Combate ao terrorismo não pode ser pretexto para limitar liberdades

Salvaguardar direitos fundamentais

O PCP re­jeita li­mi­nar­mente que a pro­pó­sito do com­bate ao ter­ro­rismo possam ser postos em causa di­reitos e li­ber­dades fun­da­men­tais, como já su­cede nou­tros países.

O PCP con­dena o ter­ro­rismo e o ter­ro­rismo de Es­tado

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Numa nota de im­prensa emi­tida no dia 22, o PCP di­vulga o con­junto de con­si­de­ra­ções que co­locou ao Go­verno na reu­nião sobre a es­tra­tégia de com­bate ao ter­ro­rismo. Para o Par­tido, há desde logo uma questão es­sen­cial: «o com­bate ao ter­ro­rismo não pode ser en­ca­rado como um com­bate entre ci­vi­li­za­ções ou entre re­li­giões, nem dar lugar a es­tig­ma­ti­za­ções ra­cistas e xe­nó­fobas.»

O PCP su­bli­nhou ainda que a «pre­venção e o firme com­bate que deve ser tra­vado contra o ter­ro­rismo não se con­funde nem pode ser pre­texto para novas vagas de me­didas de ca­rácter se­cu­ri­tário li­mi­ta­doras das li­ber­dades, dos di­reitos e das ga­ran­tias dos ci­da­dãos.» Assim, o me­lhor apro­vei­ta­mento dos me­ca­nismos de co­o­pe­ração ju­di­ciária in­ter­na­ci­onal e de troca de in­for­ma­ções para o com­bate ao ter­ro­rismo «deve as­sentar numa base de re­ci­pro­ci­dade e não pôr em causa di­reitos fun­da­men­tais».

Re­jei­tadas devem ser, assim, «quais­quer ideias que se ma­ni­festem, no plano na­ci­onal ou da União Eu­ro­peia, de avançar para leis de ex­cepção que, à se­me­lhança do fa­mi­ge­rado “Pa­triot Act” norte-ame­ri­cano, se pu­dessem tra­duzir na pre­te­rição de di­reitos fun­da­men­tais». No que res­peita às me­didas de co­o­pe­ração ju­di­ciária em ma­téria penal, elas não de­verão ir além do que já per­mite a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, acres­centa-se na nota do Ga­bi­nete de Im­prensa, na qual se re­a­firma a re­jeição de uma outra ideia: a que aponta para a adopção de me­ca­nismos de co­o­pe­ração que «po­nham em causa os va­lores e prin­cí­pios con­sa­grados na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, de­sig­na­da­mente através da acei­tação ex­pressa ou im­plí­cita da pena de morte, de tra­ta­mentos cruéis, de­gra­dantes e de­su­manos, ou de prá­ticas de tor­tura».

Trans­pa­rência e co­o­pe­ração

Em termos mais ge­rais, sa­li­enta o Par­tido, o com­bate ao ter­ro­rismo im­plica a «re­jeição das po­lí­ticas de in­ge­rência, in­vasão, ocu­pação e guerra que, como se ve­ri­fica nos exem­plos do Iraque, da Síria ou da Líbia, só con­duzem ao apa­re­ci­mento de grupos ter­ro­ristas». E obriga, também, à co­o­pe­ração com todos os es­tados onde o ter­ro­rismo se ma­ni­feste, sem ex­cluir al­guns dos que são mesmo as ví­timas prin­ci­pais: a Síria, o Lí­bano, o Pa­quistão, a Índia ou a Rússia.

A questão do ter­ro­rismo de Es­tado – to­tal­mente ar­re­dada da dis­cussão da grande parte dos go­vernos – me­rece também al­gumas con­si­de­ra­ções na nota emi­tida pelo PCP, para quem urge con­denar o ter­ro­rismo de Es­tado pra­ti­cado por Is­rael nos ter­ri­tó­rios ocu­pados da Pa­les­tina ou nos es­tados vi­zi­nhos da Síria, do Lí­bano ou do Irão e o uso de drones pelos EUA contra po­pu­la­ções in­de­fesas de di­versos países.

Se o com­bate é uma ver­tente cen­tral deste pro­blema, a pre­venção não o é menos. Assim, o PCP con­si­dera es­sen­cial a adopção de «me­ca­nismos de com­bate sério ao fi­nan­ci­a­mento do ter­ro­rismo», através dos off-shores e de prá­ticas menos trans­pa­rentes en­vol­vendo es­tados e ins­ti­tui­ções fi­nan­ceiras. De­verão também ser adop­tados me­ca­nismos vi­sando o «com­bate ri­go­roso ao trá­fico de armas, de re­cursos ener­gé­ticos e de ma­té­rias-primas que possam re­verter em be­ne­fício de or­ga­ni­za­ções ter­ro­ristas».

Con­si­de­rando fun­da­mental a con­de­nação e o com­bate ao ter­ro­rismo «in­de­pen­den­te­mente do local e da forma onde e como se ma­ni­feste», o Par­tido ex­pressou na reu­nião com o Go­verno, e re­a­firma-o no co­mu­ni­cado que emitiu, con­denar «po­lí­ticas de dois pesos e duas me­didas de­ter­mi­nadas por in­te­resses ge­o­es­tra­té­gicos». Uma coisa é, desde logo, evi­dente, su­blinha o PCP: «Não se com­bate o ter­ro­rismo através da cri­ação de or­ga­ni­za­ções como a Al-Qaeda ou o Es­tado Is­lâ­mico, apoi­ando-as e fi­nan­ci­ando-as até ao mo­mento em que essas mesmas se viram contra os pró­prios cri­a­dores.»




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