Nininho, a Azambuja e outras canções

Margarida Botelho

A Câmara Municipal da Azambuja contratou Nininho Vaz Maia para o maior concerto da bicentenária Feira de Maio, festa com impacto em toda a região.

Nininho Vaz Maia é um músico com carreira em crescendo nos últimos dez anos, com muitos concertos e presença em populares programas televisivos. Cigano, tem vários sucessos em que aborda a temática da discriminação. Foi notícia durante a campanha eleitoral por ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação da Polícia Judiciária a crimes de tráfico de droga e branqueamento de capitais.

Talvez entusiasmado pelo facto de ter sido a força mais votada no concelho nas eleições de 18 de Maio, o núcleo da Azambuja do Chega resolveu pronunciar-se contra a ida de Nininho Vaz Maia à Feira de Maio e apelar ao seu cancelamento, acusando-o de não ter um perfil consentâneo com o do “homem ribatejano”. Resistindo a imaginar o que o Chega acha que é o “homem ribatejano”, e que artistas sobrarão à passagem por esse crivo, regista-se apenas que a Câmara da Azambuja ignorou a polémica e manteve o concerto. Que se realizou no sábado passado, com enorme êxito e muitos milhares de pessoas, borrifando-se olimpicamente nas recomendações culturais do Chega.

Serve esta pequena história apenas para ilustrar que não há uma relação de causa-efeito entre votações no Chega e nos restantes projectos reaccionários e adesão em massa ao que dizem e defendem. Muitos dos que votaram em projectos reaccionários serão as primeiras vítimas das medidas que estes tentarão aprovar e estarão com o PCP a defender salários, direitos e a exigir avanços que resolvam os problemas dos trabalhadores, do povo e do País.

Os seus planos não são favas contadas. Porque, como diz outra canção, «quando o povo acorda é sempre cedo».



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