Paquistão
Consolidação do poder militar
Pervez Musharraf, no poder desde o golpe de Estado de 1999, prestou, segunda-feira, juramento, no Palácio Presidencial de Islamabad, para um novo mandato de cinco anos, sob fortes criticas dos partidos políticos e religiosos.
Neste mandato, o presidente paquistanês usufrui de novos poderes, previstos na constituição, entre os quais o direito de suspender o Parlamento e dissolver os governos eleitos, além de liderar o recém-eleito Conselho de Segurança Nacional, destinado à supervisão do governo pelos militares.
Legisladores, líderes religiosos e políticos criticaram severamente Musharraf, que acusam de ter protagonizado uma «farsa» no referendo de Abril, onde obteve 42,8 milhões de votos a favor.
Recorde-se de que no início do ano, durante o referendo, Musharraf prometeu conceder todo o poder executivo ao primeiro-ministro, garantindo por outro lado, manter nele próprio o poder de dissolver o Parlamento. «Estas eleições vão ser abertas, limpas, cristalinas, livres e justas. Estou muito satisfeito por cumprir o que prometo. Dou-vos honestidade e se alguma vez me enganar, não terei qualquer hesitação em assumi-lo», afirmou, o presidente paquistanês.
Entretanto, analistas e críticos acusam Musharraf, elemento-chave da política norte-americana, de assegurar-se de que todos os poderes permanecem nas suas mãos. Também a organização humanitária Human Right Watch declarou: «o Paquistão testemunhou uma consolidação do poder militar, em vez de uma transição para a democracia».
Paquistanês executado nos EUA
Um paquistanês, que em 1993 matou dois agentes da CIA para vingar a política norte-americana no Médio Oriente, foi executado, na passada semana, nos EUA.
Na terra natal do condenado, centenas de pessoas manifestaram-se contra a execução de Kasi, com cartazes onde se lia «Bush é inimigo dos muçulmanos» e «parem todas as ingerências nos assuntos internos do Paquistão».
Receando ataques como represália, a embaixada dos Estados Unidos no
Paquistão redobrou a vigilância e fechou os serviços ao
público da embaixada e dos consolados.
«Avante!» Nº 1512 - 21.Novembro.2002