Recusada nos transportes perda de poder de compra

Em várias empresas, os trabalhadores estão confrontados com propostas de aumentos salariais insuficientes face ao agravamento do custo de vida. O remédio é lutar, afirmam os seus sindicatos de classe.

Os trabalhadores ou se conformam, ou se mobilizam e lutam

Nas empresas da Infraestruturas de Portugal (IP), Governo e conselho de administração voltam a afrontar os trabalhadores com uma proposta de crescimento salarial em torno dos 3,9%. Isto depois de, em 2022, terem imposto um «aumento» de 0,9%, denuncia a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).

A mesma fonte informa, em comunicado dirigido aos trabalhadores, que «a comissão negociadora dos sindicatos da CGTP-IN transmitiu à administração que a proposta apresentada não dá nada aos trabalhadores, antes pelo contrário, agrava a redução do poder de compra». Esta posição será reiterada aos representantes patronais em reunião agendada para o próximo dia 31, acrescenta a Fectrans, que alerta que os trabalhadores «ou se conformam com o discurso de que não podem dar mais, ou se mobilizam e lutam para alterar esta situação e defendem a valorização dos seus salários e dignificação profissional».

Já na Carris, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (Strup/Fectrans) qualifica como «provocação» as propostas da administração, transmitidas no primeiro encontro para a negociação do Acordo de Empresa. Designadamente quanto ao valor do aumento dos salários, que se traduz na continuação da perda de poder de compra, quanto ao pagamento dos valores devidos aos trabalhadores, que remontam ao período anterior à municipalização da empresa, ou à contratação de pessoal, tudo matérias que o STRUP pretendia voltar a colocar em cima da mesa na reunião com a administração prevista para ontem, 25.

Por outro lado, o Strup, em comunicado dirigido aos trabalhadores da Transdev, assegura que até ao próximo dia 10 de Fevereiro é tempo de «discutir com os trabalhadores (...) que caminhos iremos seguir (…) para defender aquilo que é comum a todos: a valorização dos salários e das condições de trabalho». Isto porque também nas empresas do grupo a administração também avança com um «aumento abaixo da inflação verificada».

O STRUP mantém abertura para negociar o conjunto de matérias pecuniárias que quer ver satisfeitas para os motoristas de transportes rodoviários de passageiros, urbanos e de longo curso, mas «desde que haja evolução nas propostas da Transdev».

Ainda nos transportes, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário tem em marcha «contactos com os trabalhadores» para aferir «os moldes em que, organizados e em unidade, iremos responder à tentativa do Governo e da administração da CP de imporem nova redução dos salários reais». Como noutros casos, em causa estão as «três opções para a distribuição da “actualização” salarial», as quais se traduzem em colocar os trabalhadores «a escolherem o mal menor».

O SNTSF adverte que, «com os salários que existem, a CP tem dificuldade em segurar e atrair novos trabalhadores», pelo que «um aumento justo dos salários é defender o futuro». Além de salários, o sindicato quer negociar o regulamento de carreiras, o Acordo de Empresa, a reposição de direitos e da retroactividade do crescimento, embora miserável, do subsídio de refeição no ano passado, ou a correcção das falhas constantes nos abonos.




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