Campanha «Também somos EDP» contesta precariedade e exploração
Cerca de 5000 trabalhadores de empresas prestadoras de serviços asseguram áreas fundamentais do Grupo EDP e devem ser integrados nos quadros desta, com os salários e direitos da contratação colectiva.
Acentuar a exploração é a consequência contestada do «outsourcing»
A reivindicação, que tem motivado várias lutas ao longo dos anos, motiva agora uma campanha nacional, lançada pela Fiequimetal/CGTP-IN e os seus sindicatos com representatividade nas empresas de produção, distribuição e comercialização de energia que constituem o Grupo EDP.
A primeira iniciativa, que serviu de apresentação da campanha, teve lugar no dia 18: um plenário, no Porto, dos trabalhadores da EGOR que fazem a telecontagem da E-Redes, realizado junto do edifício Altice, porque a MEO foi também inserida no negócio e é ali o local de trabalho da grande maioria destes profissionais.
Sob o lema «Também somos EDP», a campanha vai ter um «roteiro», para levar a exigência de liquidação da precariedade e das condições laborais de acentuada exploração (denunciada como objectivo verdadeiro da opção patronal pelo «outsourcing», entregando áreas determinantes a empresas externas) até junto de outras instalações onde este fenómeno tem maior expressão. É o caso dos centros de contacto em Seia, Lisboa e Elvas, entregues pela EDP à Randstad, à Manpower e à EGOR.
Por fim, haverá uma concentração junto da sede da EDP, com o objectivo de entregar um abaixo-assinado.
A recolha de assinaturas (em papel, através da rede de dirigentes e delegados sindicais, e na Internet), assumirá também a forma de petição, dirigida ao Governo e à Assembleia da República.
No plenário participaram os coordenadores da Fiequimetal e do SITE Norte, bem como dirigentes e delegados sindicais com intervenção em centros de contacto da EDP noutras regiões.
Recuo da EGOR
«Com as formas de protesto e luta realizadas pelos trabalhadores da telecontagem, no Porto, já se notou um recuo nas pressões patronais», assinalou a Fiequimetal, ao divulgar o lançamento da campanha. Sem «voluntários para trabalhar ao sábado, nas condições que a empresa pretendia impor», «foi passada a informação de que, afinal, já não é preciso chamar pessoas para esse horário.
Esta é «uma primeira vitória, apenas conseguida devido à união e à organização dos trabalhadores», lembrando o SITE Norte que, «nos últimos meses, a sindicalização neste local de trabalho aumentou significativamente e foi criada estrutura, com a eleição de uma delegada sindical».
A luta «será determinante para obter respostas ao Caderno Reivindicativo apresentado em Dezembro e que a EGOR vai ter de negociar».
O sindicato relatou que estes trabalhadores «laboram para a E-Redes (antiga EDP Distribuição), alguns há 10 anos ou mais», «em exclusivo» e «receberam formação de técnicos da EDP».
Actualmente, «a E-Redes não possui ninguém com condições para realizar este serviço».
No entanto, «grande parte deles recebe o salário mínimo».