Intervir e lutar por um Portugal com futuro

Domingos Mealha

«A luta pela al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda - A res­posta ne­ces­sária aos pro­blemas do País», de­ba­tido, sá­bado, no Fórum, abordou «as­pectos de pro­jecto, mas também de acção e ini­ci­a­tiva po­lí­tica con­creta», afirmou Jorge Cor­deiro, do Se­cre­ta­riado e da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral (CC), que mo­derou o de­bate. O tema «ab­so­lu­ta­mente cen­tral» pre­tende «afirmar, não apenas o valor que com­porta a po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, ele­mento fun­da­mental e es­sen­cial para dar res­posta aos pro­blemas do País, ao de­sen­vol­vi­mento e afir­mação da sua pró­pria so­be­rania», mas também aos «as­pectos re­la­ci­o­nados com o pro­cesso de cons­trução e de con­cre­ti­zação» da «res­posta po­lí­tica para dar sus­ten­tação a essa po­lí­tica al­ter­na­tiva», assim como os «meios e as con­di­ções para o fazer», as­si­nalou.
Com ele es­ti­veram Du­arte Alves, da Co­missão dos As­suntos Eco­nó­micos, Diana Fer­reira, de­pu­tada do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR), Carlos Gon­çalves, da Co­missão Po­lí­tica (CP) do CC, e João Oli­veira, da CP e pre­si­dente do Grupo Par­la­mentar.
João Oli­veira abordou as­pectos do quadro po­lí­tico con­creto. «O con­junto de me­didas que têm vindo a ser adop­tadas – de de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos – con­firma que vale a pena lutar», des­tacou. Neste sen­tido, é fun­da­mental dar mais força ao PCP para in­flu­en­ciar as «de­ci­sões na­ci­o­nais» e con­cre­tizar a «po­lí­tica ne­ces­sária para re­solver os pro­blemas es­tru­tu­rais do País», re­feriu.
Du­arte Alves falou sobre o ac­tual quadro eco­nó­mico. «Cada um dos eixos da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda estão pro­fun­da­mente ali­cer­çados na re­a­li­dade que hoje o País en­frenta» e nas suas «ne­ces­si­dades para se de­sen­volver do ponto de vista eco­nó­mico e dos di­reitos e das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês», atestou, re­cla­mando «uma outra po­lí­tica eco­nó­mica».
Diana Fer­reira fez uma abor­dagem à di­mensão so­cial da po­lí­tica al­ter­na­tiva do Par­tido. «Os pro­blemas da po­breza estão in­trin­se­ca­mente li­gados a uma in­justa dis­tri­buição da ri­queza», disse a co­mu­nista, exem­pli­fi­cando: «Cinco por cento dos por­tu­gueses detêm 50 por cento da ri­queza que é pro­du­zida no nosso País». «É pre­ciso co­locar o di­nheiro que existe ao ser­viço dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês», frisou.
Por úl­timo, Carlos Gon­çalves acres­centou al­guns ele­mentos para a de­fi­nição da po­lí­tica al­ter­na­tiva pro­posta pelo PCP, que é pa­trió­tica, «porque as­sume o pri­mado dos va­lores na­ci­o­nais», e de es­querda, para os «in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo», com «po­lí­ticas eco­nó­micas, so­ciais e de edi­fi­cação de uma nova so­ci­e­dade».
«Es­tamos pe­rante a ne­ces­si­dade de uma rup­tura que exige a de­ter­mi­nação e in­ter­venção per­sis­tente dos co­mu­nistas, mas cuja con­dição pri­meira é o alar­ga­mento da frente so­cial de luta», re­feriu, con­cluindo que o PCP «con­ti­nuará a re­forçar-se» para «uma po­lí­tica e uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que mais cedo ou mais tarde os tra­ba­lha­dores e o povo de­ter­mi­narão com a sua in­ter­venção e luta para um Por­tugal com fu­turo».

