Na Ponte 25 de Abril
passou a exigência de mudança

Pôr o Governo na rua

Nas centenas de autocarros, nos carros de som, nas vozes e nos rostos de homens, mulheres e jovens que se manifestaram na zona de Alcântara, foi evidente a determinação de prosseguir a luta para mudar de Governo e de política, única forma de cortar pela raiz os justos motivos do protesto popular.

A travessia da Ponte 25 de Abril foi muito mais do que uma simples passagem

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Em Almada, algum tempo antes da hora marcada, autocarros vindos de vários pontos do País alinhavam-se junto à rotunda do Centro-Sul que dá acesso à Ponte 25 de Abril. À medida que os minutos passavam, muitos outros, de outros locais, juntavam-se trazendo mais pessoas, com mensagens e reivindicações coladas nos vidros dos veículos e dirigidas aos que têm desgovernado o País: «Vamos pôr o Governo na rua», «Demissão já», «25 de Abril sempre», «Aumento de salários dignos», «Direito à contratação colectiva», «Emprego com direitos», «1 por cento para a Cultura».

Por volta da uma hora da tarde começou o desfile de autocarros em direcção a Lisboa, arrancando, naquele curto percurso, palavras convictas de quem, contra todos os constrangimentos, persistiu em fazer daquele lado – com toda a carga simbólica que isso implica – o início de mais uma jornada de luta por um país melhor.

Antes das portagens, na ponte que liga o Pragal ao Bairro do Miradouro, um grupo apelava: «Buzine por Abril».

Passando o «obstáculo», que já fez abalar governos, e olhando para o Cristo-Rei, descobria-se centenas de espectadores, muitos deles «armados» com objectivas, empenhados em ficar com uma imagem do que foi aquela impressionante acção promovida pela CGTP-IN.

Nas portagens, nas entradas da Ponte, nos sentidos Sul para Norte, também a PSP e a GNR marcaram presença em grande número, não interferindo no normal andamento da marcha.

Lutar pela alternativa

A travessia para o lado Norte não foi apenas uma passagem, mas algo muito mais intenso. À medida que os autocarros se aproximavam do seu destino, uma energia crescia dentro de cada um dos manifestantes; o mesmo sentimento tomava conta dos automobilistas e motociclistas, que, organizados ou não, decidiram acompanhá-los, com bandeiras e gestos de incentivo.

Junto à estrada do Alvito uma multidão esperava o desfile sobre rodas. Foi um momento, mais um, de fazer arrepiar, mesmo os mais habituados. O tom das palmas e das palavras crescia a cada veículo que se aproximava. «Este Governo rouba os pobres para dar aos ricos», lia-se num cartaz improvisado para o momento.

Encaminhados para diferentes localizações devido ao seu elevado número, os autocarros separaram-se, para depois os seus passageiros se voltarem a encontrar vindos da Avenida 24 de Julho, do Largo do Calvário, da Avenida de Ceuta e da Praça da Armada, confluindo para a Rua de Cascais, em Alcântara, onde, ao fundo, estava o palco que mais tarde acolheu as intervenções de Filipa Costa (Interjovem), Vitor Jesus (Inter-Reformados) e Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN. Ali, no final da jornada de luta, foi apresentada a Resolução «Pôr o Governo na rua! Acabar com a política de direita – Lutar pela alternativa política, de esquerda e soberana», que os manifestantes aprovaram com entusiasmo.

«Não à privatização dos CTT», «Professores querem trabalho», «Queremos justiça! Indemnizações às viúvas dos ex-trabalhadores da ENU», «Trabalhadores do Lidl exigem fim da pressão para a alteração da carga horária», «Enfermeiros exigem respeito e salário digno», «Em defesa dos direitos dos reformados», «Por uma Carris ao serviço da população», «Não podem ser sempre os mesmos a pagar», «40 anos de vira o disco e toca o mesmo», «Basta desta política», foram algumas das muitas razões trazidas à jornada de luta com a convicção de quem não baixa os braços e sabe que vale sempre a pena lutar.




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