Em Alverca, PCP frisa que os salários são a questão central
Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP, esteve presente, na sexta-feira, 21, num participado comício do Partido em Alverca, onde deu destaque a temas como os salários, a corrupção ou a propaganda levada a cabo pelo Governo.
O aumento de todos os salários e do SMN têm de ser as medidas centrais
No auditório da Sociedade Filarmónica de Recreio Alverquense, centenas de militantes e amigos do Partido juntaram-se para um animado comício, que teve início com dois momentos culturais: um da cantora Josina Filipe; e outro de Joaquim Carreira e António Nabais (que declamaram poesia de Ary dos Santos).
Na abertura do comício, interveio Matilde Lima, da Direcção da Organização do Ensino Superior de Lisboa e da Direcção Nacional da JCP, que destacou que, não sendo fáceis os tempos que enfrentamos, «mais do que nunca, a nossa presença é imprescindível para contrariar as políticas de direita, de privatização do Ensino Superior e do SNS, de retrocesso nos direitos dos trabalhadores».
Já André Arrojado, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Lisboa (ORL), lembrou a «capacidade de resistência que fez com que», nas eleições para o Parlamento Europeu, «sujeitos a calúnias e deturpações, a uma ofensiva anticomunista e antidemocrática, se rompesse o silêncio» que quiseram impor ao PCP e à CDU, sem abdicar dos seus princípios.
Salários, salários, salários
«Houvesse um governo ao serviço da maioria, e a medida imediata que tomaria seria o aumento de todos os salários» em 15 por cento, com um mínimo de 150 euros, referiu o Secretário-Geral.
Para o dirigente comunista, «esta é a medida central», a par do aumento do salário mínimo nacional para os 1000 euros, «para que uma parcela maior da riqueza que é criada fique nas mãos daqueles que a criam, que são os trabalhadores».
Paulo Raimundo, no entanto, sublinhou que essas medidas não podem ser promessas vãs, que poderão vir a ser cumpridas no futuro: tem de haver aumentos salariais «agora, porque é preciso enfrentar esse custo de vida que não pára de aumentar com a habitação, alimentação, energia, medicamentos, bens essenciais cada vez mais difíceis de garantir para milhões de trabalhadores», enquanto «uns poucos acumulam lucros recorde».
O Secretário-Geral fez, ainda, questão de vincar que o Governo pode não querer ouvir falar de salários, mas dali foi reafirmado: «não quer ouvir falar de salários, mas vai ouvir, porque o PCP e os trabalhadores o vão obrigar». Assim como, destacou, o vão obrigar a reverter os «novos golpes na legislação laboral» que tem feito (ou planeia fazer) com o objectivo de «pressionar salários, desregular horários e acentuar ainda mais a precariedade».
Além destas medidas, Paulo Raimundo frisou, também, a importância da valorização das carreiras e profissões na vida dos trabalhadores.
Jogos de propaganda
«Não nos deixamos iludir pela propaganda», vincou Paulo Raimundo, na sua intervenção, referindo-se às muitas medidas que o Governo quer fazer passar como estando ao lado do povo, mas que, vistas as coisas, não passam de ilusões.
Mas reforçou que o PCP e os trabalhadores, também, não se deixam iludir «pelo batalhão de comentadores que dão cobertura aos anúncios que procuram fazer crer que o Governo enfrenta os problemas, quando, na verdade, a única coisa que avança são mais medidas, mais dinheiro, mais apoios aos grupos económicos». Esses a quem, sublinhou o dirigente comunista, o actual executivo realmente serve.
Que corrupção?
«Há uns meses, a música foi sobre corrupção», ironizou o dirigente comunista, para quem os que enchem o peito sobre a esta questão, quando é para tratar «sobre os interesses corruptos do grande capital, não dizem nada, zero». E acrescentou: «quando se tratou, por fim, que o interesse público fosse posto nas mãos de tribunais arbitrais, onde o Estado perde sempre, lá estiveram os tocadores desta banda, mais uma vez, ao serviço dos grupos económicos».
Paulo Raimundo lembrou que, para todos os que querem fazer da corrupção uma bandeira, não lhes importou chumbar a comissão de inquérito à privatização da ANA, proposta pelo PCP, ou votar a favor da «manutenção dos off-shores, dos paraísos fiscais».
«Mas se dúvidas houvesse», afirmou, «aí está, agora, o pacote anticorrupção, ou melhor dizendo, o pacote de legalização do tráfico de influências», com as suas «32 medidas ou, melhor, 32 intenções, que, na prática, deixam tudo para depois, passam ao lado daquilo que é estruturante, e não têm praticamente novidade nenhuma» (ver página 21).
Paulo Raimundo fez ainda questão de recordar que «o que não fica para depois, nestas medidas, é a legalização daquilo que hoje é ilegal – o tráfico de influências – com o chamado lobby». E, irónico, concluiu: «muita conversa, muita batida no peito contra a corrupção e, no fim, muita areia para os olhos» dos portugueses.
Estabilidade para quem?
No final da sua intervenção, o Secretário-Geral recordou, ainda, a jura de fidelidade do PS à estabilidade política, avançando «agora medidas que há uns meses atrás chumbou».
«Perguntamos de maneira clara», vincou, «do que é que serve a estabilidade política que está em curso, se a única consequência que tem é a instabilidade na vida das pessoas»? E afirmou que o que é necessário é «resolver a instabilidade na vida das pessoas, dos trabalhadores, dos reformados, da juventude, daqueles que cá vivem e trabalham, e que não conseguem aceder à saúde ou à habitação».
«Essa é a instabilidade que é preciso resolver, e de uma vez por todas», reforçou o dirigente comunista.
Na mesa da iniciativa, além dos intervenientes, estiveram: Carla Tavares, da Comissão Local de Alverca e da Comissão Concelhia de Vila Franca de Xira; Cláudia Martins, da Comissão Concelhia e da Direcção da ORL; Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central (CC) e responsável pela ORL; e Francisco Lopes, dos organismos executivos do CC.