Povo peruano rejeita o golpe e luta pela democracia
No Peru, o movimento popular contra a presidente ilegítima Dina Boluarte exige a sua imediata renúncia, uma nova liderança do parlamento, um governo de transição e, já em 2023, eleições antecipadas e uma assembleia constituinte. Os comunistas lutam ao lado dos trabalhadores e do povo.
«Outro Peru é possível, unidos podemos consegui-lo», proclamam os comunistas peruanos
Milhares de peruanos levaram a cabo na terça-feira, 24, em Lima, mais uma grande manifestação nacional exigindo a renúncia da presidente designada, Dina Boluarte, a quem responsabilizam pela repressão dos protestos das últimas semanas, a qual provocou já a morte, pela polícia, de pelo menos 62 pessoas.
Trabalhadores, estudantes, camponeses, indígenas e outros sectores sociais manifestaram-se na Praça 2 de Maio, na capital, para onde têm convergido milhares de pessoas de outras regiões do país sul-americano. A mobilização popular em Lima foi replicada nas principais cidades do Peru.
Após a prisão do presidente eleito Pedro Castillo, que no dia 7 de Dezembro foi destituído pelo Congresso – dominado pela direita e extrema-direita –, que designou Boluarte para o substituir, os peruanos mobilizaram-se para travar o que consideram um golpe contra a democracia. Às manifestações, bem como aos bloqueios de estradas por todo o território, respondeu o governo com uma repressão policial feroz, que provocou dezenas de mortos, feridos e detidos.
O movimento de protesto, que recrudesceu a partir de 4 de Janeiro, exige a renúncia de Boluarte, eleições antecipadas num curto espaço de tempo com um presidente de transição e um referendo sobre a realização de uma assembleia constituinte.
A Assembleia Nacional dos Povos, uma frente de organizações sociais e sindicais – incluindo a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru –, assim como partidos e colectivos de esquerda e progressistas, apoiam o movimento e fazem um balanço positivo do seu desenvolvimento, destacando que cada vez mais grupos políticos e sociais e personalidades concordam com as exigências dos manifestantes.
Comunistas peruanos na luta
Com os trabalhadores e o povo, os comunistas peruanos estão, uma vez mais, na primeira linha dos combates contra a repressão e pela democracia.
O Partido Comunista Peruano apoiou a jornada do dia 24 «pela democracia e justiça social» e defende o afastamento de Dina Boluarte, a mudança da mesa directiva do Congresso e, já em 2023, eleições antecipadas e a convocação de um referendo «para que seja o povo a decidir uma assembleia constituinte». Denunciando o governo que, conluiado com «os interesses económicos do grande capital, se ajoelha perante o poder legislativo e os sectores da corrupção neofascista, racista e classista», os comunistas exortam à unidade de acção, assim iniciando «o caminho da construção de uma nova República».
Também o Partido Comunista do Peru-Patria Roja repudia o «carácter repressivo» do governo encabeçado por Dina Boluarte, exige a sua renúncia, pede a liberdade imediata para todos os detidos, a dissolução do Congresso, a instalação de um governo de transição, a antecipação de eleições e a convocação de uma assembleia constituinte. Para lograr estes objectivos, apela à mais ampla unidade de esquerda, do movimento popular e dos sectores democráticos e assegura que, assim, «outro Peru é possível».