Debates no Espaço Internacional

Voz aos construtores do mundo novo



Foram seis os debates que decorreram no Espaço Internacional, todos muito participados por assistências interessadas e interventivas.

Um deles, por sinal o pri­meiro (re­a­li­zado ainda du­rante a manhã de sá­bado), teve como mote Não ao mi­li­ta­rismo e à guerra! Por um mundo de paz e co­o­pe­ração!». Di­ri­gido por Ilda Fi­guei­redo, do Co­mité Cen­tral do PCP, contou com in­ter­vençõe de Eric Brooks, do PC dos Es­tados Unidos da Amé­rica, de An­drei Kra­sil­nikov, do PC da Bi­e­lor­rússia, e de Isabel Ca­ma­rinha, sin­di­ca­lista. Os ora­dores con­ver­giram na de­núncia do papel dos EUA e da NATO, no quadro dos seus de­síg­nios im­pe­ri­a­listas, como prin­ci­pais pro­mo­tores de guerras no pla­neta; na exi­gência de um cessar-fogo ime­diato e do fim do ge­no­cídio is­ra­e­lita contra o povo pa­les­ti­niano; e numa so­lução ne­go­ciada para o con­flito na Ucrânia. Evi­den­ci­aram que são os tra­ba­lha­dores quem mais sofre com as guerras, já que a ex­plo­ração se agrava ao mesmo tempo que os lu­cros das grandes em­presas crescem des­me­su­ra­da­mente.

Por uma Eu­ropa dos tra­ba­lha­dores e dos povos foi o as­sunto de um outro de­bate, mo­de­rado por João Oli­veira, membro da Co­missão Po­lí­tica e de­pu­tado do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu. Usaram da pa­lavra Vera Poly­carpou, do Par­tido Pro­gres­sista do Povo Tra­ba­lhador (AKEL), de Chipre; Martin Hall, do PC Bri­tâ­nico; Edu Na­varro, do PC de Es­panha; e Sa­muel Iembo, do PC da Suíça. Os in­ter­ve­ni­entes par­ti­lharam do ponto de vista de que esta União Eu­ro­peia (UE) é uma ins­ti­tuição de in­te­gração ca­pi­ta­lista, de ataque à so­be­rania dos povos, pelo que é ir­re­for­mável. Outra UE é pos­sível, sim, mas uma UE dos povos e tra­ba­lha­dores, de paz e pro­gresso so­cial, de res­peito pelo ca­minho de de­sen­vol­vi­mento que cada povo es­colhe, pela so­be­rania na­ci­onal e po­pular.


Comuns foram as denúncias contra os EUA, fautores de guerras pelo controlo de fontes de energia e dos recursos naturais em todo o mundo; e contra a UE, subordinada aos ditames de Washington e que impõe a militarização, a austeridade, a pobreza aos povos, que alenta a guerra na Ucrânia e gasta biliões de euros na sua continuação, penalizando os trabalhadores com os aumentos brutais dos preços da energia e dos alimentos.

Por uma tran­sição ener­gé­tica justa ao ser­viço dos povos e do pla­neta deu o mote para um dos de­bates no Es­paço In­ter­na­ci­onal. Mo­de­rado por João Fer­reira, da Co­missão Po­lí­tica do CC, par­ti­ci­param Char­lotte Ba­la­voine, do Par­tido Co­mu­nista Francês (PCF), e David Pe­neda, do Par­tido Co­mu­nista de Es­panha (PCE). Entre ou­tros temas, re­feriu-se a ne­ces­si­dade do con­trolo pú­blico do sector ener­gé­tico e de evitar que a «de­fesa do am­bi­ente» se trans­forme e, apenas mais um pre­texto para que sejam os tra­ba­lha­dores e os povos a pagar a acu­mu­lação de lu­cros pri­vados.

A so­li­da­ri­e­dade em dis­curso di­recto

O de­bate No cen­te­nário de Amílcar Ca­bral – Novos si­nais de es­pe­rança para os povos de África cen­trou-se no per­curso e le­gado do líder re­vo­lu­ci­o­nário afri­cano, que con­duziu a luta de li­ber­tação na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. Par­ti­ci­param Fran­cisco Pe­reira, se­cre­tário-geral ad­junto do PAICV, Iafai Sani, do Bu­reau Po­lí­tico do PAIGC, e Carlos Lopes Pe­reira, jor­na­lista. Al­bano Nunes, da Co­missão Cen­tral de Con­trolo do PCP, que di­rigiu o de­bate, rei­terou que, hoje como no pas­sado, o PCP está so­li­dário com os povos afri­canos na sua dura ca­mi­nhada li­ber­ta­dora. E re­a­firmou ao PAIGC e ao PAICV a von­tade do PCP em pros­se­guir e es­treitar as suas re­la­ções his­tó­ricas, e pros­se­guir na acção para o de­sen­vol­vi­mento de re­la­ções de igual­dade e de de­sin­te­res­sada ami­zade e co­o­pe­ração entre os res­pec­tivos povos e países.

Luta, re­sis­tência e avanços na Amé­rica La­tina foi o tema do de­bate di­ri­gido por Luís Ca­ra­pinha, da Secção In­ter­na­ci­onal do PCP. Par­ti­ci­param con­vi­dados de seis par­tidos de cinco países: Ana Prestes, do PC do Brasil (PCdoB); Walter Tomar, do Par­tido dos Tra­ba­lha­dores (PT), do Brasil; Ma­risol San­tiago, do PC Pe­ruano; Marco Val­dívia, do PC do Chile; Julio Garcia, do PC de Cuba; e Jorge Gomes, do PC da Colômbia.

Com di­ver­si­dade de pontos de vista, os par­ti­ci­pantes de­nun­ci­aram a forte ofen­siva do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano contra os povos la­tino-ame­ri­canos e ca­ri­be­nhos – Washington, com uma pos­tura ne­o­co­lo­nial, pro­cura re­tomar a Dou­trina Monroe, que con­si­dera a Amé­rica La­tina o pátio tra­seiro dos EUA – e va­lo­ri­zaram a re­sis­tência das forças pro­gres­sistas – desde Cuba, ví­tima de blo­queio, de san­ções e de um ataque im­pe­ri­a­lista per­ma­nente, até à Ve­ne­zuela Bo­li­va­riana, alvo de uma guerra hí­brida desde há uma dé­cada, pas­sando pelos re­no­vados ata­ques contra a Ni­ca­rágua san­di­nista.

So­li­da­ri­e­dade com o povo pa­les­ti­niano. Paz no Médio Ori­ente, foi o tema de mais um de­bate, di­ri­gido por Carlos Al­meida, da Secção In­ter­na­ci­onal do PCP. Foram ora­dores Navid Sho­mali, do Par­tido Tudeh do Irão; Ahmed Fat­touh, da Fatah; Firas Masri, do PC Li­banês; Husam Dauod, da Frente De­mo­crá­tica para a Li­ber­tação da Pa­les­tina (FDLP); e Mai Bayoumi, da Frente Po­pular para a Li­ber­tação da Pa­les­tina (FPLP).

 



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