Modelo que serve apenas alguns
(…) Dizem os principais responsáveis do Governo que «o pior já passou», mas é uma falácia! A mesma falácia com que anunciavam que as medidas de austeridade eram temporárias, para um curto espaço de tempo. Mal o tinham afirmado e ainda não estavam aprovadas as medidas brutais que acabaram de ser votadas no Orçamento que tudo vai piorar e já aí estavam em ação concertada o FMI e a Comissão Europeia a exigir novas medidas extras de cortes na vida das pessoas de mais 3,4 mil milhões de euros, para 2015.
Falam de «milagre económico e de crescimento», mas o seu milagre não se reflecte no melhoramento da vida das pessoas, antes pelo contrário, agravam-na.
Isso está bem patente na situação económica e social do Algarve. Uma situação que é bem do reflexo de uma política de desastre social e nacional que foi seguida por anteriores governos que colocaram a região na dependência, apesar da sua importância, de um único sector – o turismo. Uma política de desastre que conduziu à contínua liquidação da capacidade produtiva desta região, seja a indústria, a agricultura, as pescas e que agora o actual governo amplia com o seu enfoque no modelo assente nas exportações, desvalorizando e desprotegendo o mercado interno, afundando o que resta.
Um modelo que se quer impor à custa do retroceder do país, regressando e consolidando o modelo económico de salários de miséria, baixo valor acrescentado e emigração!
Um modelo ao serviço do lucro de alguns e não ao serviço do país e que se vê bem aqui nesta região. Alardeiam que este foi o melhor ano de sempre do Turismo para mostrar as virtualidades do seu modelo, mas esqueceram-se de dizer que esse melhor ano não teve qualquer reflexo no emprego e muito menos na elevação das condições de trabalho e de vida das populações desta região.
Omitem que o Algarve continua a ser a região mais penalizada com o drama do desemprego. Que a sua massiva dimensão, juntamente com as políticas de ataque e desvalorização dos salários, aumento dos bens e serviços essenciais está a conduzir a uma situação de empobrecimento de largas massas da população e a fazer alastrar a pobreza e o drama a milhares de famílias.
Omitem que o Algarve continua a bater os recordes do aumento da precariedade das relações de trabalho e que hoje é apelidada, pela particular situação que aqui se vive, de capital do trabalho precário, da sazonalidade.
Podem dizer que estão a crescer, mas continuando a destruir a vida da maioria das pessoas, porque a sua opção é a do crescimento sem desenvolvimento, sem criar emprego, sem direitos, com salários baixos e de miséria. O crescimento que serve apenas alguns, acentuando as desigualdades e as injustiças! (…)
(Extracto da intervenção de Jerónimo de Sousa na abertura das Jornadas Parlamentares)