Comício em Portimão

A ruptura que se impõe

No co­mício re­a­li­zado em Por­timão, no dia 24, Je­ró­nimo de Sousa ma­ni­festou con­fi­ança na pos­si­bi­li­dade de «cons­truir um País à me­dida das ne­ces­si­dades e as­pi­ra­ções do povo por­tu­guês».

Não há so­lução à es­querda sem romper com a po­lí­tica de di­reita

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Romper com a po­lí­tica de di­reita e em­pre­ender a cons­trução de uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda são ta­refas cen­trais que estão co­lo­cadas aos tra­ba­lha­dores e ao povo por­tu­guês e, em par­ti­cular ao PCP – que, como afirmou Je­ró­nimo de Sousa, é um par­tido «que se opõe à ex­plo­ração, à po­breza, à cada vez maior con­cen­tração da ri­queza», um par­tido com quem «vale a pena lutar».

Fa­zendo o ba­lanço de um ano que «não deixou sau­dades à grande mai­oria dos por­tu­gueses», o Se­cre­tário-geral do PCP de­nun­ciou o «rasto de des­truição e de­gra­dação eco­nó­mica» im­posto pelo Go­verno e pela troika. Exem­pli­fi­cando com si­tu­a­ções vi­vidas no Al­garve, re­feriu-se à proi­bição da pesca da sar­dinha (com o que ela im­plica na vida dos pes­ca­dores), à «mo­no­cul­tura do tu­rismo» e a ex­plo­ração, pre­ca­ri­e­dade e des­truição dos sec­tores pro­du­tivos a ela as­so­ci­adas, a fa­lência de muitos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios e a brutal ofen­siva contra os ser­viços pú­blicos, par­ti­cu­lar­mente na saúde, com dra­má­ticas con­sequên­cias para as po­pu­la­ções.

Assim, para Je­ró­nimo de Sousa, o que se tem pas­sado nas ur­gên­cias dos hos­pi­tais por­tu­gueses re­sulta de uma «es­tru­tura de Cui­dados Pri­má­rios de Saúde in­capaz de res­ponder às ne­ces­si­dades dos utentes, ao fecho de mais de 900 camas hos­pi­ta­lares, às li­mi­ta­ções ao re­cru­ta­mento de pro­fis­si­o­nais, mé­dicos, en­fer­meiros e as­sis­tentes téc­nicos e ope­ra­ci­o­nais». As me­didas anun­ci­adas à pressa pelo Go­verno (após terem mor­rido vá­rias pes­soas) não vão, pois, «re­solver ne­nhum pro­blema de fundo».

Sobre estas e ou­tras ques­tões tinha já fa­lado, antes, Marco Jóia, da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Al­garve do PCP.

Opção fun­da­mental

Cri­ti­cando a «pro­pa­ganda elei­to­ra­lista do Go­verno», que veio anun­ciar aos por­tu­gueses um «novo fu­turo», Je­ró­nimo de Sousa não deixou de alertar para os «ven­de­dores de ilu­sões» que, em ano de elei­ções, pro­cu­rarão «fa­vo­recer saídas para o pros­se­gui­mento da po­lí­tica de di­reita, ace­nando com uma mu­dança que não de­sejam, nem querem e que, por isso, nunca che­gará».

É o que faz, por exemplo, o PS que, in­si­nu­ando uma vi­ragem à es­querda, «nada de novo e subs­tan­ci­al­mente di­fe­rente apre­sentou»: viu-se no seu con­gresso; vê-se, agora, na cha­mada «Es­tra­tégia para a Dé­cada». Ga­ran­tindo que esta não é uma acu­sação gra­tuita, o di­ri­gente co­mu­nista lem­brou as de­cla­ra­ções de An­tónio Costa sobre as de­ci­sões do Banco Cen­tral Eu­ropeu, apre­sen­tando-as como se fossem a «in­ques­ti­o­nável ga­rantia da mu­dança» e es­con­dendo que as con­tra­par­tidas para aceder às ajudas passam pre­ci­sa­mente pela con­ti­nu­ação da mesma po­lí­tica. Trata-se, por­tanto, da aposta na «po­lí­tica das pe­quenas mu­danças, dos pa­li­a­tivos», sem nunca atacar as causas de fundo que estão na origem dos pro­blemas.

Para o PCP, uma coisa é certa: «Não há so­lu­ções à es­querda sem rup­tura com a po­lí­tica de di­reita.» Im­porta, assim, não tomar a forma pelo con­teúdo, dis­tin­guir entre caras e po­lí­ticas e con­cluir que a opção que se impõe é romper com a po­lí­tica de di­reita e cons­truir uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda.




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