PCP não se deixa enganar nem se encerra sobre si próprio
Confraternização e alegria de sobra marcaram o convívio regional que se realizou, no dia 22, em Anadia. Com a presença de Paulo Raimundo, os militantes comunistas do distrito de Aveiro asseguraram estar prontos para levar por diante as tarefas mais imediatas traçadas pelo Partido.
«Aqui está o PCP para falar a verdade, lutar, intervir e denunciar»
«Gostariam que o PCP não falasse das questões centrais da vida. Gostariam mais que falássemos da espuma dos dias, da agenda dos outros, desta ou daquela matéria mediática», afirmou Paulo Raimundo. O Secretário-Geral comunista falava, a seguir ao almoço, no parque de merendas de Mogofores, no concelho de Anadia: «podem tirar o cavalinho da chuva porque aqui está o PCP para falar a verdade, para lutar, intervir e denunciar as manobras que estão em curso no actual quadro político», garantiu o dirigente referindo-se à «banda» dos partidos da política de direita que «parece desafinar, mas nunca falha uma única nota».
Segundo o Secretário-Geral, ao PSD e CDS calha-lhes agora o turno dos que têm de responder aos interesses dos grupos económicos. À IL, sobra o papel da «aparente novidade», mas que no fim do dia é a «fiel depositária de tudo aquilo que é desastroso, velho e ultrapassado», o «verdadeiro ponta-de-lança da ofensiva ideológica, da liberalização da economia e do ataque aos direitos». Nesta distribuição de tarefas, para o dirigente, o papel «de arruaceiro barulhento» ficou destinado ao Chega: «demagogia, tiros para todos os lados, na procura incessante de cumprir o papel de desviar a atenção da questão central dos problemas». Já ao PS, resta-lhe o papel de quem agora propõe o que há meses atrás recusou e poderia ter resolvido pelas suas próprias mãos.
PCP não tem ilusões
«Passadas as eleições para o PE, aí estão, como sempre dissemos que estavam e estariam, os problemas que não encontram resposta na acção de um Governo que está empenhado em levar por diante a política que está na origem dos problemas, das dificuldades, das injustiças e desigualdades do nosso povo», afirmou o Secretário-Geral, para quem, sobre isso, o PCP não tem, nem nunca teve, nenhuma ilusão. «Não temos nenhuma ilusão sobre os interesses que defende o Governo da AD e sob os interesses aos quais este está profundamente dependente», garantiu.
Avançar
«É preciso ter audácia no recrutamento e confiança na responsabilização, para que outros se possam assumir como construtores próprios do seu Partido. É preciso mais Partido nas empresas e locais de trabalho, que é onde se dá o primeiro confronto de classe», assinalou o dirigente voltando a sua atenção para o futuro. «É preciso que cada um, com a sua acção militante, dê mais força ao trabalho do Partido. Mais um esforço, mais um passo, certos da nossa razão, verdade, projecto, objectivos e ideal», completou.
No convívio, com Paulo Raimundo, estiveram Octávio Augusto, membro da Comissão Política do Comité Central (CC), Mafalda Guerreiro, do CC, e outros dirigentes locais.
Um Partido atento aos problemas
As temáticas regionais ficaram a cargo de Carla Cabique, da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP. Foi sobre o intenso trabalho realizado pelos muitos militantes e independentes ao longo dos últimos meses que esta interveio: «Fizemos uma campanha de contacto directo, sem medo de dar a cara. Sobre o direito à habitação ou sobre a defesa do SNS, sem falar de cor, abordámos os problemas que todos sentimos». «É graças ao nosso conhecimento, às nossas justas propostas e à presença ao lado daqueles que lutam que continuamos a ser a força que somos».
Mais tarde, depois de terminado o momento político, o Avante! esteve à conversa com a dirigente para falar sobre a intervenção do Partido no distrito: «Nos últimos meses, o nosso foco tem recaído sobre as eleições, mas mesmo assim há outras frentes de trabalho que não foram nem são abandonadas», relatou. «Por exemplo, quando estávamos numa das nossas acções numa empresa, na corticeira Amorim, os trabalhadores deram-nos a conhecer um despedimento colectivo que ali se estava a avizinhar numa unidade em São Paio de Oleiros que tem mais de uma centena de trabalhadores», contou, concluindo que o trabalho do Partido não pára. «Mesmo estando focados nas eleições, tivemos intervenção noutros espaços porque estamos sempre onde os outros não estão. Nas empresas, com os trabalhadores, a ouvir os seus problemas».
Para o futuro mais próximo, a dirigente apontou a preparação do congresso – cujo processo já arrancou em algumas organizações concelhias e grupos de trabalho – e da Festa do Avante! como grandes prioridades.