Governo faz aumentar idade da reforma

É trabalhar até morrer

 

A maioria PSD/CDS-PP aprovou, com os votos contra de todos os partidos da oposição, a alteração à lei de bases da Segurança Social que permite um aumento da idade de reforma já em 2014 para os 66 anos.

Governo cria um novo facto de incerteza na vida dos trabalhadores

Este aumento imediato é obtido a partir da mexida no ano de referência do chamado factor de estabilidade que o Governo muda de 2006 para 2000.

O único objectivo desta medida é poupar 205 milhões de euros (esse é o valor inscrito no Orçamento do Estado), «à custa dos trabalhadores, obrigando-os a trabalhar mais tempo e assim agravar as injustiças e a exploração», acusa o PCP, que contesta este caminho e afirma haver alternativa (ver caixa).

De acordo com a proposta de lei, submetida a debate e aprovada sexta-feira passada, com a presença do ministro do Trabalho Pedro Mota Soares, a idade para aceder à pensão de reforma passa a depender da evolução da esperança média de vida.

O que significa, advertiu o deputado comunista Jorge Machado, «atirar para a incerteza a vida dos trabalhadores», que deixam de poder programar a sua passagem à idade de reforma.

«O aumento da esperança média de vida representa para este Governo mais tempo de trabalho e não uma melhoria da qualidade de vida ou a possibilidade de gozar uma reforma com mais tempo e qualidade», criticou o deputado do PCP, indignado por aquele, «usando as portas que o PS abriu, com a introdução do factor de sustentabilidade», utilizar o avanço tecnológico e o aumento da esperança média de vida para «atacar as condições de vida dos trabalhadores e não para as melhorar».

Já antes, interpelando directamente o ministro, o deputado comunista David Costa criticara com dureza o Governo por este, alterando regras para pior que atingem sempre os mesmos, vir agora fazer depender a idade de reforma de factores e taxas, «como se o corpo humano fosse reciclável».

«Com as condições cientifico-tecnológicas do século XXI, este Governo impõe retrocessos civilizacionais para os trabalhadores, através das condições de prestação e remuneração de trabalho do século XIX», denunciou.

Os efeitos do aumento da idade de reforma sentir-se-ão ainda num aumento do desemprego, segundo Jorge Machado, que não deixou de anotar o facto de o Governo não estar a ter em conta as longas carreiras contributivas.

Lembrou, nomeadamente, que há trabalhadores que iniciaram as suas carreiras contributivas muito cedo, aos 14 e 15 anos de idade, e que hoje com 40 ou mais anos de descontos são confrontados com a obrigação de «trabalhar mais e mais tempo».

E por considerar esta situação injusta e imoral é que o PCP propôs que os trabalhadores com 40 ou mais anos de carreira posam reformar-se, independentemente da idade, e sem penalizações.


O caminho é outro

À penalização sistemática dos trabalhadores – sempre as vítimas de um Governo apostado em proteger os grandes grupos económicos –, o PCP contrapõe com clareza um outro caminho. Desde logo, como sumariou Jorge Machado, pelo ataque à fraude e à fuga às contribuições. Mas também pelo combate ao desemprego, esse terrível flagelo com consequências sociais e nos planos da despesa e da perda de receitas. Sem falar na diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social, «obrigando a quem muita riqueza acumula mas pouco contribui a descontar mais em função da riqueza criada».

 

 

 



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Bases sólidas e credíveis para uma política alternativa

 

Foram mais de centena e meia as propostas do PCP de alteração ao OE para 2014, abrangendo as mais diversas áreas, Trabalho, Segurança Social, Administração Pública, Habitação, Saúde, Educação, Cultura, bem como matéria fiscal.

Embora sem nenhuma espécie de ilusão quanto à possibilidade de este terceiro OE do Governo PSD/CDS-PP ser reformável ou susceptível de inflexão nas suas linhas mestras, a bancada do PCP não desistiu de tudo fazer para minorar os terríveis efeitos das medidas naquele contidas e que, inevitavelmente – se nada for feito –, se abaterão de modo implacável sobre a vida de milhões de portugueses, em particular dos trabalhadores e reformados.

Mas a batalha dos deputados comunistas não se esgotou neste plano. O conjunto coerente e articulado de propostas que apresentou no debate teve ainda o mérito de pôr em evidência o quanto é falsa a tese do Governo de que não há alternativa à política por este lavada a cabo. Há alternativa, sim senhor, há soluções credíveis para os problemas, há uma outra visão para o futuro do País. O que os deputados comunistas comprovaram, uma vez mais, com as suas propostas (e foi muito significativo que o PS tenha acompanhado a maioria PSD/CDS-PP na rejeição de muitas delas), é que um outro rumo é não só possível como absolutamente necessário para tirar Portugal do atoleiro em que a política de direita, extremada com a receita da troika, o mergulhou.

É essa mudança e sentido transformador que respira nas propostas e palavras dos deputados comunistas, como adiante se verá.

 

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