Organizar, intervir e mobilizar para elevar a luta dos intelectuais

Realizou-se no sábado, 21, a 8.ª Assembleia da Organização do Sector Intelectual de Lisboa do PCP. Reforçar a organização e intensificar a intervenção junto dos trabalhadores intelectuais são os principais objectivos.

A assembleia aprovou um Manifesto em defesa da Paz

O Secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, encerrou os trabalhos da assembleia, realizada no auditório de uma faculdade da capital. Antes, mais de três dezenas de intervenções abarcaram os diversos aspectos da actividade profissional dos trabalhadores intelectuais e da sua acção organizada, bem como questões relacionadas com a cultura, as artes, a ciência, a investigação e a ofensiva ideológica em curso – não só contra os comunistas, o seu Partido e o seu projecto, mas contra a própria democracia.

Referindo-se aos problemas dos intelectuais, Paulo Raimundo lembrou «a sua evolução enquanto camada em progressivo assalariamento» e as condições em que, cada vez mais, produzem o seu trabalho: «baixos salários, precariedade quando não ausência total de vínculo, degradação das carreiras, horários desregulados e elevadas cargas horárias, baixos níveis de protecção social.»

Ora, sublinhou, esta realidade coloca a generalidade dos intelectuais «ao lado dos restantes trabalhadores, mesmo que no plano subjectivo – no plano da sua consciência, da sua disponibilidade para a luta, da sua organização – a evolução nem sempre se dê ao mesmo ritmo». Perante esta situação, acrescentou o Secretário-geral, «devemos continuar a tomar a iniciativa para o desenvolvimento da organização e da luta dos intelectuais e o contributo para a luta mais geral de todos os trabalhadores».

Além disso, «há tanto espaço para reforçar o Partido», destacou ainda o dirigente comunista, apelando a que «não fiquemos à espera que nos batam à porta, há disponibilidade para nos ouvirem, tomemos então a iniciativa de ir mais longe».

Análise e proposta

O teor da resolução política (aprovada por unanimidade) foi apresentada, na abertura dos trabalhos, por Miguel Soares, membro do Comité Central e responsável pelo Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa do PCP. Não sem antes informar que a mesma foi enriquecida na discussão colectiva preparatória: só os plenários electivos realizados em todos os 10 subsectores que compõem o Sector Intelectual contaram com a participação de 75 membros do Partido.

Na resolução analisa-se a situação actual, marcada pela «ofensiva global do capitalismo (política, económica, social e militar)», que se expressa nas áreas da educação, cultura e ciência pela «desvalorização do Estado e desvio de recursos públicos para interesses privados» e ainda pela «degradação do funcionamento democrático das instituições». O trabalho intelectual é, assim, «potencialmente reduzido a um valor de mercado», apropriado e instrumentalizado para servir os interesses imediatos do grande capital. Grave é, ainda, o processo em curso de concentração e centralização do capital, que marca estes sectores, com particular destaque para a comunicação social e o mercado editorial.

Analisando profundamente a realidade do sector, profissão a profissão e área a área; apontando caminhos de intervenção e afirmando propostas, o documento é claro nas prioridades que traça: o trabalho político unitário; a luta pela cultura; a frente de trabalho das mulheres; e a luta pela paz.

A este respeito, a resolução inclui um Manifesto dos Intelectuais Comunistas do Distrito de Lisboa – Em defesa da Paz, que será agora amplamente divulgado. Nele afirma-se que a «causa da paz constitui uma enorme responsabilidade e uma tarefa militante central para os trabalhadores intelectuais. (…) Não existe nenhuma área – da criação artística ao direito, da economia à informação, das ciências sociais à arquitectura – e que a causa da paz possa ser alheia. Todo o trabalho intelectual se pode dirigir a valores e promover direitos fundamentais dos humanos. Nenhum deles é separável da causa universal da paz».

Entre delegados por inerência, eleitos nas 10 organizações que compõem o Sector e convidados, estiveram presentes na assembleia cerca de 120 pessoas.




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