira, em recontros com forças talibãs e da Al Qaeda concentradas nas montanhas junto à fronteira com o Paquistão. Os combates terão igualmente provocado um número indeterminado de vítimas entre as tropas afegãs.

O assalto ao «foco de resistência» talibã, com o nome de código «Operação anaconda», teve início sexta-feira e mobilizou um milhar de soldados norte-americanos, apoiados por comandos do Canadá, Austrália, Dinamarca, França, Noruega e Alemanha, e por cerca de 500 soldados do governo provisório afegão. A operação começou com violentos ataques aéreos, com bombardeiros B-52, caça-bombardeiros, aviões artilhados C-130 e helicópteros, cujo objectivo era abrir o caminho à artilharia. Em três dias foram lançadas mais de 300 bombas, incluindo a nova coqueluche dos EUA, a bomba termobárica.

A resposta dos talibãs entrincheirados nas montanhas - o Pentágono estima em 500 o número de resistentes, mas as autoridades locais afegãs falam em 4000 ou 5000 - ultrapassou no entanto as expectativas, o que no mínimo revela que a alegada «eficácia» dos bombardeamentos norte-americanos contra os talibãs e a Al Qaeda, desencadeados a 7 de Outubro, está longe de ter sido tão eficaz quanto isso.

«É muito possível que essa gente se tenha refugiado temporariamente no Paquistão, ou em zonas rurais do Afeganistão, após as batalhas de Cabul e Mazar-i-Sharif, e pouco a pouco tenha sido convocada pelos seus chefes», afirmou o secretário de Estado norte-americano Donald Rumsfeld. Quanto às armas, Rumsfeld admite que estivessem já ocultas nas montanhas antes do início da guerra.

A bomba que mata por asfixia


A bomba termobárica, usada pela primeira vez no passado fim-de-semana no Afeganistão, foi testada a 14 de Dezembro no deserto de Nevada, onde demonstrou as suas capacidades ao destruir um complexo de túneis.

A principal característica do novo explosivo, que dá pelo nome BLU-118B, é a capacidade de matar qualquer ser vivo dentro de túneis ou cavernas sem destruir a estrutura. Ao contrário de outras bombas, esta não explode ao embater num obstáculo. Entra na caverna e explode em dois tempos: a primeira descarga dissemina partículas no ar a grande distância; uma fracção de segundos depois, os componentes químicos provocam a explosão das partículas, que eliminam por completo o oxigénio do ar. A subida brutal da temperatura e da pressão barométrica provoca o resultado desejado. Ninguém sobrevive à explosão da bomba num local fechado, mas a estrutura mantém-se intacta, permitindo a sua posterior inspecção.

A par dos bombardeamentos, o Pentágono lançou uma campanha psicológica com o lançamento massivo de panfletos na zona dos combates e aldeias vizinhas.

Os folhetos ostentam uma fotografia de um veículo com soldados talibãs e a ameaça: «A comunidade internacional está a ver. Vê tudo. Se ajudarem a Al Qaeda e os talibãs serão destruídos».

«Avante!» Nº 1475 - 7.Março.2002