Angola
Presidente admite
referendo sobre Cabinda
José Eduardo dos Santos admitiu em entrevista à rádio norte-americana Voz da América que a questão de Cabinda pode ser alvo de uma consulta popular, desde que feita a todo o povo angolano. Durante a sua visita oficial aos Estados Unidos, o presidente de Angola respondeu também a algumas questões relacionadas com o processo de paz no país e acusou o FMI de ultrapassar as suas competências em Angola.
«Temos a obrigação de proteger a população. Enquanto houver homens armados a desenvolver acções militares, como pode o governo declarar um cessar fogo? Acho que seria absurdo», reiterou o chefe de Estado. O Presidente criticou ainda a «acção policial» do FMI em Angola, acusando a instituição de ultrapassar as competências da sua missão.
Referindo-se à mini-cimeira dos Estados Unidos, que se realizou ao lado dos presidentes Joaquim Chissano, de Moçambique, e Festus Mogae, do Botswana, José Eduardo dos Santos afirmou que: «tratámos de questões gerais que têm a ver com a paz, a segurança e a democracia, a promoção do comércio e do investimento». O presidente angolano manifestou ainda esperança quanto a um entendimento final com a UNITA: «É necessário que os angolanos tenham a capacidade de perdoar, aceitar a diferença e de conviver em paz».
Em relação à polémica questão de Cabinda,
o Presidente colocou de parte a possibilidade de realizar um referendo local
sobre o futuro do Enclave. «Temos de saber o que é que todos os
angolanos querem, qual é a sua opinião sobre Cabinda. Eu considero
Cabinda parte integrante de Angola. Não particularizo a população
de Cabinda. Falo do povo de Angola. É uma questão que deve ser
resolvida não apenas pelo governo, mas pelo povo de Angola», defendeu.
«Avante!» Nº 1475 - 7.Março.2002