Sempre com quem trabalha
As consequências do aprofundamento da crise do capitalismo e da política de direita estão a fazer-se sentir nas empresas, onde os trabalhadores são alvo de violentos ataques contra os seus salários, direitos e condições de vida. E é aí que o PCP intervém, estreitando os laços que o unem a quem vive da venda da sua força de trabalho.
À boleia da crise, muitas empresas tentam fazer recuar direitos
Em Olhão, a Comissão Concelhia do Partido considera ilegal e inadmissível a expulsão compulsiva da empresa de uma trabalhadora e delegada sindical da J.A. Pacheco no passado dia 6 de Julho. Num comunicado de dia 15, a estrutura comunista afirma que a referida expulsão foi feita «sem quaisquer argumentos, sem qualquer justificação, sem qualquer nota de culpa fosse sobre o que fosse». O PCP exige que os poderes públicos «exerçam as suas competências e façam cumprir a lei, o que já vai tardando». Manifestando a sua solidariedade para com a trabalhadora sujeita à arbitrariedade patronal, a Comissão Concelhia de Olhão do PCP afirma que tudo fará para que o respeito pelos direitos por parte do patrão seja uma realidade.
Ainda no Algarve, mas em Albufeira, a Comissão Concelhia do PCP denuncia a existência de uma centena de trabalhadores a prestar serviço ao Grupo Carlos Saraiva – Herdade dos Salgados com dois meses de salários em atraso. Lembrando que Carlos Saraiva tem sido um dos principais beneficiados da expansão turístico-imobiliária no concelho, os comunistas exigem a rápida intervenção da ACT e o pagamento daquilo que é devido aos trabalhadores.
Também em atraso estão metade do salário de Maio e o salário de Junho de cerca de 200 trabalhadores da Teodoro Gomes Alho, empresa do sector da construção civil sediada no concelho de Sesimbra. No dia 15, o Secretariado da Comissão Concelhia do PCP saudava a atitude dos trabalhadores, que «resistiram aos despedimentos e às rescisões por mútuo acordo pagas a preço de saldo, não respeitando os direitos adquiridos». Repudiando a atitude da empresa, os comunistas solidarizam-se com a luta dos trabalhadores e garantem que levarão o problema à Assembleia da República. O sindicato do sector, da CGTP-IN, lembra, num comunicado de dia 11, que há um ano que a Teodoro Gomes Alho atravessa um processo de insolvência e que nas medidas apresentadas para a sua recuperação constava a redução para metade dos cerca de 450 postos de trabalho. Entretanto, muitos já rescindiram os seus contratos.
No concelho de Santa Maria da Feira, a Cifial informou os trabalhadores que irá entrar em lay-off nos próximos meses, com redução do período normal de trabalho. Num comunicado de dia 15, a Comissão Concelhia do PCP lembra que não é a primeira vez que a empresa recorre a este expediente e que a intenção de o voltar a fazer, neste momento da vida do País, «assume extrema gravidade». Em primeiro lugar porque vai reduzir drasticamente os salários de mais de duas centenas de trabalhadores por um longo período e depois porque 70 por cento do valor dos salários será suportado pela Segurança Social. Serão, desta forma e uma vez mais, os recursos públicos a «tapar os buracos» de empresas privadas que, como é o caso, «acumularam lucros e património consideráveis ao longo de anos à custa da maior exploração e de baixos níveis salariais».
É este o futuro que queres?
Num comunicado aos trabalhadores de call-centers, a célula das telecomunicações do PCP questiona: «É este o futuro que queres para ti?» Estes trabalhadores «do século XXI» têm direitos do século XIX, considera o PCP, enumerando-os: contratos precários, mensais, semanais, ao dia ou à hora; pagamento à hora; alterações de horários mediante chantagem com o despedimento; pressão para gozo de férias em determinados períodos; salários baixos complementados com prémios variáveis que podem ser revistos a qualquer momento.
Se é este o panorama actual, o futuro promete ser ainda mais negro, a não serem travadas as medidas constantes no programa do Governo e no memorando da troika: facilitação dos despedimentos, congelamento dos salários, aumento dos preços e dos impostos. Apelando aos trabalhadores para que não aceitem pagar uma crise causada por outros e para que lutem contra este futuro que lhes querem impor, o PCP apresentava ainda, no comunicado, as suas propostas alternativas.
À boleia da crise
Do contacto efectuado pelo Grupo Parlamentar do PCP com a Comissão de Trabalhadores da TNC (Transportadora Nacional de Camionagem), em Alverca, resultou um requerimento ao Governo sobre a situação que se vive naquela empresa. No dia 14, os 126 trabalhadores foram confrontados com o encerramento da empresa e com a troca de fechaduras das instalações.
Como valoriza o grupo parlamentar do PCP no requerimento entregue nesse mesmo dia, os trabalhadores mantiveram-se em protesto no local defendendo o património da TNC, impedindo assim a deslocalização dos seus bens e património. Os trabalhadores garantem que até ao mês passado a empresa sempre pagara atempadamente os salários e não tinha dívidas à Segurança Social. A acrescentar a isso, a TNC tem um volume de negócios assinalável, não constando que a procura dos seus serviços tenha diminuído.
Este desfecho apanhou os trabalhadores de surpresa e nada lhes foi dito acerca do seu futuro. Apesar de a empresa ter procedido a um processo de alienação de recursos, nomeadamente camiões, para cumprir uma suposta reestruturação com ameaça de insolvência, nada fazia supor esta conclusão. Do Governo o PCP quer saber que esforços realizou para garantir a laboração da empresa, tendo em conta a aparente viabilidade desta.