Par­tido dos ex­plo­rados

Ar­mindo Mi­randa, da CP, mo­derou o de­bate «PCP – Este é o teu Par­tido», que ocorreu no Au­di­tório, no sá­bado. Apre­sentou de se­guida os ora­dores: Diogo D’Ávila, do CC, falou sobre o «Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores», Sara Gon­çalves, da Di­recção Cen­tral do En­sino Su­pe­rior da JCP, abordou o tema «PCP – o Par­tido do fu­turo» e Júlio Vintém, do CC, a «Im­por­tância da luta pela con­quista da al­ter­na­tiva».
«Não somos o Par­tido de todos», mas sim «dos ex­plo­rados, dos as­sa­la­ri­ados, dos re­for­mados, da ju­ven­tude, dos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores, dos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, dos pes­ca­dores e de todos os de­mais que so­frem na pele, de uma forma ou de outra e com maior ou menor in­ten­si­dade, as con­sequên­cias da so­ci­e­dade ca­pi­ta­lista. Somos, em pri­meiro lugar, o Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores», ex­plicou Diogo D’Ávila.
Mais adi­ante, Sara Gon­çalves re­feriu que «este é o seu Par­tido» porque «é o único que apre­senta pro­postas con­cretas para os pro­blemas sen­tidos pelos es­tu­dantes», de todos os graus de en­sino; que de­fende os in­te­resses da ju­ven­tude e dos jo­vens tra­ba­lha­dores, agindo sempre do lado deles; que re­co­nhece que a luta é o ca­minho para a re­con­quista dos di­reitos de Abril». «É o Par­tido do fu­turo porque é aquele em que muitos jo­vens se revém e sentem que os seus di­reitos são de­fen­didos», con­cluiu.
Júlio Vintém con­si­derou «fun­da­mental o re­forço do PCP», em todas as áreas, para «in­tervir, lutar e trans­formar». Sobre a «nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal, após a der­rota do go­verno PSD/​CDS e com a al­te­ração da cor­re­lação de forças na AR», lem­brou que os avanços al­can­çados foram o re­sul­tado da acção do PCP e da luta dos tra­ba­lha­dores. Deu ainda conta de que as «ac­tuais op­ções po­lí­ticas do PS não rompem com a po­lí­tica de di­reita», tra­duzem a sua grande vin­cu­lação ao grande ca­pital e não en­frentam os cons­tran­gi­mentos in­ternos im­postos pela União Eu­ro­peia». Neste sen­tido, «não po­demos iludir estas li­mi­ta­ções, cons­tran­gi­mentos e li­mi­ta­ções do PS», su­bli­nhou.

Me­didas ex­cep­ci­o­nais

Domingo, também no Au­di­tório, foi dis­cu­tido como «De­fender o mundo rural – Ga­rantir o de­sen­vol­vi­mento re­gi­onal», com João Frazão, Pa­trícia Ma­chado e Oc­távio Au­gusto, da CP do CC, e João Dias, de­pu­tado na AR. Um dos temas abor­dados foi o dos in­cên­dios, que de­vas­taram o País em 2017 e são a ex­pressão mais viva dos dé­fices es­tru­tu­rais a que a po­lí­tica de di­reita con­denou o País, no plano do or­de­na­mento do ter­ri­tório, ener­gé­tico, ali­mentar, de­mo­grá­fico e das infra-es­tru­turas.
A
van­çados foram ainda ca­mi­nhos para com­bater a de­ser­ti­fi­cação e o des­po­vo­a­mento do mundo rural, com mais em­prego, in­ves­ti­mento pú­blico, ser­viços pú­blicos e ser­viços do Es­tado. Para a agri­cul­tura fa­mi­liar é fun­da­mental me­lhores preços à pro­dução e o es­co­a­mento dos pro­dutos.
Estas e ou­tras me­didas só são pos­sí­veis, no quadro da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, nos seus di­versos eixos, com a de­fesa do de­sen­vol­vi­mento re­gi­onal e da pro­dução na­ci­onal; com uma po­lí­tica fiscal justa; com a de­fesa dos tra­ba­lha­dores e dos seus di­reitos e da so­be­rania.

 



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