Espaço Internacional

Testemunhos vivos das lutas dos povos

Carlos Lopes Pereira

A uni­dade das forças pro­gres­sistas é fun­da­mental para for­ta­lecer a luta dos povos face à ofen­siva im­pe­ri­a­lista – foi re­a­fir­mado em seis de­bates no Es­paço In­ter­na­ci­onal da Festa do Avante!. Das de­zenas de de­le­ga­ções de par­tidos co­mu­nistas e ou­tras or­ga­ni­za­ções pro­gres­sistas pre­sentes na 42.ª Festa do Avante!, di­versas foram as que in­ter­vi­eram nos de­bates no Es­paço In­ter­na­ci­onal. Trou­xeram, a par da sua so­li­da­ri­e­dade, tes­te­mu­nhos da re­sis­tência e das lutas dos tra­ba­lha­dores e dos povos nos di­fe­rentes con­ti­nentes.

Na sexta-feira à noite, o tema foi «Por uma Eu­ropa dos Tra­ba­lha­dores e dos povos». Os ora­dores da sessão, co­or­de­nada por João Fer­reira, do Co­mité Cen­tral do PCP, foram Elias De­me­triou, do AKEL (Par­tido Pro­gres­sista do Povo Tra­ba­lhador, de Chipre), Jef Bruyn­seels, do Par­tido do Tra­balho, da Bél­gica, Fran­cesco Ma­ringió, do Par­tido Co­mu­nista Ita­liano, e Yo­landa Ro­dri­guez, do Par­tido Co­mu­nista de Es­panha.

Os par­ti­ci­pantes con­ver­giram nas ideias de que a ac­tual União Eu­ro­peia, ne­o­li­beral, fe­de­ra­lista e mi­li­ta­rista, é ir­re­for­mável e de que, com as lutas dos tra­ba­lha­dores e dos povos, di­fe­ren­ci­adas de país para país, é pos­sível cons­truir uma outra Eu­ropa de paz e pro­gresso.

Ofen­siva e re­sis­tência

No sá­bado, os de­bates co­me­çaram, de manhã, com um sobre «Um mundo em mu­dança – De­sen­vol­vi­mentos e ten­dên­cias de fundo na si­tu­ação in­ter­na­ci­onal». In­ter­vi­eram Pedro Guer­reiro, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do PCP, que di­rigiu os tra­ba­lhos, e Iuli Ya­kulov, do Par­tido Co­mu­nista da Fe­de­ração Russa; Ilona Bakun, do Par­tido Co­mu­nista da Bi­e­lo­rússia; C. J. At­kins, editor do jornal Pe­o­ple’s World, do Par­tido Co­mu­nista dos Es­tados Unidos da Amé­rica; e Ni­valdo San­tana, do Par­tido Co­mu­nista do Brasil.

Pedro Guer­reiro de­fendeu que, apesar dos grandes pe­rigos e in­cer­tezas que ca­rac­te­rizam hoje a si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, de­vido à es­ca­lada da ofen­siva agres­siva do im­pe­ri­a­lismo – su­por­tada pelo seu po­derio mi­litar, pelo seu poder eco­nó­mico, pelo seu do­mínio dos grandes meios de in­for­mação e di­fusão ide­o­ló­gica –, os povos e os tra­ba­lha­dores re­sistem, pro­cu­rando mudar a cor­re­lação de forças que, neste mo­mento, lhes é des­fa­vo­rável. «É pro­funda con­vicção do PCP de que a His­tória não acabou, é pos­sível re­sistir às agres­sões do im­pe­ri­a­lismo e der­rotá-lo, as forças do pro­gresso e da paz en­con­trarão o ca­minho para con­quistar um mundo me­lhor para toda a Hu­ma­ni­dade», ma­ni­festou.

Se­guiu-se, à tarde, o de­bate «II Cen­te­nário de Marx – “A questão, porém, é trans­formá-lo”», mo­de­rado por Ângelo Alves, da Co­missão Po­lí­tica do PCP, com a par­ti­ci­pação também de Her­nandez Por­taleg, do Par­tido Co­mu­nista de Cuba; de Ve­e­raiah Sun­kari, do Par­tido Co­mu­nista da Índia (Mar­xista); e de Nguyen Dinh Tuan, do Par­tido Co­mu­nista do Vi­et­name.

