Combates da actualidade marcaram celebração do 18 de Janeiro
No desfile «Por melhores salários, pelo fim da precariedade» e nas intervenções de Isabel Camarinha e outros dirigentes sindicais, os 89 anos da revolta na Marinha Grande deram força aos combates de hoje.
O movimento sindical unitário mobiliza para 9 de Fevereiro
O desfile-manifestação, do cemitério da Marinha Grande para a Rotunda do Vidreiro, contou com cerca de três centenas de pessoas, incluindo um numeroso grupo de activistas da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP).
Pelas ruas da cidade fizeram-se ouvir as reivindicações dos trabalhadores da principal indústria do concelho, mas também de outros importantes sectores, por melhores salários, pela defesa e cumprimento da contratação colectiva, pela garantia dos direitos laborais, contra o aumento do custo de vida.
A Secretária-geral da CGTP-IN interveio no acto de homenagem aos participantes no 18 de Janeiro de 1934, junto ao monumento que a Câmara Municipal, sob contestação forte, quer manter num local exterior à grande rotunda da cidade. Isabel Camarinha, assinalando a importância da insurreição na história das lutas dos trabalhadores, focou-se na actualidade e na necessidade de ser assumido e alargado o compromisso da sua intensificação, designadamente, para 9 de Fevereiro.
Para esta data, a CGTP-IN está a mobilizar um «Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta», que terá concretização em «greves e paralisações em todos os sectores e em todo o País, com expressão de rua».
De igual forma, Vladimiro Moiteiro, que falou em nome do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, reafirmou a compromisso de luta do STIV, no passado e na actualidade. Reforçou as críticas do sindicato à alteração da localização do monumento, em respeito à memória e à luta dos trabalhadores do concelho. Recordou ainda o envolvimento activo do sindicato, dos trabalhadores e da população na instalação do monumento, inclusive comparticipando nos custos.
Interveio igualmente o coordenador da URAP, que considerou o 18 de Janeiro como uma das grandes lutas de massas, após o fascismo ter feito aprovar a Constituição da 1933. José Pedro Soares assinalou que foi ainda um incentivo para outras lutas operárias e de outros trabalhadores, para a resistência antifascista e para a Revolução de Abril.
As comemorações iniciaram-se no dia 14. O programa incluiu teatro infantil e outras actividades para crianças, um jantar-convívio, dia 17, com mais de 200 participantes, que acompanharam o lançamento de fogo de artifício e a tradicional salva de morteiros, à meia-noite.
Na manhã de dia 18 realizaram-se as romagens aos cemitérios do Casal Galego e Marinha Grande, com colocação de flores nas campas de participantes no movimento.
O recentemente criado movimento cívico pela manutenção do Monumento ao Vidreiro, de João Correia, na rotunda original, teve participação activa nestas comemorações, quer mobilizando para as iniciativas do STIV, quer colocando na rotunda uma tela com os nomes dos heróis do 18 de Janeiro, quer promovendo iniciativas de esclarecimento nas escolas do concelho, para mais de 250 crianças, professores e pais.
Dirigentes do PCP no concelho e as vereadoras eleitas pela CDU estiveram em todos os momentos do programa.