Professores persistem na luta depois de ME falhar respostas

As propostas do Ministério da Educação «por insuficiência ou inexistência, não correspondem às justas reivindicações dos docentes», o que reforça a «necessidade de prosseguir e dar ainda mais força à luta».

«Importância acrescida» ganha a manifestação nacional de dia 11

Numa nota conjunta, após uma reunião, dia 19, as organizações sindicais ASPL, Fenprof, Pró-Ordem, Sepleu, Sinape, Sindep, SIPE e Spliu consideraram que «é muito importante o prosseguimento da luta dos professores, designadamente através da greve por distrito, que se prolongará até dia 8 de Fevereiro e tem merecido uma massiva adesão dos professores e dos educadores, acima dos 90 por cento».

A manifestação nacional de 11 de Fevereiro, em Lisboa, «ganha uma importância acrescida». A anunciada presença da FNE na manifestação «reforça a unidade dos professores e a convergência entre as organizações sindicais».

Para estas estruturas sindicais, «o prosseguimento das negociações deverá ter lugar em mesa única negocial e todas as organizações deverão ser envolvidas na discussão de todas as matérias».

Milhares nas ruas

As greves por distrito, iniciadas no dia 16, em Lisboa, têm alcançado níveis de adesão muito elevados. Nos dias de greve, ocorrem concentrações que trazem para as principais ruas e praças os motivos do protesto dos professores e educadores, frequentemente com solidariedade de trabalhadores não docentes, de eleitos autárquicos e também de alunos e pais.

Depois de Aveiro (dia 17) e Beja (18, quarta-feira, com desfile da Escola Básica Mário Beirão até às Portas de Mértola), a primeira semana de greves prosseguiu em Braga (dia 19, com desfile da Arcada para a Praça do Município) e terminou em Bragança (dia 20, com concentrações na capital do distrito e em Mirandela).

Na sexta-feira, durante toda a manhã, alguns milhares de professores concentraram-se junto ao edifício do Ministério da Educação, onde decorria mais uma ronda de negociações com a Fenprof e outros sindicatos. Aqui, a reafirmar a solidariedade do PCP na luta em defesa dos professores e da Escola Pública, estiveram Jorge Pires, da Comissão Política do Comité Central, e Alma Rivera, deputada na AR.

À saída da reunião com o ministro e o secretário de Estado da Educação, o Secretário-geral da Fenprof explicou aos jornalistas que a proposta do ME é omissa em relação a reivindicações em que «os professores não cedem», como a contagem de todo o tempo de serviço, o fim da precariedade e as medidas para vinculação, ou a criação de conselhos locais de directores.

Há ainda «ilusionismo», criticou Mário Nogueira, citado pela agência Lusa. O ministro falou de aumento da percentagem de professores para acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira, mas a proposta «é rigorosamente a mesma coisa, desde que as vagas se aplicam».

A grande quantidade de questões suscitadas pela Fenprof iria ser comunicado ao ME, sob a forma de parecer. Mas «a resposta está aqui», como afirmou o dirigente na Covilhã, numa das concentrações realizadas durante o primeiro dia de greve, após a sessão negocial. Esta segunda-feira, dia 23, também no distrito de Castelo Branco, a adesão foi superior a 90 por cento.

Em Coimbra, anteontem, dia 24, a adesão à greve foi ainda superior e a concentração, na capital do distrito, precedida de três marchas que confluíram para a Praça 8 de Maio, terá reunido três mil pessoas, segundo a PSP.

Verificando que «está criada uma onda de contestação», Mário Nogueira preveniu que «ou o Governo percebe que tem de valorizar os professores, respeitar os professores e dignificar a nossa profissão, ou a luta vai continuar, porque ninguém vai parar uma onda destas e nós vamos continuar a ajudar a onda a crescer».

O calendário de greves distritais, com concentrações, inclui Évora (ontem), Faro (hoje), Guarda (amanhã, 27), Leiria (30), Portalegre (31), Santarém (1 de Fevereiro), Setúbal (2), Viana do Castelo (3), Vila Real (6), Viseu (7) e Porto (8).

 



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