A His­tória já nos provou que o pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário é ir­re­gular e aci­den­tado e é mais pro­lon­gado do que o pre­visto, «mas os 200 anos que nos se­param do nas­ci­mento de Marx con­firmam que o mundo gira no sen­tido da li­ber­dade, da de­mo­cracia, do pro­gresso so­cial, do so­ci­a­lismo e do co­mu­nismo, o sen­tido li­ber­tador que Marx e Le­nine apon­taram e cujas leis e ten­dên­cias fun­da­men­tais des­ven­daram», afirmou Ângelo Alves.

Ca­pi­ta­lismo no banco dos réus

«Médio Ori­ente – Agressão im­pe­ri­a­lista e luta pela paz e so­be­rania» foi o tema de mais um de­bate. Mo­derou Bruno Dias, do Co­mité Cen­tral do PCP, e foram ora­dores Navid Sho­mali, do Par­tido do Povo do Irão (Tudeh); Firas Masri, do Par­tido Co­mu­nista Li­banês; Fayez Ba­daui, da Frente Po­pular de Li­ber­tação da Pa­les­tina; e Gozde Somel, do Par­tido Co­mu­nista da Tur­quia.

Na noite de sá­bado, o Es­paço de De­bates ainda aco­lheu mais uma troca de ideias e ex­pe­ri­ên­cias, agora sobre «O ca­pi­ta­lismo no banco dos réus – O mundo e a crise do ca­pi­ta­lismo». Jorge Ca­dima, da Secção In­ter­na­ci­onal do PCP, co­or­denou e usaram também da pa­lavra Isabel de Al­meida, do Par­tido Co­mu­nista Francês; John Hunter, da Liga da Ju­ven­tude Co­mu­nista, do Par­tido Co­mu­nista Bri­tâ­nico; e Vik­toria Ge­or­gi­i­evs­kaya, do Par­tido Co­mu­nista da Ucrânia.

O úl­timo dos de­bates no Es­paço In­ter­na­ci­onal da Festa do Avante!, com o tema «Amé­rica La­tina – A luta con­tinua», re­a­lizou-se no do­mingo à tarde, com mo­de­ração de Luís Ca­ra­pinha, da Secção In­ter­na­ci­onal do PCP, e in­ter­ven­ções de Tânia Veiga, do Par­tido dos Tra­ba­lha­dores (Brasil); José Luís Cór­doba, do Par­tido Co­mu­nista do Chile; Ruben Gu­zeti, do Par­tido Co­mu­nista da Ar­gen­tina; e Jaime Ce­dano, do Par­tido Co­mu­nista da Colômbia.

Aqui, também, a con­fir­mação de que as trans­for­ma­ções re­vo­lu­ci­o­ná­rias têm avanços e re­cuos mas a luta dos tra­ba­lha­dores e povos é im­pa­rável e con­tinua.

 

 

47­Soul ao Avante!

Os va­lores da Festa «ligam o pú­blico com a nossa men­sagem»

 

No final do seu con­certo de sá­bado à noite, no Palco 25 de Abril, os 47­Soul afir­maram ao Avante! que a sua ac­tu­ação na Festa es­teve «muito para além das ex­pec­ta­tivas». Foi, aliás, a «pri­meira vez que to­caram para um pú­blico tão en­tu­siás­tico».

Muito em­bora tenha sido a sua es­treia na Festa, os mem­bros da banda pa­les­ti­niana de­cla­raram ter «muito res­peito» por esta, su­bli­nhando o facto de o «en­tre­te­ni­mento dis­po­nível para as pes­soas» ser in­dis­so­ciável do con­teúdo po­lí­tico sempre pre­sente, dando como exemplo as «dis­cus­sões sobre po­lí­tica du­rante as re­fei­ções». Os va­lores ine­rentes à Festa ajudam in­clu­si­va­mente a «ligar as pes­soas com a nossa men­sagem e com a nossa causa», re­alçam.

Ga­ran­tindo que «o que nós fa­zemos é mú­sica», os mem­bros dos 47­Soul estão cons­ci­entes da im­por­tância que ela tem para vei­cular men­sa­gens e de­fender causas: «ten­tamos mudar a forma como as pes­soas vêem o pro­blema da Pa­les­tina. Muitas pensam que é um con­flito, nós di­zemos que é uma ocu­pação.» Aliás, con­cluem, o en­tre­te­ni­mento «não tem que ser tonto», como de­seja o «poder im­pe­rial».




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