Ideias e soluções em debate para acção transformadora

No Es­paço Cen­tral, a aná­lise da si­tu­ação na­ci­onal e as pro­postas do PCP foram es­miu­çadas por di­ri­gentes e eleitos do Par­tido e por vá­rios con­vi­dados, no Fórum e no Au­di­tório, onde de­cor­reram 14 de­bates, entre a noite de sexta-feira e a tarde de do­mingo.

Es­tarem umas de­zenas de pes­soas, por vezes além dos lu­gares sen­tados, a ou­virem aten­ta­mente in­ter­ven­ções sobre temas ac­tuais da po­lí­tica na­ci­onal e a to­marem a pa­lavra, para in­ter­pe­larem ora­dores e ou­vintes, é uma re­con­fir­mada ca­rac­te­rís­tica da Festa do Avante!. Com tantas ac­ti­vi­dades no pro­grama, com tantos en­con­tros de amigos e fa­mi­li­ares, con­tinua a ga­nhar lugar de re­levo a dis­cussão de ideias, pro­blemas e so­lu­ções, sempre li­gando o de­bate à acção trans­for­ma­dora diária de co­mu­nistas, ali­ados e ou­tros de­mo­cratas.

Foi com pla­teia com­pleta que de­correu, no sá­bado, a partir das 15 horas, o de­bate de­sig­nado Ca­mões, poeta do povo num mundo em mu­dança, tema que con­ti­nuará bem pre­sente na agenda do Par­tido até ao final de 2025.

O pro­grama do PCP para as co­me­mo­ra­ções dos 500 anos do nas­ci­mento do poeta foi apre­sen­tado por Ma­nuela Pinto Ângelo, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do Par­tido, que mo­derou o de­bate. Alargar o co­nhe­ci­mento e a fruição da obra de Luís de Ca­mões, vendo-o in­se­rido no seu tempo, é um dos prin­ci­pais ob­jec­tivos desta pro­gra­mação, des­tacou.

Sobre o mundo em mu­dança em que viveu Ca­mões, dis­sertou José Au­gusto Es­teves, da Co­missão Cen­tral de Con­trolo do PCP. Em­pur­rada a na­ve­gação por­tu­guesa costa abaixo, a des­co­berta de novas re­a­li­dades veio de­molir muito pen­sa­mento falso e dog­má­tico – o que in­flu­en­ciou a visão ca­mo­niana do mundo, com re­flexo na obra poé­tica.

Res­pon­sa­bi­li­zando po­lí­ticas de­sas­trosas no en­sino, que têm criado ge­ra­ções em­po­bre­cidas no co­nhe­ci­mento e nas ca­pa­ci­dades, An­tónio Carlos Cortez focou-se no facto de es­tarmos a falar de «esse des­co­nhe­cido». Pro­fessor, in­ves­ti­gador, es­critor e poeta, su­bli­nhou a per­tença de Ca­mões ao povo e citou di­versas es­trofes de Os Lu­síadas que mantêm ac­tu­a­li­dade.

Ga­nhando di­mensão uni­versal, Luís de Ca­mões foi «poeta do povo e da pá­tria», acen­tuou Ma­nuel Ro­dri­gues, membro da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral do PCP e di­rector do Avante!. Tal pa­tri­o­tismo con­tra­riou o que pre­do­mi­nava nas elites. Os versos ca­mo­ni­anos ins­pi­raram a res­tau­ração, em 1640, e foram, também nou­tras pá­ginas da his­tória, arma de de­fesa da so­be­rania na­ci­onal.

Com as co­me­mo­ra­ções dos 50 anos ainda bem vivas na me­mória e nos co­ra­ções, teve lugar no sá­bado, ao final da tarde, no Fórum, um de­bate in­ti­tu­lado 25 de Abril – Re­vo­lução eman­ci­pa­dora. Pro­jecto de fu­turo.

Mo­de­rado por João Frazão, contou com in­ter­ven­ções ini­ciais de ou­tros três mem­bros da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral do PCP: Jaime Toga de­teve-se sobre mo­mentos da his­tória do pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário, re­cor­dando res­pon­sá­veis pelos avanços da contra-re­vo­lução, mas lem­brando também quem, de forma con­se­quente, de­fendeu a re­vo­lução e as as­pi­ra­ções do povo; João Oli­veira de­bruçou-se sobre a Cons­ti­tuição e o papel que lhe cabe na luta po­lí­tica, des­mon­tando ideias muito re­pe­tidas sobre a Lei fun­da­mental, como ser «da­tada», quando a dos EUA vem de 1787; Ri­cardo Costa cen­trou-se na ne­ces­si­dade de re­forçar o PCP, de­ter­mi­nante na re­sis­tência an­ti­fas­cista, nos avanços re­vo­lu­ci­o­ná­rios e no com­bate para travar a contra-re­vo­lução, tal como para abrir ca­minho a uma po­lí­tica al­ter­na­tiva e uma al­ter­na­tiva po­lí­tica.

Ca­ta­rina Menor, da Co­missão Po­lí­tica da Di­recção Na­ci­onal da JCP, su­bli­nhou que Abril deu «o di­reito a sermos quem somos», mas as­si­nalou pro­blemas e di­fi­cul­dades que hoje se co­locam a es­tu­dantes (até com obs­tá­culos à sua or­ga­ni­zação em al­gumas es­colas) e jo­vens tra­ba­lha­dores (que so­frem, como todos, os efeitos dos baixos sa­lá­rios e da ele­vada pre­ca­ri­e­dade).



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